Dono de um trabalho rico tanto visualmente
quanto por temáticas e abordagens, o cartunista Laerte Coutinho faz das
histórias em quadrinhos um espaço de inquietação constante. Valores,
linguagens, preconceitos e o próprio trabalho são colocados em questão nas
quatro linhas que delimitam os quadrinhos. É celebrado por quadrinistas e
jornalistas pelo experimentalismo e pela originalidade da sua produção. Ao
longo dos seus mais de 30 anos de carreira, Laerte editou ou participou das
revistas Circo, Chiclete com Banana, Piratas e outras. Criou personagens já
bastante notórios como Os Piratas do Tietê, Fagundes (o irrecuperável
puxa-saco), os habitantes do Condomínio (o Síndico, o Zelador), o Homem-Catraca
(além das definições), Hugo Baracchinni (moderno) e muitos outros. Nesses
personagens notam-se as principais habilidades de Laerte com a arte sequencial:
seu traço leve e reconhecível, a utilização de temas e linguagens cotidianos
através de uma grafia próxima da fonética, a presença de questões
filosóficas-existenciais de forma suave, única e desconcertante, o humor sutil
e mordaz.
Com um traço original, que tanto se adapta
ao clima sombrio das histórias de terror, quanto à luminosidade épica das
histórias de ficção & fantasia, o mineiro Mozart Couto tornou-se um dos
nomes mais conhecidos de nossos quadrinhos. Um verdadeiro maestro de uma
sinfonia de cores, luzes e sombras. Produziu para diversas editoras do eixo
Rio-São Paulo recebendo, em 1986, o Prêmio Angelo Agostini, da Associação de
Quadrinhistas e Cartunistas de São Paulo, como melhor desenhista. Dono de um
traço inconfundível de realismo impressionante, em 1988 começou a exportar seus
trabalhos para a Europa, onde foram publicados álbuns de histórias em
quadrinhos e tiras de jornais. Em 1993, entrou no mercado norte-americano
colaborando em revistas das editoras Marvel Comics, DC Comics, Acclaim Comics,
Dark Horse e Image Comics, desenhando conhecidos personagens como Mulher
Maravilha, Thor, Hulk, Elektra, Turok, Glory, Gamera, e outros.
Julio Shimamoto é uma lenda dos quadrinhos
brasileiros. Ele estreou como desenhista de quadrinhos em 1959, na Editora
Continental/Outubro. Entre 1961 e 1964, foi um dos líderes do movimento pela
lei de nacionalização dos quadrinhos. Após o golpe militar de 64, foi fichado
como comunista e subversivo, tendo que migrar para a publicidade. Sua grande
volta aos quadrinhos se deu em 1978 e, a partir de então, não parou mais.
Produziu para as editoras, Vecchi, Rio Gráfica, Grafipar, Press e Opera
Graphica, além de colaborar com várias revistas independentes, como Made in
Quadrinhos e Mystérion. Os álbuns Sombras, Musashi I e II, Madame Satã, Volúpia
e Claustrofobia estão aí para provar a qualidade de sua arte. Com mais de cinco
décadas de atuação, conquistou os principais prêmios da área – como HQMix,
Ângelo Agostini e FIQ. Sua obra, caracterizada por constante experimentação
gráfica, transita pelos mais diversos gêneros, do terror ao erótico.
O quadrinhista Flavio Colin (1930 – 2002)
é um dos nomes mais cultuados da história da nona arte no Brasil. Desenhista
carioca, criado no sul do país, Flavio Colin iniciou sua carreira de
quadrinhista ainda bem jovem, nos anos 50. Nos anos 60, marcaria
definitivamente sua carreira com o gibi. O Vigilante Rodoviário. Para os estúdios de
Maurício de Souza e o grupo Folha, produziu Vizunga, um dos primeiros
personagens de quadrinhos realmente com background ecológico. Entre os anos 70
e 80, produziu ininterruptamente, colaborando para as publicações das editoras
Grafipar e D-Arte, entre outras. Prolífico até o fim de sua vida, Colin ficou
conhecido pela nova geração de leitores brasileiros, ao estrelar publicações
especiais como: O Boi das Aspas de Ouro, Estórias Gerais e Fawcett. Ele é
simplesmente o maior mestre da nona arte no Brasil, ainda na ativa. Possui um
traço único, diferente, estilizado. Já desenhou de tudo um pouco, passando por
tiras, HQ’s de terror, eróticas e até álbuns com obras históricas. Em fevereiro
de 2001, ganhou o troféu Angelo Agostini de melhor desenhista de 2000, com
Fawcett.
O chargista é conhecido por seu humor
anárquico e urbano. Sob essa característica Angeli desenvolveu uma série de
personagens como a famosa Rê Bordosa, uma junkie dos anos 80, Wood & Sotck,
dois hippies que fumaram até os neurônios, o anarquista Meia Oito e seu
parceiro gay enrustido Nanico, Luke e Tantra, duas adolescentes com os
hormônios em fúria, a ninfomaníaca Mara Tara e muitos outros personagens. Desde
os anos 80, Angeli vêm desenvolvendo uma galeria de personagens famosos por seu
humor anárquico e urbano; entre eles se destacam o esquerdista anacrônico Meia
Oito e Nanico, o seu parceiro homossexual enrustido (mas não muito); Rê
Bordosa, conhecida como a junkie mais "porralouca" dos anos 1980;
Luke e Tantra, as adolescentes que só pensam em perder a virgindade; Wood &
Stock, dois velhos hippies que deixaram seus neurônios na década de 1960;
os
Skrotinhos, a versão underground dos Sobrinhos do Capitão; as Skrotinhas, a
versão "xoxotinha" dos Skrotinhos; Mara Tara, a ninfomaníaca mais
pervertida dos quadrinhos; Rhalah Rikota, o guru espiritual comedor de
discípulas; Edi Campana, um voyeur e fetichista de plantão à procura do melhor
ângulo feminino; o jornalista Benevides Paixão, correspondente de um jornal
brasileiro no Paraguai e o único a ter conseguido entrevistar Rê Bordosa; Ritchi
Pareide, o roqueiro do Leblão; Rampal, o paranormal; o machão machista Bibelô;
o egocêntrico Walter Ego (também conhecido como "o mais Walter dos
Walters"); Osgarmo, o sujeitinho vapt-vupt; Rigapov, o imbecil do
Apocalipse; Hippo-Glós, o hipocondríaco (inspirado em Cacá Rosset); Vudu; Los
Três Amigos e Bob Cuspe, o anárquico punk que cuspiu nas piores criaturas de
nossas gerações. Ele próprio também se tornou um personagem, estrelando de
início as tiras "Angeli em crise". Outra versão caricata sua é o personagem
Angel Villa de Los Três Amigos.
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