03 outubro 2007

Lichtenstein e sua arte massificada

Há 10 anos, no dia 29 de setembro de 1997, morria o pintor americano Roy Lichtenstein. Ele seguiu a herança duchampiana e instalou curto-circuito na pintura virtuosística. E soube ironizar a alta cultura. Embaralhando as pinturas entre alta e baixa cultura, ele fez uma série de telas que traduz mestres modernos como Cézanne, Matisse, Léger e Van Gogh. Tudo por meio da linguagem das histórias em quadrinhos. Um dos pioneiros da art pop, Lichtenstein ajudou a manter o pop vivo através de uma série de experiências e atitudes filosoficamente subversivas na arte moderna e na vida. Foi muito criticado, mas décadas depois elogiado e reconhecido.

A Pop art norte americana bebeu em fontes dadaístas.Ficou tão famosa que ofuscou a origem britânica do movimento. O termo pop se referia à expressão “popular culture”, reunindo as linguagens das mídias, da TV, da publicidade, do cinema e das histórias em quadrinhos. Essa cultura de massa foi inicialmente execrada pelos teóricos da comunicação. A Pop veio fazer o contrário. Lichtenstein se fez notar pela utilização das histórias em quadrinhos e dos clichês que, pinçados da arte comercial, se transformam em objetos de arte: socos, tiros, lágrimas pelo amor perdido, com frases e textos de apoio. Com certa ironia deu a esta fase o nome de "Grande Pintura".

Uma das melhores definições do movimento veio do próprio Roy: "O que marca o pop é - antes de mais nada - o uso que é dado ao que é desprezado".

A pop art é considerada, na cultura ocidental, o marco de passagem do modernismo para o pós-moderno. Como nos anos 60 já usava o tema da ironia, que marcou os 90, Roy é considerado pioneiro, mestre e uma figura proeminente da arte americana. Entre 1957 e 1960, oscilou entre o impressionismo abstrato e as histórias em quadrinhos e cartuns até que se decidiu pelo uso dos elementos típicos da propaganda em seus desenhos e pinturas. A primeira exposição em Nova York (1962) o torna pioneiro da pop art com o emprego de tudo que era usado como material publicitário. Mickey, o Coelho Pernalonga e Pato Donald se transformam em inspiração constante, em telas gigantes.

Brinca com os efeitos da trama ótica e com a composição convencional. Com James Rosenquist e Andy Warhol, transforma-se num crítico feroz da sociedade norte americana, tomada pelo consumismo institucionalizado pela publicidade. Um vento de revolta contra o expressionismo abstrato, que vinha se tornando acadêmico, soprava em Nova York neste momento.

Em 1963 a arte comercial era odiada e Lichtenstein trouxe essa arte – a única forma de arte que ninguém considerava realmente arte – para o foco de atenção e a transformou no único objeto de seu trabalho. Ao mesmo tempo, Andy Warhol e James Rosenquist, sem sequer se conhecerem, estavam fazendo a mesma coisa. Aquilo estava cheirando a uma revolução. Todos os quadros de sua primeira individual de pintura pop, em 1962, foram vendidas antes da inauguração.

Com o sucesso, em 1964, Roy Richtenstein passou a se dedicar exclusivamente à arte. Seus primeiros trabalhos pop, que davam impressão de serem cópias inexpressivas de Mickey Mouse, Donald e de desenhos grosseiros de beldades de maiô com suas bolas de praia, pareciam frios, provocantes e impessoais. Na verdade, suas pinturas sempre foram discretamente marcadas por observações afiadas com humor e inteligência. Suas imagens, provindo originalmente da reprodução em massa, retornam a ela com a maior facilidade, preenchendo a memória com pequenos clones Lichtenstein.

Em 1965 ele parou de usar quadrinhos. Parodiou tudo, da art déco ao cubismo sintético, e até parodiou paródias. Apropriando-se do processo de impressão e reprodução, Roy foi um técnico em psicologia de massas. Conhecia o poder da produção como objeto do desejo. Ele reciclou o lixo cultural elevando-se ao status de arte. O seu papel foi o de reagir contra a supremacia do expressionismo abstrato que dominou a América nos anos 50. E serviu para derrubar o mito do artista, simulacro de criador que desceu ao planeta para ser glorificado pelos mortais. Ele criou um mundo de imagens essenciais, eliminando tudo que julgasse supérfluo. Mas a pop art estava muito ligado a valores do mundo materialista e hedonista. Passou.

Um comentário:

Anônimo disse...

este pintor e konpletamente exentriko mas ate tem umas cenas fixes