A deputada estadual Luiza Maia (PT) é autora do Projeto de Lei n.19.203/2011 que tramita na Assembleia Legislativa que prevê não pagar com recursos públicos apresentações de grupos de pagode que, com músicas e danças, possam denegrir a figura feminina os fazer apologia à violência. A iniciativa tem apoio de toda bancada feminina.
Na opinião da deputada Luiza Maia, algumas letras de pagode e outros gêneros abreviam a mulher apenas a “peito, bunda e genitália”. “Não sou a favor de nenhuma censura a qualquer que seja o gênero musical. Mas o poder público não pode financiar a reprodução do preconceito e violência contra as mulheres, como a lógica de que para vender um pneu de carro é preciso associá-lo a uma bunda de mulher”, contesta numa reportagem publicada no jornal A Tarde (05/07/2011)
“È preciso, sim, um mecanismo de controle sobre o machismo no imaginário popular”, concorda Ana Vaneska Almeida, do coletivo da Guerreiras Sem Teto. “A mulher precisa ser respeitada e o estado não pode aceitar uma coisas dessas”, diz Maia referindo-se à apresentação ao vivo, com apoio oficial, de bandas responsáveis por repertórios de qualidade duvidosa.
“Esse projeto vem no sentido de a gente abrir uma campanha pra educar, inclusive, alguns dos nossos artistas. A mulher é um ser humano que precisa ser respeitado e não dá pra o governo pagar, com o dinheiro público, a quem faça um tipo de apologia à violência, à desqualificação e constrangimento da mulher”, afirmou.
Referências:
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Um salto no abismo: A Pele que Habito
A pele é o maior e mais visível órgão do corpo humano. Sua riqueza e sua complexidade biológicas só são excedidas pelas do cérebro e do sistema imunológico. Pele é o primeiro elemento, depois da alma, de que dispomos para exercer nosso desejo. E a nossa casca, no filme do diretor espanhol Pedro Almodóvar, vira uma espécie de roupa de látex. Estamos falando de A Pele que Habito, ambíguo, sadomasoquista, excitante, repulsivo.
Perdoar seu inimigo, prendê-lo, torturá-lo e manipulá-lo pode transcender o simples desejo. É libertário. Cuidado com o que você odeia, pois pode desejar mais tarde. É no pântano da psique que você pode colher uma flor...amaldiçoada.
Há uma delicada operação de costurar retalhos, reconstruir uma pessoa, um amor, uma obsessão. Tudo feito sob medida. O cineasta utiliza o tema que para ele é essencial: a não conformidade com os gêneros sexuais. E o que assistimos é um desatino, um salto no abismo. Vale a pena assistir.
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