Há 50 anos, em 1969 o cartunista
Lage começava a desenvolver charge e tiras de humor o jornal recém fundado,
Tribuna da Bahia. De traço simples, Helio Roberto Lage conseguiu captar todo o
momento histórico político vivenciado nacionalmente. Cartunzão, L´amou tuju
L´amu, Tudo Bem, Brega Brasil, Ânsia de Amar mostra um humor sem retoques –
autêntico e mordaz. O humor caligráfico de Lage tem uma marca pessoal muito
forte e traz, por inteiro, a perplexidade nossa de cada dia. Hoje, 29 de
novembro, 13 anos de sua morte.
Lage pertence a história dos
nossos quadrinhos/cartuns. É um quadrinho cartunístico que se cristaliza
através de questões sociais e culturais. Conferindo ainda seus efeitos
ideológicos e sua marcante criatividade. Enquanto muitos desenhistas se
distanciavam dessa nossa realidade em seus trabalhos, Lage procurava se
aprofundar mais em nossas questões políticas e culturais.
Se o humor de comportamento
conquistou leitores nos anos 50, foi forçado pelo clima político estabelecido
pela Revolução a dar lugar ao humor político, engajado. Os cartunistas se
armaram contra o ataque, mas os meandros do comportamento humano, o sexo, o
casamento, a cultura, enfim tudo aquilo que faz os costumes do cidadão
brasileiro foi posto de lado pelos desenhistas de humor. Mas Lage, como grande
crítico do cotidiano dissecou as leis e pacotes vindos de Brasília, além de
mostrar a política local em suas charges diárias. Nas suas tiras ele mostrou o
relacionamento humano, seus conflitos e insegurança, o dia-a-dia do baiano.
Em 1969 começou a desenvolver
charge e tiras de humor no jornal recém fundado, Tribuna da Bahia. Na série
Estorinha do Lage começou a publicar um herói espacial, sátira ao super-herói.
Ainda na serie ele criou o papagaio Put. Nos anos 70 começou a desenhar uma
página inteira de humor no jornal O Dia, de Piauí. Durou um ano. Em seguida
começou a ilustrar a coluna esportiva de Carlos Eduardo Novaes mo Jornal do
Brasil. Depois veio a serie Cartunzão, muito irreverente. Para o suplemento A
Coisa criou L´amu tuju L´amu abordando os costumes e comportamentos populares.
Nos anos 80 começou outra serie de tiras diárias, Tudo Bem onde a mulher, Kátia
Regina por exemplo, era a personagem principal, mesmo com a presença constante
de Arlindo Orlando. Em 1989 foi ao ar na Radio Educadora FM o especial Lage,
Cartunista Baiano onde as tiras diárias Tudo Bem foram transportadas para a
linguagem radiofônica.
De 1976 a 1980 foi editor de
arte da revista Viverbahia quando começou a fazer quadrinhos coloridos. Em 1981
passou a ser editor de arte da revista Axé Bahia e publica os quadrinhos da
sensual Dora Mulata. Em 1994 no Jornal da Pituba cria o quadrinho Pituboião,
satirizando o dia a dia da comunidade. Mais tarde faz diversas ilustrações e
cartuns para o jornal O Bocão, da Boca do Rio, bairro de Salvador.
Em 1990 lança a revista de humor
e quadrinhos Pau de Sebo, deboche puro. Uma das primeiras publicações de humor
e quadrinhos que surgiu em Salvador na década de 70, começou em formato de
jornal, como suplemento da Tribuna da Bahia, A Coisa que durou de 1975 a 1976. Ainda em 76 a equipe se mobilizou e
lançou o tablóide Coisa Nostra, cujas 20 paginas incluíam reportagens, colunas
de cinema, música e cartuns.
O editorial do número um alertava
que o “importante é que o riso não fique na boca. Ele tem que dar uma
chegadinha na consciência”. Coisa Nostra só teve quatro números. De 1985 a 88 Lage produz vídeo
charge (ou charge eletrônica) na TV educativa de Salvador. Foi o primeiro a
trabalhar nessa área na Bahia. Participa de diversos salões de humor, sendo
premiado no da Mackenzie, SP em 1971 e 1973. Participa ainda nos salões do Rio,
Bahia, Piracicaba, Curitiba, entre outros. Em 1984 é premiado no Salão de Humor
em Stutgart, Alemanha. Ele faleceu no dia 29 de novembro de 2006.
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