O desenhista e roteirista brasileiro Julio
Yoshinobu Shimamoto, mais conhecido como Shima, celebra seu 80º aniversário
este ano. O artista será o grande homenageado do Artists’ Alley, assinando o
pôster e a credencial do espaço dedicado aos quadrinistas, além de participar
da CCXP19 (festival de cultura pop), programada para São Paulo, em dezembro. Ícone
dos quadrinhos brasileiros, experimentador e inovador das ilustrações, Shimamoto
ou simplesmente Mestre Shima é um expert em artes em preto e branco.
Nascido em Borborema (SP), em 1939, Julio
Shimamoto começou a desenhar profissionalmente aos 16 anos e aos 17 fazia quadrinhos
para a CETPA (Cooperativa e Editora de Trabalho de Porto Alegre-RS), Folha de
S.Paulo, Folha da Tarde e Editora do Brasil. Representante de uma geração de
grandes nomes dos quadrinhos de terror, Shima desenvolveu sua paixão pelas
artes plásticas durante a infância, desenhando com gravetos no sítio do pai em
Borborema, no interior de São Paulo. Ainda na juventude, tornou-se desenhista
no Departamento Promocional da multinacional Sears, Roebuck & Co. (Lojas
Sears) e, desde então, nunca mais abandonou os pincéis.
Em seguida trabalhou com publicidade.
Voltou aos quadrinhos na década de 1970, desenhando para as editoras Noblet,
Bloch, Vecchi, Grafipar e D´Arte. Com o fim dessas editoras, voltou à propaganda
até 1991, para ser ilustrador free-lancer e quadrinista. Lançou ábuns como
Madame Satã I e II, Musashi I e II, Sombras, manuais de Artes Marciais, Manual
de Claro-Escuro, Volúpia, Banzai – 100 anos da imigração japonesa no Brasil,
Guerreiros da Água, Ponta de Flexa, entre muitos outros.
Particularmente muito conhecido por seus
trabalhos no gênero terror. Estreou profissionalmente como desenhista de
histórias em quadrinhos em 1959 pela Editora Continental/Outubro, onde desenho
a primeira HQ do Capitão 7, personagem surgido na televisão. Em maio de 1963,
criou a pedido de Maurício de Sousa, o personagem Fidêncio, o gaúcho, para o
Suplemento Infanto-Juvenil do jornal Folha de S. Paulo. Entre 1961 e 1964, foi
um dos líderes do movimento pela lei de nacionalização dos quadrinhos.
Após o golpe militar de 64, foi fichado
como comunista e subversivo, tendo que migrar para a publicidade. Sua grande
volta aos quadrinhos se deu em 1978 e, a partir de então, não parou mais.
Produziu para as editoras, Vecchi, Rio Gráfica, Grafipar, Press e Opera
Graphica, além de colaborar com várias revistas independentes, como Made in
Quadrinhos e Mystérion (essa última ainda contém o último trabalho do saudoso
Flávio Colin nos Quadrinhos). Os álbuns Sombras, Musashi I e II, Madame Satã,
Volúpia e Claustrofobia estão aí para provar que ele ainda muito que mostrar.
Com seu traço denso, passou por
praticamente todas as editoras e publicações do país: La Selva, Taika, Outubro,
Ebal, Noblet, Folha de São Paulo, Ática, Editora do Brasil, Cooperativa Editora
e de Trabalho de Porto Alegre, Vecchi, Grafipar, Abril, D-Arte, Press, Maciota,
Record, Globo, Bloch, Via Lettera, Devir, Marco Zero, Novo Mundo, Escala, Nova
Sampa e Opera Graphica.
Em 2002 Shimamoto recebeu uma homenagem da
Câmara Municipal de São Paulo[6] e em 2005 recebeu outra homenagem, dessa vez a
Moção de Congratulação nº 230/05 pela Câmara Municipal de Jaboticabal. Foi
convidado de honra e homenageado no 5º Festival Internacional de Quadrinhos em
2007, tendo o Japão como país homenageado. 2008, ilustrou o livro BANZAI!
História da Imigração Japonesa no Brasil para as comemorações do Centenário da
Imigração Japonesa, e em 2009 publica Samurai, uma colêtanea de histórias sobre
samurais, ninjas, entre outros artistas marciais pela EM Editora (na verdade um
selo da Mythos Editora) e Quadrinhos para telefone celular da Operadora Oi. Seu
apelido nos círculos de histórias em quadrinhos é "Samurai dos
quadrinhos".
Aos 80 anos, Shima segue na ativa,
envolvido em projetos autorais e produzindo quadrinhos experimentais.
Recentemente, desenvolveu uma técnica na qual aplica uma camada de tinta sobre
uma peça de cerâmica para depois desgastá-la utilizando objetos pontiagudos. As
imagens surgem em negativo, em uma nova versão do estilo claro-escuro, técnica
consagrada no Renascimento por artistas como Caravaggio. A partir do negativo,
passa a escanear e xerocar estas imagens, para depois montar as páginas das
histórias por meio de colagens. E foi justamente com essa técnica inovadora que
ilustrou Cidade de Sangue, com texto de Márcio Jr, agitador cultural goiano
cuja versatilidade abrange incursões pela música, cinema, escrita e, claro,
HQs. Poucos atingiram um traço tão personalizado e marcante. Raros dominaram a
narrativa sequenciam como ele ou ousaram experimentar tantas variações e
técnicas. Vale a pena conhecer a obra do Mestre Shima!
Nenhum comentário:
Postar um comentário