O baiano "Ratto" venceu a
primeira edição do Red Bull Paranauê e foi eleito o capoeirista mais completo
do mundo, durante um evento realizado no Farol da Barra, no último sábado, 28.
Com participantes de vários lugares do Brasil e do mundo, Lucas Dias Ferreira,
o "Ratto" (de roda) como ficou conhecido, levou o prêmio e foi
consagrado em frente a um público de cerca de 3.500 pessoas, pelo mestre João
Grande, uma lenda da capoeira mundial.
Não se pode compreender a cultura de um povo sem conhecer a sua
história.
Para conhecer a história de um povo, é
preciso conhecer a historia dos seus
grandes homens.
Aqueles que fizeram a história do seu
povo e determinaram seu destino
A capoeira baiana é um processo
dinâmico, coreográfico, desenvolvido por dois parceiros, caracterizado pela
associação de movimentos rituais, executados em sintonia com ritmo ijexá,
regido pelo toque do berimbau, simulando intenções de ataque, defesa e esquiva,
ao tempo em que exibe habilidade, força e autoconfiança, em colaboração com o
parceiro do jogo, pretendendo cada qual demonstrar sua superioridade sobre o
companheiro. O complexo coreográfico se desenvolve a partir dum movimento
básico denominado de gingado do qual surgem
os demais num desenrolar
aparentemente espontâneo e natural, porém com um objetivo dissimulado de
obrigar o seu parceiro a admitir a própria inferioridade.
Dentre as características mais
importantes da capoeira destacamos a liberdade de criação, a estrita obediência
aos rituais, a preservação das tradições, o culto dos antepassados e o respeito
aos "mais velhos" como repositório da sabedoria comunitária. Existem
muitos tipos de capoeira, mas os dois principais são a capoeira Angola e a
Regional. Esta última foi criada pelo baiano Manoel dos Reis Machado, o
respeitado Mestre Bimba.
IDENTIDADE - Herança dos negros escravos
trazida para o Brasil e usada como luta no movimento da busca de liberdade ou
como um ritual, capaz de manter a identidade de um povo subjugado pelo poder
dos 'senhores'. Nos diversos olhares temos a capoeira como manifestação da
cultura afro, passando por esporte praticado em academias, folclore para
turista ver e clicar, e ferramenta terapêutica no tratamento de doenças
mentais.
No Brasil colonial a luta era permitida,
mas os senhores deixava acontecer manifestações culturais negras, espécie de
válvulas de escape das tenções inerentes. Os negros, então, tiveram que
dissimular a capoeira, disfarçando-se de dança com direito a cânticos e um
instrumento musical (o berimbau). Ainda para disfarçar a luta, os
negros faziam
a ginga, emprestando à dança um aspecto malicioso, lúdico e cadenciado,
aparentando muito mais uma brincadeira inofensiva do que uma luta mortal.
Historicamente, coube ao ex presidente
Getúlio Vargas, com o objetivo de angariar apoio e aceitação das massas,
liberar as 'válvulas de escape' da população marginalizada. Exercendo, ao mesmo
tempo, um controle sobre essas manifestações e sobre os atos de seus
participantes.
Assim, Vargas eliminava a inconveniência
de desordem e determinam regras e normas para a sua prática. E, no ano de 1930,
em Salvador, Mestre Bimba ao sentir que esta seria apenas para exibição em
praças e deixava muito a desejar em termos de luta, apresenta sua luta regional
baiana.
Apresentada ao ex presidente,
caracterizada por um método de ensino racional, foi liberado e transformado em
esporte, passando a ser ensinado em academias e a fazer parte dos programas de
governo para incentivar o turismo.
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