Três grandes cientistas
do século XVII, Galileu
Galilei, Evangelista
Torricelli e Robert
Boyle,transformaram permanentemente
a maneira como nós
enxergamos o mundo.
Eles descobriram que
vivemos no fundo
de um oceano de
ar. Em seguida veio
Joseph Priestley, fez experimentos
com o ar, mas
o papel crucial do
oxigênio para possibilitar
a vida no planeta
só seria descoberto
por Antoine Lavoisier.
O ar
é muito mais do
que aquilo que respiramos.
Ele é a substância
que milagrosamente se
transforma em alimento
sólido, e sim
o qual todas as
criaturas que habitam
o planeta passariam
fome. Ele é o
cobertor que envolve
a Terra e garante
que ela permaneça
aquecida. É o
espelho metálico suspenso
no ar que reflete
e propaga as ondas
de rádio pelo mundo
afora, e são as
camadas externas da
nossa atmosfera que nos
protege da fúria
de explosões solares mais
potentes do que
todas as ogivas nucleares
do mundo juntas.
Oceano de
ar, de Gabrielle
Walker (Ideia & Ação,
2009) é uma celebração
da chamada literatura
científica para leigos.
Quando nosso
mundo nasceu, ele veio
envolto num oceano
de ar. Assim como
o Sol e os
outrosplanetas do nosso
sistema solar, a
Terra se formou quando
uma nuvem disforme de
gases, poeira e fragmentos
de rocha começou a
se contrair e a
se aglutinar. Nesse processo,
a poeira e as
rochas “ensanduicharam” parte
dos gases no seu
interior e quase
todo o resto ficou
pairando em torno
do planeta formando um
momento que a
força da gravidade
tratava de segurar
firme no lugar.
Não existia
oxigênio. Mas um
novo tipo de reação
química inventado
entre 2,5 e 3,5
bilhões de anos
atrás por uma classe
de micróbios chamados de
cianabactérias. São criaturas
tão minúsculas que uma
simples gota d'água
pode abrigar uma população
de bilhões. Esses micróbios
foram os primeiros
seres que aprenderam
a usar a energia
do sol para decompor
a água e fabricar
alimento, num processo
que nós hoje chamamos
de fotossíntese. Ao
fazer isso, começaram
a liberar delicadas
bolhas de uma certa
substância residual:
o oxigênio.
E é
por causa disso que
nós podemos respirar hoje.
No mesmo ritmo em
que nós animaisconsumimos
o oxigênio através da
respiração, as plantas
o devolvem para a
atmosfera. Funciona como
se fosse o pulmão
do planeta.
A chegada
do oxigênio no ar
estava destinada a mudar
de forma drástica o
curso da evolução.
Enquanto ele existiu
na atmosfera em quantidades
reduzidas demais para
serem úteis as criaturas
que viviam imersas nele,
essas criaturas foram forçadas
a permanecer lentas e
microscópicas.
E há
cerca de 600 milhões
de anos em que
a concentração mínima
do gás na atmosfera
enfim foi ultrapassada,
houve uma drástica explosão
de mudança evolucionária
da história do planeta.
Novas criaturas gigantescas
apareceram.
Nós necessitamos
do oxigênio porque precisamos
da reatividade extraordinária
que esse elemento possui.
Sem ele, os seres
humanos jamais poderiam
ter aparecido.
Sempre que
participa de uma
reação química, o oxigênio
libera minúsculas partículas
carregadas negativamente
chamadas de elétrons.
Essas partículas se encontram
naturalmente presentes
em todos os átomos
e moléculas, e, assim
como as pessoas, elas
se mostram mais estáveis
quando estão aos pares.
A entidade química que
continha um desses
elétrons solitários
e errantes é chamada
de radical livre, e
constitui uma das
forças mais reativas e
destrutivas existentes
no planeta. Os radicais
livres devastam tudo em
seu caminho, separando
pares estáveis e criando
ainda mais radicais livres
– que por sua vez
partem em suas próprias
jornadas de destruição.
Nossos corpos
vivem em estado de
alerta permanente, sempre
prontos para liberar
um exército de substâncias
químicas chamadas de
anti oxidentes. Existem uma
verdadeira guerra acontecendo
o tempo todo em
cada célula do nosso
organismo para evitar
que os radicais livres
se formem, eliminar aqueles
que conseguem aparecer e
promover o suicídio
celular caso as
forças invasores ganhem terreno
demais.
Todas as
doenças típicas do
envelhecimento – como a
demência, o câncer
e os males do
coração – nascem da
acumulação dos danos
provocados pelos radicais
livres. Esse é
um dos motivos pelos
quais manter uma dieta
rica em frutas e
vegetais frescos ajuda
a nos proteger dessas
doenças: esses são
alimentos cheios de
antioxidantes, que eliminam
os radicais livres.
Cada lufada
de oxigênio que você
respira lhe dá
tudo aquilo que faz
o vida valer a
pena, mas no final
a própria vida terá
que ser entregue como
pagamento. A química
do oxigênio guarda em
si a essência fundamental
da condição humana.
Nós respiramos
oxigênio para queimar
o combustível do
nosso organismo, e exalam
dióxido de carbono
como um subproduto
desse processo. As plantas
fazem o contrário
– elas absorvem
o dióxido e
carbono para fabricar
o seu alimento,
e exalam oxigênio como
o seu subproduto.
Malária, literalmente
mau ar
Cada palavra
que sai da sua
boca, em especial aquelas
com consoantes explosivas
como o p e
o t, jogam no
ar uma chuva de
bactérias prontas para
viajarem no vento.
O ozônio
desempenha um papel
importante para nossas
vidas. Acerca de 30
mil quilômetros do
chão ele forma uma
camada de proteção,
o primeiro dos três
invólucros de ar
que protegem as criaturas
na Terra da hostilidade
do ambiente espacial.
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