Primeiro foi o grito negro que
cortou os céus americanos. O negro veio para a América como
escravo. Seu grito
era o reconhecimento do ambiente novo e hostil que o cercava. Em seguida o
grito ia se alterando, assumindo novas formas. A única tábua de salvação era
sua musicalidade. Seu lamento se transformou em grito. E o grito ia se
alterando, assumindo novas formas Servia de suporte às canções de trabalho e às
cantigas de escárnio, aos cânticos religiosos, a spirituals, gospel songs, e às
canções de menestréis. Dessa forma, com música, o trabalho tornava-se menos
pesado. A mão de obra negra, desde os tempos da escravidão, se refugiava na
música (os blues) e na dança para dar vazão, pelo corpo, ao protesto que as
vias convencionais não permitiam.
Foi do casamento do grito
escravo com a harmonia europeia que nasceu o blues. A tonalidade blue (triste,
melancólica) resulta de uma resistência cultural, uma inadequação do negro,
incapaz de aderir completamente à tonalidade europeia. Essas notas (chocantes
para os ouvidos da classe média) eram conhecidos como dirty notes (notas
sujas).
Os blues eram marca de
individualidade. Havia blues de Blind Lemon, de Willie Johnson e muitos outros.
E os gritos se tornaram mais complexos: acompanhados pela guitarra, gaita de
boca ou outros instrumentos rudimentares. O ritmo era marcado na batida do pé
(nas zonas rurais). Já nas cidades, iam-se introduzindo os instrumentos
europeus como cornetas, trombones, clarinetas e piano.
O rock and roll nasceu
praticamente da fusão do rhythm & blues (velho blues rural em roupagem
urbana) com o country & western). O country era a música rural do “branco
pobre” dos EUA e o western a música dos cowboys do Oeste. Assim, houve o encontro
de duas grandes correntes populares americanas: a branca e a negra. Uma mistura
do velho blues rural, o rhythm & blues urbano, o country (música das zonas
rurais brancols), o western (música dos vaqueiros do Oeste) e a tradição
folclórica tanto negra (work songs, spirituals, gospels,etc) como branca, de
origens americanas ou europeias.
GRITO > BLUES > RHYTHM
& BLUES > ROCK AND ROLL > ROCK
Assim, Elvis Presley juntou o rhythm and blues
ao contry and western. Chuck Berry, o blues com o country.
Billy Halley, o boogie, o
rhythm and blues e o country, e assim por diante. O resultado foi chamado de
rock´n´roll.
Muita gente deve estar
perguntando: porque a música europeia se misturou facilmente com a música da
África Ocidental? Porque elas são parecidas. Em tempos antigos, a Europa e a
África eram ligadas (por parte do mesmo continente) segundo os arqueólogos.
Ambos, músicas europeia e africana, usam a escala diatônica (notas brancas no
teclado do piano) e empregam em suas canções uma certa quantidade de harmonia.
A canção popular (derivadas
dos grandes shows musicais da Broadway) preencheu seu papel no período entre
guerras (eufórica nos twenties e melancólica nos anos da Depressão). Depois do
choque da Segunda Guerra, ele não comunicava mais nada às novas gerações.
Assim, por volta de 1950 a canção popular americana havia perdido sua função
social. O blues não, sobreviveu a todas essas mudanças, olhando o mundo sem
ilusões, como a coisa complexa que é.
Em fins de 1950, nos Estados
Unidos, a chamada “geração silenciosa”, marcada pelo fim da Segunda Guerra
Mundial, viu-se frente a um ritmo até então desconhecido, derivado da
sonoridade de um povo marginalizado. O grito e o blues eram afirmações da
individualidade do negro. Quando Elvis Presley juntou as duas correntes (o
rhythm and blues e o country and western) o produto final, o rock and roll,
surgiu carregado de ritmo negro e blue notes. E a voz humana ressurge, depois
de um longo silêncio. O rock surgiu como o grito de revolta de uma nova
geração.
Rock é um termo abrangente que
define o gênero musical popular que se desenvolveu durante e após a década de
1950. Suas raízes se encontram no rock and roll e no rockabilly que emergiu e
se definiu nos Estados Unidos da América no final dos anos quarenta e início dos
cinquenta, que evoluiu do blues, da música country e do rhythm and blues, entre
outras influências musicais que ainda incluem o folk, o jazz e a música
clássica. Todas estas influências combinadas em uma simples estrutura musical
baseada no blues que era "rápida, dançável e pegajosa"
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