06 novembro 2019

HQ brasileira hoje está mais autoral com variedade de estilos (02)


Com vários álbuns publicados, o paulistano Marcelo D'Salete coloca o dedo na ferida de um problema premente no Brasil: o racismo. Sua extensa pesquisa sobre a cultura afro e a escravidão no Brasil culminou em Cumbe, HQ que além do Brasil e dos EUA foi publicada na França, Áustria, Itália e Portugal. Com essa obra conquistou o prestigiado prêmio Eisner de 2018 na categoria de melhor edição americana de materiais estrangeiros. Durante a infância e a adolescência Marcelo sentia falta de histórias que tratassem da história do negro no Brasil, da discriminação e do racismo. Foi nas letras de rap que Marcelo encontrou histórias que se aproximavam da realidade brasileira, como a repressão policial e o preconceito que ele vivenciou no centro de São Paulo em seu primeiro emprego como office boy.


Em 2001 ele passou a publicar quadrinhos nas revistas Quadreca e Front. Noite Luz, o primeiro álbum foi lançado em 2008 pela editora Via Lettera. Encruzilhada saiu inicialmente pela editora Leya em 2011, cinco anos mais tarde a Veneta republicou a HQ com a inclusão de Risco, uma história de 40 páginas que havia saído pela editora Cachalote em 2014. O Quilombo dos Palmares, um dos principais do período colonial brasileiro, é descortinado poeticamente no livro Angola Janga, lançado em 2017. Ele narra a história de personagens negros como Zumbi, Antônio Soares, Ganga Zumba e Ganga Zona.


Outro nome da nova geração de quadrinistas brasileiro, Pedro Cobiaco, filho do também quadrinista Fabio Cobiaco, vencedor de um Prêmio Jabuti. Pedro tem duas obras publicadas, ambas pela Editora Mino, Harmatã e Aventuras na Ilha do Tesouro. Também importante é o paraibano Shiko e suas aquarelas impressionam leitores de todos os tipos e todas as idades. Ele é autor, entre outras obras, de Piteco - Ingá (2013), da série Graphic MSP, do erótico Talvez seja mentira (2014) e do assustador Lavagem (2015), que retrata a paz abalada de um casal que vive num lugar afastado, ele envolvido com os porcos que cria, ela com a religião e os desejos reprimidos, quando recebem a visita de um homem misterioso e místico.

Tem ainda o paranaense Yuri Amaral com sua obra O Menino Que Não Sabia voar (2018) uma história que ajuda adultos e crianças que sabem interpretar histórias a exercer a tolerância à diversidade. Os autores Rafael Calça e Jefferson Costa usaram de muita sensibilidade na Graphic MSP – Jeremias: Pele (2018) neste gibi para falar de racismo, solidão do jovem negro.

O cearense Zé Wellington já é conhecido. Em 2014 ele produziu Quem Matou João Ninguém?, Em 2015 foi o vencedor do troféu HQ Mix na categoria Novo Talento Roteirista, por seu trabalho na graphic novel Steampunk Ladies – Vingança a Vapor.  Em 2018 ele voltou a publicar um novo álbum, pela mesma Editora Draco. Dessa vez a narrativa se passa em um futuro próximo e tem todas as marcações da estética cyberpunk, “baixas condições de vida, alta tecnologia”: Cangaço Overdrive.


Outros nomes importantes de quadrinistas brasileiros: Spacca, Bianca Pinheiro (desenho), Alcimar Frazão, João Pinheiro, Cidalti Jr, Jefferson Costa, Camilo Solano, Fefê Torquato, Cynthia B., Murilo Martins, Andre Ducci, Pedro Paulo Moreno, Wesley Rodrigues, José Aguiar, Felipe Parucci, Sirlanney, Rafael Coutinho, Lelis, Mika Takahashi, Andre Diniz, Lu Cafaggi, Pedro Vergani, Lulu Penne, Alexandre Lourenço e muitos outros espalhados por esse país.


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