Através dos iponds, blogs,
youtubes (vídeos de dez minutos no máximo), sites de downloads de arquivos
(filmes, fotos, textos) ilegais ou legais surgiu uma nova tendência na
sociedade contemporânea: o entretenimento de consumo rápido. O assunto começou
a ser discutido quando a revista americana Wired (espécie de bíblia de novas
tendências), cunhou a expressão Snack
Culture. Ela chama a atenção para o entretenimento de consumo rápido ter
virado uma febre – música, televisão, games, filmes, moda ganham tamanho
reduzido para consumo instantâneo (como se fossem petiscos), dando uma nova
face à cultura pop.
Esse fenômeno já havia sido
sinalizado nos anos 80 pelo sociólogo francês Gilles Lipovetsky (autor de A Era
do Vazio e O Império do Efêmero) que observou a fugacidade das manifestações
culturais, sua relação com a sociedade de consumo e as diversas transformações
que esse processo temprovocado. Um bom exemplo disso é que o game Guitar Hero
(espécie de karaokê de guitarristas), inspirou a recente formação de uma banda
com o mesmo nome, em São
Francisco (EUA). Trata-se da versão da realidade imitando o
mundo virtual, ou seja, o grupo de amigos, no lugar de guitarras e baixos
normais, usa como instrumentos os controles do software que dá corpo às notas
tocadas nos instrumentos, mas o vocalista e a bateria são de verdade.
Para muitos, esse entretenimento
instantâneo ter virado febre está relacionada como a lógica da
sociedade de
consumo onde os produtos culturais são feitos para serem rapidamente consumidos
a fim de que novos sejam produzidos e introduzidos no mercado. E com todo
acelerado desenvolvimento tecnológico, esses produtos culturais são
disponibilizados. Apesar do formato ser superficial, por outro lado ele
possibilita uma série de trocas (interatividade) e um dinamismo nas rodas de
discussões.
Todo esse sucesso do
entretenimento em pílulas é conseqüência da dificuldade de concentração e
atenção
das novas gerações. Eles estão sempre pulando do e-mail para as
conversas no MSN Messenger, seguidas de atenção rápida no celular que toca com
mensagem cifrada....E o mercado de trabalho quer um profissional de
conhecimentos múltiplos, o faz tudo. Neste mundo da atenção parcial, a cultura
do aperitivo encontra um território perfeito. E neste mundo novo, menos é mais,
superficialmente. Verdadeiro mosaico de informações.
O jornalista, apresentador e
diretor de TV Marcelo Tas diz acreditar que a instantaneidade causada pela
revolução digital tem efeitos mais amplos. “A febre não atinge só o
entretenimento, mas a informação, a comunicação e até a vida afetiva”. Assim, a
snack culture funciona como “um índice para o internauta decidir onde vai
gastar seu tempo”. Com o
desenvolvimento tecnológico que estamos atravessando,
mais e mais produtos culturais instantâneos serão lançados porque estes são
subprodutos que aumentam o leque de oferta de um determinado produto. O cd de
Vanessa da Mata por exemplo foi disponibilizado no mercado na versão longa (com
todas as faixas) e na curta (só com sucesso).
E já existe grande possibilidade
de fazer negócio com esse entretenimento instantâneo. Steve Ellis, o fundador
do programa de licenciamento on-line de música independente Pump Áudio (www.pumpaudio.com), pagou só em 2006,
trechos de músicas para programas de TV, filmes, sites e jogos de videogame,
US$ 125 mil (cerca de R$241 mil) a artistas independentes por suas obras. Desde
2001 que ele está nos negócios.
A radio Sass (www.radiosass.com) toca 30 músicas em uma
hora (enquanto uma rádio tradicional levaria mais de 12 para tocar). O motivo: as
faixas são picotadas, e os intervalos não chegam a um minuto e meio. Na rádio
on-line, idealizada pelo DJ George Gimarc, as versões enxutas das músicas, toca
muito mais vezes do que as de outras estações, servindo de aperitivos instantâneos
para consumo. “A gente vive em uma época em que a velocidade é supervalorizada.
Buscamos uma internet mais veloz, dirigimos mais rápido, comemos fast-food.
Queremos mais estímulos do que antes”.
Essa cultura do aperitivo (snack
culture) se espalhou graças a internet, e o entretenimento instantâneo vem
tomando forma com a proliferação de pequenas doses de diversão que incluem
snack tones (músicas de dez a 30 segundo compostas para tocar em celular),
minigibis (disponíveis para download), filmes de ginástica com menos de dois
minutos (para serem assistidos pelo iPond na academia), versões reduzidas de
clássicos como Pulp Fiction (Quentin Tarantino), Elefante (Gus Van Sant), O
Verão de Sam (Spike Lee), Scarface (Brian De Palma), entre outros, além de
galeria de arte visual, séries de TV e jogos.
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Colóquio História e Quadrinhos: a Bahia em HQ
Em comemoração à Semana do Livro
e Biblioteca que acontece este mês de outubro, a Biblioteca Virtual 2 de Julho,
unidade vinculada à Fundação Pedro Calmon/ SecultBA, realizará o "Colóquio
História e Quadrinhos: a Bahia em HQ”. No Colóquio, será destacado a
importância das ilustrações (charges, quadrinhos, cartuns e animações) como
instrumento de divulgação da história e cultura da Bahia. Serão formadas três
mesas de debates: “A história e a cultura da Bahia pelos quadrinhos”, “Novos
traçados do mercado de quadrinhos na Bahia” e “Identidade nos traços”. O evento
está sendo realizado no Complexo Cultural dos Barris, de 13 a 17 de outubro.
Dia 17/10, sexta-feira
16h às 20h – Café da Walter da
Silveira
Feira de venda e escambo de
quadrinhos.
14h às 18h – Sala 6 - Biblioteca
Pública do Estado da Bahia (Barris)
Oficina “Charges e quadrinhos no
meio digital”, com Hector Salas
18h30 - Sala Walter da Silveira
Mesa 3 “Identidade nos traços”,
com Marcelo Lima, Lila Cruz e André Betonnasi. Mediação: André Santana (Diretor
da Biblioteca Virtual 2 de Julho/FPC)
20h - Sessão de autógrafos do
livro Silêncio de Lila Cruz (Selo Quadrada).
20h30 - Escadaria da Biblioteca
Pública do Estado da Bahia (Barris): Show da Banda Herbert & Richard
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