A Bahia tem um universo cultural
extremamente complexo e variado. Assim, a Bahia é, por definição
antropológica,
exótica, sensual. A Bahia tem uma dimensão fetichista sobre o mundo, de
sedução. Salvador foi a primeira capital da Colônia e deu à cidade, por
extensão, a toda a capitania, características peculiares: fluxo de comerciantes
e viajantes das mais diversas origens, escravos de diversas nações tribais.
Essa constante interferência dos diversos grupos étnicos-culturais como
portugueses, espanhóis, holandeses, bantos, jejes, haussés, etc, contribuíram
para a formação de diversas manifestações híbridas. Salvador é uma cidade de
contraste. Arcaico e moderno, nobreza de valores e pessoas desprovidas de
qualquer relação, é cheia de contraste. Salvador é moderna e mestiça. Pensar
arte pública é uma forma de democratizar a gestão pública.
A Bahia poderia ter todos os radares
voltados para o mundo. Mas o narcisismo baiano impede que se veja as duas faces
da moeda. Não temos um foco de
prioridades. Falta investimento. Priorizar mais os trabalhos de qualidade.
Empresários e especialistas em recrutamento afirmam que ainda faltam ao baiano
que lida com atendimento ao cliente características como cordialidade,
conhecimento sobre o produto, profissionalismo e agilidade. (A Tarde. Caderno
Empregos & Negócios, 03/01/2010, p.3). “Prova disso são os estabelecimentos
que buscam mão de obra no Sul e no Sudeste para compor seu quadro de
funcionários em plena Bahia. Basta reparar no sotaque dos melhores atendentes
para perceber que poucos são nativos”, informa a reportagem “Atendimento: o que
é que o baiano não tem?”. “Na opinião do especialista em atendimento e gestão
de recursos humanos, Otávio Santana, a profissionalização dos atendentes
baianos ainda está defasada em relação a outros estados. `Por ter cobrado
qualificação dos funcionários mais cedo que na Bahia, o Sudeste tem um nível
mais alto de atendimento`, explica. A exigência da qualificação, portanto, deve
partir dos empresários”.
As políticas culturais (em todos os
níveis, seja federal, estadual e municipal) decorrem ainda da visão
que
considera a cultura coadjuvante e não protagonista da gestão pública. Os
recursos continuam insuficientes para atender às demandas e provocar impactos
transformadores. È preciso definir a função básica da política cultural do
estado. O Brasil e a Bahia precisam formar leitores, plateias de teatro,
frequentadores de museus, etc.
Afinal, não há Bossa Nova sem João
Gilberto. Não há Cinema Novo sem Glauber Rocha. Não há Tropicalismo sem
Caetano, Gal e Gil. Não há pensamento contemporâneo brasileiro sem Milton
Santos. Não há marcas capazes de produzir o mais vigoroso turismo cultural do
país sem Olodum, Ilê Aiê e Timbalada.
Temos o teatro da Bahia como a terceira
produção teatral brasileira. A música está sempre em evidência, apesar da
filtragem só em um gênero musical. E com toda sua efervescência cultural, não
dispõe de uma editora comercial de ponta, que produza, distribua e venda livros
para o Estado e o país. A última foi a Progresso nos anos 50 e fechou em 1960.
O cinema baiano é criativo, mas lento, (talento, como bradou um cineasta locam
com muito bom humor) não tem apoio assim como a literatura. História em
quadrinhos é outra vertente desprezada. A Bahia também precisa de um calendário
de eventos diversificados, que não se restrinja ao verão, ao Carnaval.
Precisamos investir mais em serviços. O serviço aqui é muito ruim e restrito.
Falta, na capital baiana, casas
planejadas para grandes espetáculos. Grandes atrações não passam pela cidade
justamente por falta de espaço adequado para atender à população. Nos meses de
junho, julho e agosto nada acontece por não termos uma grande casa fechada.
Temos apenas o Parque de Exposição, o Wet´n Wild e o Bahia Marina, lugares
abertos. Os produtores falam que Salvador é uma das praças que dá uma ótima
resposta de bilheteria, mas o custo operacional é o mais alto por falta de
estrutura. Há uma carência de casas de shows.
A desigualdade é cada vez mais latente
em Salvador. A cidade vai excluindo, gradativamente, uma camada da população
dos direitos de circular, de ter uma habitação digna, de ter áreas públicas e
de poder decidir os destinos da cidade. Habitação não é só casa. Habitar na cidade,
no espaço, é um conjunto de fatores: mobilidade, espaços públicos, transporte,
moradia.
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