11 novembro 2019

Julio Shimamoto celebra seu 80º aniversário


O desenhista e roteirista brasileiro Julio Yoshinobu Shimamoto, mais conhecido como Shima, celebra seu 80º aniversário este ano. O artista será o grande homenageado do Artists’ Alley, assinando o pôster e a credencial do espaço dedicado aos quadrinistas, além de participar da CCXP19 (festival de cultura pop), programada para São Paulo, em dezembro. Ícone dos quadrinhos brasileiros, experimentador e inovador das ilustrações, Shimamoto ou simplesmente Mestre Shima é um expert em artes em preto e branco.

                              
                                                                                      

Nascido em Borborema (SP), em 1939, Julio Shimamoto começou a desenhar profissionalmente aos 16 anos e aos 17 fazia quadrinhos para a CETPA (Cooperativa e Editora de Trabalho de Porto Alegre-RS), Folha de S.Paulo, Folha da Tarde e Editora do Brasil. Representante de uma geração de grandes nomes dos quadrinhos de terror, Shima desenvolveu sua paixão pelas artes plásticas durante a infância, desenhando com gravetos no sítio do pai em Borborema, no interior de São Paulo. Ainda na juventude, tornou-se desenhista no Departamento Promocional da multinacional Sears, Roebuck & Co. (Lojas Sears) e, desde então, nunca mais abandonou os pincéis.



Em seguida trabalhou com publicidade. Voltou aos quadrinhos na década de 1970, desenhando para as editoras Noblet, Bloch, Vecchi, Grafipar e D´Arte. Com o fim dessas editoras, voltou à propaganda até 1991, para ser ilustrador free-lancer e quadrinista. Lançou ábuns como Madame Satã I e II, Musashi I e II, Sombras, manuais de Artes Marciais, Manual de Claro-Escuro, Volúpia, Banzai – 100 anos da imigração japonesa no Brasil, Guerreiros da Água, Ponta de Flexa, entre muitos outros.




Particularmente muito conhecido por seus trabalhos no gênero terror. Estreou profissionalmente como desenhista de histórias em quadrinhos em 1959 pela Editora Continental/Outubro, onde desenho a primeira HQ do Capitão 7, personagem surgido na televisão. Em maio de 1963, criou a pedido de Maurício de Sousa, o personagem Fidêncio, o gaúcho, para o Suplemento Infanto-Juvenil do jornal Folha de S. Paulo. Entre 1961 e 1964, foi um dos líderes do movimento pela lei de nacionalização dos quadrinhos.




Após o golpe militar de 64, foi fichado como comunista e subversivo, tendo que migrar para a publicidade. Sua grande volta aos quadrinhos se deu em 1978 e, a partir de então, não parou mais. Produziu para as editoras, Vecchi, Rio Gráfica, Grafipar, Press e Opera Graphica, além de colaborar com várias revistas independentes, como Made in Quadrinhos e Mystérion (essa última ainda contém o último trabalho do saudoso Flávio Colin nos Quadrinhos). Os álbuns Sombras, Musashi I e II, Madame Satã, Volúpia e Claustrofobia estão aí para provar que ele ainda muito que mostrar.




Com seu traço denso, passou por praticamente todas as editoras e publicações do país: La Selva, Taika, Outubro, Ebal, Noblet, Folha de São Paulo, Ática, Editora do Brasil, Cooperativa Editora e de Trabalho de Porto Alegre, Vecchi, Grafipar, Abril, D-Arte, Press, Maciota, Record, Globo, Bloch, Via Lettera, Devir, Marco Zero, Novo Mundo, Escala, Nova Sampa e Opera Graphica.



Em 2002 Shimamoto recebeu uma homenagem da Câmara Municipal de São Paulo[6] e em 2005 recebeu outra homenagem, dessa vez a Moção de Congratulação nº 230/05 pela Câmara Municipal de Jaboticabal. Foi convidado de honra e homenageado no 5º Festival Internacional de Quadrinhos em 2007, tendo o Japão como país homenageado. 2008, ilustrou o livro BANZAI! História da Imigração Japonesa no Brasil para as comemorações do Centenário da Imigração Japonesa, e em 2009 publica Samurai, uma colêtanea de histórias sobre samurais, ninjas, entre outros artistas marciais pela EM Editora (na verdade um selo da Mythos Editora) e Quadrinhos para telefone celular da Operadora Oi. Seu apelido nos círculos de histórias em quadrinhos é "Samurai dos quadrinhos".




Aos 80 anos, Shima segue na ativa, envolvido em projetos autorais e produzindo quadrinhos experimentais. Recentemente, desenvolveu uma técnica na qual aplica uma camada de tinta sobre uma peça de cerâmica para depois desgastá-la utilizando objetos pontiagudos. As imagens surgem em negativo, em uma nova versão do estilo claro-escuro, técnica consagrada no Renascimento por artistas como Caravaggio. A partir do negativo, passa a escanear e xerocar estas imagens, para depois montar as páginas das histórias por meio de colagens. E foi justamente com essa técnica inovadora que ilustrou Cidade de Sangue, com texto de Márcio Jr, agitador cultural goiano cuja versatilidade abrange incursões pela música, cinema, escrita e, claro, HQs. Poucos atingiram um traço tão personalizado e marcante. Raros dominaram a narrativa sequenciam como ele ou ousaram experimentar tantas variações e técnicas. Vale a pena conhecer a obra do Mestre Shima!

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