14 novembro 2019

Há 40 anos morria o criador do Reco Reco, Bolão e Zeitona: Luiz Sá


A obra deste genial caricaturista, quadrinhista e cartunista brasileiro, criador dos popularíssimos personagens Réco-Réco, Bolão e Azeitona, da revista O Tico Tico durou três décadas, de 1930 a 1950. Único caricaturista do país a realizar cartuns para cinejornais nacionais, Luiz Sá (Fortaleza, Ceará, 28/09/1907- Niterói, Rio de Janeiro, 14/11/1979) atuou em vários outros veículos de comunicação, tornando-se o primeiro caricaturista multimídia brasileiro. Foi também responsável pelas duas primeiras tentativas de criação de um desenho animado brasileiro. Há 40 anos ele faleceu e a nova geração não conhece seu trabalho.




O artista também foi um dos precursores do desenho animado no Brasil, cartunista sanitário e o criador gráfico do bonequinho das críticas cinematográficas do jornal O Globo, criado em 1938, e que até hoje indica a cotação dos filmes. Sua trajetória estendeu-se de 1930 a 1979, com um traço original, abrindo caminho para a modernidade do desenho de humor em nosso país.




Nasceu no Ceará em 1907, e ainda menino começou a rabiscar com carvão pelas calçadas de Fortaleza. Mudou-se para o Rio de Janeiro por volta de 1929, onde fez um pouco de tudo: foi vigia noturno no Hospital da Gamboa, fez charges, ilustrou livros, desenhou para cinema e televisão, etc. Deixou seu traço na história em um período em que idéias importantes sobre educação, saúde, e propaganda estavam sendo desenvolvidas.



Depois dessa época de ouro dos seus desenhos, a vida de Luiz Sá não ficou nada fácil. Durante os anos 60, aconteceu uma verdadeira invasão dos quadrinhos estrangeiros, e por isso muitas revistas brasileiras fecharam. Por isso, o artista retirou-se para viver afastado em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio. Ele contraiu tuberculose em 1974, e foi internado no Sanatório Azevedo Lima, em Niterói.




Apesar das dificuldades, continuou a trabalhar em prol da saúde, e durante sua internação, realizou cerca de 50 desenhos. Alguns retratavam o bacilo de Koch, causador da tuberculose, e outros inimigos da saúde. O desenhista se recuperou e voltou para casa após o tratamento, mas alguns anos depois, em 1979, acabou falecendo de complicações causadas pelo problema no pulmão.




Se  você perguntar para os seus avós ou seus pais: se eles gostavam de histórias em quadrinhos, provavelmente conhecem Reco-Reco, Bolão e Azeitona. Os três meninos bagunceiros eram personagens muito famosos criados por Luiz Sá e publicados na primeira revista em quadrinhos do Brasil, O Tico-Tico, que circulou desde 1905 até a década de 70. A revista tornou conhecido muito desenhistas brasileiros, e divertiu gerações de leitores. Seu desenho é caracterizado pelo uso quase exclusivo de linhas curvas, tendo quase todos os seus personagens os rostos bastante arredondados.




Na mesma época que Reco-Reco, Bolão e Azeitona faziam muito sucesso, entre os anos 30 e 50, o seu criador Luiz Sá trabalhava também como funcionário do Serviço Nacional de Educação Sanitária  - um órgão governamental criado em 1941, durante o governo do presidente Getúlio Vargas - e ilustrou vários livros e folhetos sobre saúde pública e prevenção de acidentes.



Seus traços retratavam os hábitos e cuidados com a saúde com leveza e humor, ajudando a tornar o tema mais atraente para todos os públicos. Hábitos saudáveis, alimentação correta, higiene, prevenção e combate a doenças eram alguns dos temas tratados pelo Serviço Nacional de Educação Sanitária, que se dedicou a criar peças de propaganda em diversos meios. Um desses recursos eram as cartilhas, como estas, que datam de 1949.




Os livrinhos tratavam de assuntos variados de saúde, higiene e alimentação. Falavam de doenças específicas, mas também de cuidados do cotidiano. Temas tão importantes de educação para a saúde exigiam ilustrações à altura. Por isso, foi convocado um fera dos quadrinhos e cartuns como Luiz Sá para ajudar a confeccionar as cartilhas. Depois dessa época de ouro dos seus desenhos, a vida de Luiz Sá não ficou nada fácil. Durante os anos 60, aconteceu uma verdadeira invasão dos quadrinhos estrangeiros, e por isso muitas revistas brasileiras fecharam. Por isso, o artista retirou-se para viver afastado em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio. Ele contraiu  tuberculose em 1974, e  foi internado no Sanatório Azevedo Lima, em Niterói.



Apesar das dificuldades, continuou a trabalhar em prol da saúde, e durante sua internação, realizou cerca de 50 desenhos. Alguns retratavam o bacilo de Koch, causador da tuberculose, e outros inimigos da saúde. O desenhista se recuperou e voltou para casa após o tratamento, mas alguns anos depois, em 1979, acabou falecendo de complicações causadas pelo problema no pulmão.




Bolão ficou tão popular que, em 1961, virou uma série de figurinhas do chiclete Ping-Pong. Luiz Sá também criou outras figuras como Louro, um papagaio, o cachorro Totó, o rato catita e Pinga Fogo no Tico Tico. Já o Detetive Desastrado e Maria Fumaça (uma empregada negra que pouco entendia as ordens da patroa) foram publicados na revista Cirandinha. Luiz Sá mostrou, através do relacionamento entre três garotos comuns do ambiente urbano – a capacidade de iniciativa e de participação da criança. Luiz Sá atuou em diferentes áreas e seu desenho faz parte do nosso dia-a-dia até hoje: ele é o criador gráfico do bonequinho das críticas de cinema do jornal O Globo, criado em 1938, e que indica a cotação dos filmes.


2 comentários:

VALNEI PINHEIRO disse...

Colecionava Bolão nos Esportes, no Zoológico, Turista, Profissões e Imprudências. valneipinheiro@gmail.com

eugenio goldberger disse...

É uma pena que poucos se lembram do Luiz Sá, um autêntico. Esses cretinos falam do Flash Gordon, Superman e outros gringos que nada tem a ver com nossa realidade brasileira. Eu tive o prazer de le na minha infância a revista Tico-Tico e seus inesquecíveis (e, infelizmente, tão pouco divulgados) personagens