Está acontecendo na Biblioteca
Central dos Barris o Colóquio História e
Quadrinhos: a Bahia em HQ com palestras, oficinas, exposições, feira de
venda e escambo de quadrinhos. Ontem, dia 15, teve palestra sobre a história e
cultura da Bahia pelos quadrinhos, com presença de Nildão, Caó e Gentil, e exibição de desenhos animados da Turma do Xaxado, de Cedraz. Hoje, às 14h haverá oficina “A charge no
jornalismo diário” com Cau Gomez. Às 18h30
o debate será sobre novos traçados do mercado de quadrinhos na Bahia com Edu
Santana, Cau Gomez, Danilo Dias e Naara Nascimento, em seguida, sessão de
autógrafo do livro Billy Jackson com Cau Gomez.
No dia 17, sexta, oficina com
Hector Salas (14h), debate sobre identidade nos traços com André Santana,
Marcelo Lima, Lila Cruz e André Betonnasi (18h30), seguida de sessão de
autógrafo do livro Silêncio com Lila Cruz. Já na Galeria Pierre Verger (Bib.
Central) tem exposição sobre o cartunista e ilustrador Hélio Roberto Lage. Vale
a pena conferir. A realização desse grande evento é da Biblioteca Virtual 2 de
Julho, unidade da Fundação Pedro Calmon/Secretaria de Cultura do Estado.
Helio Roberto Lage pertence a
história dos nossos quadrinhos/cartuns. Homem simples, de bom papo e cultivador
dos momentos humorísticos da vida. Desde seu relacionamento com as pessoas que
lhes cercam, até o momento em que executa um trabalho, é um humorista nato.
Além de humorista, é arquiteto e pintor nas horas vagas. Desenvolvendo sua
atividade de cartunista com bastante brilho, Lage é um nome respeitado entre os
que fazem humor e quadrinhos. Seus desenhos são sua melhor forma de expressão,
que compensam o seu lado introvertido. O lado humorístico, presente não só nas
tiras mas também nas charges políticas, são a contrapartida do seu temperamento
melancólico.
D.e traço simples, Lage consegue
captar todo o momento histórico político vivenciado nacionalmente. Cartunzão,
L´amou tuju L´amu, Tudo Bem, Brega Brasil, Ânsia de Amar mostra um humor sem
retoques – autêntico e mordaz. O humor caligráfico de Lage tem uma marca
pessoal muito forte e traz, por inteiro, a perplexidade nossa de cada dia. É um
quadrinho cartunístico que se cristaliza através de questões sociais e
culturais. Conferindo ainda seus efeitos ideológicos e sua marcante
criatividade. Enquanto muitos desenhistas se distanciavam dessa nossa realidade
em seus trabalhos, Lage procurava se aprofundar mais em nossas questões
políticas e culturais
Se o humor de comportamento
conquistou leitores nos anos 50, foi forçado pelo clima político estabelecido
pela Revolução a dar lugar ao humor político, engajado. Os cartunistas se
armaram contra o ataque, mas os meandros do comportamento humano, o sexo, o
casamento, a cultura, enfim tudo aquilo que faz os costumes do cidadão
brasileiro foi posto de lado pelos desenhistas de humor. Mas Lage, como grande
crítico do cotidiano dissecou as leis e pacotes vindos de Brasília, além de
mostrar a política local em suas charges diárias. Nas suas tiras ele mostrou o
relacionamento humano, seus conflitos e insegurança, o dia-a-dia do baiano.
Nascido no dia 16 de setembro de
1946, desde cedo teve contato com as formas e a criação. Ainda criança, fazia
bonecos de cera, e ganhou até um prêmio no concurso da Toddy. Aos 15 anos se
apaixonou pelo desenho. Em 1967 foi trabalhar como ilustrador na Revista de
Turfe. Em 1969 começou a desenvolver charge e tiras de humor no jornal recém
fundado, Tribuna da Bahia. Na série Estorinha do Lage começou a publicar um
herói espacial, sátira ao super-herói. Ainda na serie ele criou o papagaio Put.
Nos anos 70 começou a desenhar uma página inteira de humor no jornal O Dia, de
Piauí. Durou um ano. Em seguida começou a ilustrar a coluna esportiva de Carlos
Eduardo
Novaes mo Jornal do Brasil. Depois veio a serie Cartunzão, muito
irreverente. Para o suplemento A Coisa criou L´amu tuju L´amu abordando os
costumes e comportamentos populares. Nos anos 80 começou outra serie de tiras
diárias, Tudo Bem onde a mulher, Kátia Regina por exemplo, era a personagem
principal, mesmo com a presença constante de Arlindo Orlando. Em 1989 foi ao ar
na Radio Educadora FM o especial Lage, Cartunista Baiano onde as tiras diárias
Tudo Bem foram transportadas para a linguagem radiofônica.
De 1976 a 1980 foi editor de arte
da revista Viverbahia quando começou a fazer quadrinhos coloridos. Em 1981
passou a ser editor de arte da revista Axé Bahia e publica os quadrinhos da
sensual Dora Mulata. Em 194 no Jornal da Pituba cria o quadrinho Pituboião,
satirizando o dia a dia da comunidade. Mais tarde faz diversas ilustrações e
cartuns para o jornal O Bocão, da Boca do Rio, bairro de Salvador. Em 1990
lança a revista de humor e quadrinhos Pau de Sebo, deboche puro.
Uma das primeiras publicações de
humor e quadrinhos que surgiu em Salvador na década de 70, começou em formato
de jornal, como suplemento da Tribuna da Bahia, A Coisa. O seu editorial dizia:
“Esquecidos como profissionais sérios, confundidos muitas vezes com o seu
trabalho que faz rir ou divertir, os desenhistas de humor e quadrinhos lutaram
com dificuldade até serem reconhecidos como artistas importantes, ou mesmo
artistas (...) A importância do humor e quadrinhos e indiscutível hoje em dia,
pois nunca se discutiu tanto a respeito (...) Trata-se então de tomar
consciência de nossa própria importância como profissionais e nos impor através
da qualidade de nossos trabalhos. Consciente disso, foi que nós de A Coisa,
lutamos e conseguimos reunir um grupo de pessoas interessadas que tem como meta
principal uma maior valorização do autor brasileiro e em particular baiano.
Acreditamos ter chegado em momento oportuno procurando suprir a falta de uma
publicação desse gênero entre nos. Pretendemos também divulgar e abrir novas
perspectivas aos humoristas e desenhistas que ainda não tiveram oportunidade de
publicar seus trabalhos”.
A Coisa durou de 1975 a 1976.
Ainda em 76 a equipe se mobilizou e lançou o tablóide Coisa Nostra
, cujas 20
paginas incluíam reportagens, colunas de cinema, música e cartuns. O editorial
do número um alertava que o “importante é que o riso não fique na boca. Ele tem
que dar uma chegadinha na consciência”. Coisa Nostra só teve quatro números. De
1985 a 88 Lage produz vídeo charge (ou charge eletrônica) na TV educativa de
Salvador. Foi o primeiro a trabalhar nessa área na Bahia. Participa de diversos
salões de humor, sendo premiados nos da Mackenzie, SP em 1971 e 1973. Participa
ainda nos salões do Rio, Bahia, Piracicaba, Curitiba, entre outros. Em 1984 é
premiado no Salão de Humor em Stutgart, Alemanha.
Um comentário:
Ola o pai do Sr se chama Claudemiro Alves de Oliveira ?? se for entre encontato comigo urgente ficarei agradecido fone 014-997876021 Elizeu A.S
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