No dia 07 de janeiro de 2017 (sábado), a
partir das 18h no Farol da Barra, dez dos principais
guitarristas brasileiros
vão se apresentar, gratuitamente. Entre os virtuosos estão Toninho Horta,
Edgard Scandurra, Andreas Kisser, Kiko Loureiro, Armandinho Macêdo, Marcelo
Barbosa, Frank Solari, Luiz Carlini, Davi Moraes e Robertinho do Recife. As
apresentações serão revezadas em duos e, no final, todos os músicos vão tocar
juntos no palco montado em um dos principais cartões postais de Salvador.
Símbolo máximo da contestação da
juventude ao tradicionalismo musical desde a década de 50; instrumento maior de
todos os líderes desta contestação, de Elvis Presley e Jimi Hendrix até as
bandas da novíssima geração roqueira, a guitarra, no entanto, não é tão jovem
como o leitor imagina. A guitarra, que começou com um som seco e metálico,
percorreu um longo e diversificado caminho, abrindo, como nenhum outro
instrumento, a consciência da atual geração para uma nova era musical: a era
eletrônica. Aos 95 anos, a guitarra continua sendo o instrumento-mor dentro do
rock e o que possui o maior volume de som. É indispensável a qualquer tipo de
música e assumiu a posição de verdadeiro fetiche cultuado pelos jovens. “Você
quer ser um astro do rock and roll??/ouça só o que eu digo/compre uma guitarra
elétrica/e espere um pouco/até você aprender a tocar”, diz a canção “So You
Want To Be a Rock and Roll Star”, cantada pelos Byrds, em 1967.
Desde os seus primórdios, a guitarra se
revelou um instrumento com sonoridade própria, muito diferente do violão. Muito
antes de ser criada, a guitarra elétrica era uma necessidade para os músicos,
principalmente os bluesmen. Uma guitarra acústica colocava em situação
embaraçosa até o mais hábil instrumentista. Em 1922, o artesão e desenhista de
instrumentos Leo Fender desenhou e registrou um modelo de guitarra com um
captador embutido na própria madeira. Essa primeira guitarra deu origem à
Fender Esquire, uma das primeiras guitarras totalmente acústicas.
Assim, a guitarra passou pelas mãos de
Eddie Lang, Lonnie Johnson, Charles Christian e, através dos grandes
guitarristas do “coll” dos anos 50, chegamos a B.B.King e, daí, uma linha
direta até Jimi Hendrix, que inventou a linguagem no final dos anos 60. Os
punks ressuscitaram o instrumento em 1976 e, com o predomínio do heavy metal e
suas variações, a guitarra estava de novo em alta. Como é o instrumento que
possui o maior volume de som, justifica o seu enorme sucesso no rock e na
música pop.
A popularidade alcançada por esse
instrumento é algo sem precedentes na música. Milhares de jovens em todo mundo
aderiram à guitarra elétrica e grande parte deles manipula com tanta habilidade
seus recursos eletrônicos de transformação timbrística que, à vezes, pelo puro
efeito, se torna difícil identificar o instrumento. Um jovem empunhando uma
guitarra é um símbolo perfeito de rebeldia adolescente. Todas as tribos
roqueiras cultuam o mito do “herói da guitarra” e está presente em todas as
fantasias juvenis. A guitarra passou a ser um instrumento indispensável a quase
todo tipo de música. Mais ainda: assumiu a posição de um verdadeiro fetiche, um
símbolo de identificação das massas jovens.
ORIGEM
A guitarra era um instrumento de
acompanhamento, pura e simplesmente: batia o ritmo e harmonizava o canto o
mesmo tempo. Os cantores de folk-blues, worksongs e das antigas baladas-blues
acompanhavam-se com guitarra ou banjo. Johny St. Cyr tocava banjo e guitarra
com King Oliver, Louis Armstrong e Jelkly Roll Morton, nos anos 20. Lonnie
Johnson nesse mesmo período, preferia atuar solando. Nos anos 30, o grande
representante da guitarra rítmica/harmônica foi Freddie Green, um músico que
acompanhou Count Basie. O jazzista Charlie Christian foi o primeiro a se utilizar
de uma guitarra semi-acústica para forjar, entre 1939 e 1941, uma nova
linguagem para o instrumento. Ele criou o estilo sonoro da guitarra elétrica e
toda a geração posterior foi influenciada por ele. Nos dois anos em que
integrou a Orquestra de Benny Goodman, Christian adotou a guitarra elétrica
como forma de se sobressair em meio ao som dos metais e da bateria. O som
obtido por Charlie Christian influenciou seus contemporâneos que tocavam blues
em Chicago, como Muddy Waters e Hubert Sumlin que logo eletrificaram seus
instrumentos.
Nos anos 30, nos Estados Unidos,
começou-se a procurar uma forma de amplificar o som do violão sem o uso de
microfones. Surgiram, assim, os captadores magnéticos, desenvolvidos
originalmente por George Beauchamp e Paul Barth. As antigas guitarras elétricas
eram violas acústicas com pequenos microfones adaptados na caixa de ressonância
– o som de retorno era de enlouquecer. Clarence Leo Fender começou a construir
instrumentos na década de 20. Em 1922, criou uma guitarra com captador
embutido. Em 1931, Adolph Rickenbacker produziu, comercialmente, pela primeira
vez, uma guitarra elétrica construída em alumínio. Era a famosa “Frigideira”.
Mais ou menos nessa época, o músico e inventor americano Les Paul começava a
fazer experiências com um captador adaptado ao violão, mas sem obter bons
resultados, devido à microfonia provocada pela caixa do instrumento. Ao saber
que Thomaz Edison havia construído um violino elétrico de madeira maciça, Les
Paul decidiu aplicar o mesmo princípio ao violão. Em 1941, ele construiu a
primeira guitarra maciça (solid body), cortando ao meio um violão e colocando
entre as duas metades um bloco de madeira sobre a qual estavam montados dois
captadores e um braço de violão Gibson.
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