Ele é o melhor representante da raça
mulata ascendente da Bahia. Nascido em Itaparica e absorvendo
os sons negros
das vielas e ladeiras da cidade de Salvador, Gerônimo conseguiu estruturar uma
nova linguagem para a nossa música, seguramente a mais forte depois do
Tropicalismo. Na ilha aprendeu o gingado da gente e o balanço do mar. E foi
dali que ele saiu para se tornar poeta.
Gerônimo cresceu ouvindo Nelson
Gonçalves, Dolores Duran, Vicente Celestino e Rita Pavone. Um veranista
apareceu com um disco dos Beatles e, neste momento, Gerônimo já fazia suas
incursões como músico na filarmônica local.
Ele resgata o discurso popular porque
combina a musicalidade bem dita com o sorriso folgado de gente brejeira.
Gerônimo faz a festa e arrasta atrás de si uma multidão que conhece as letras
que cria e o acompanha no ritmo temperado de salsas, rumbas, sambas reggae,
ijexá e tantos outros. Na opinião de Jorge Amado ele é “o melhor letrista, o
poeta mais terno, romântico e sensual, voz de dolência de desejo, morna e
enluarada”. Gerônimo é de fato um artista de múltiplos talentos, que aliou seu
nome o de movimentos musicais da Bahia, não se acomodou e continua um
experimentalista.
Ele se firmou como um dos mais sólidos
nomes da composição baiana, sem sair do lugar. Encontrá-lo na cidade, nas ruas
do Pelourinho, Liberdade, Saúde ou em qualquer lugar onde o povo de Salvador
está fazendo história. Aí está Gerônimo com um coração da liberdade
Signo de câncer, criado na Ilha de Bom,
Jesus dos Passos (Baia de Todos os Santos), Gerônimo é um homem do mar que
transmite em sua música fluência, simplicidade e riqueza.
TRAJETÓRIA - Gerônimo Santana Duarte
nasceu no dia 26 de março de 1953, em Bom Jesus dos Passos, localidade próxima
à Ilha dos Frades, Bahia. Iniciou sua carreira musical aos 14 anos. Passou a
adolescência no Stiep, em Salvador, quando o bairro ainda era habitado pelos
trabalhadores de petróleo. Seu avo Esmeraldo era muito conhecido no Recôncavo
por tocar seu sax alto. No Nordeste de Amaralina participou do programa
Calouros do Gustavo, realizado por um tenente reformado da polícia. E já
participava do coral da professora Eva, do Colégio Manoel Devoto. Venceu um
programa na TV Itapoan (Poder Jovem) e a partir daí, começou a compor com
outros artistas.
Ele venceu com a música “Fim de Semana
na Bahia”. Entre 1974 e 76 foi percussionista do Trio Elétrico de Dodô e Osmar
que interpretou uma de suas primeiras composições, “Fazer” em 1974. Entre 1976
e 79, estudou com Smetak na Universidade de Música da UFBa. Fez curso técnico
de composição e regência na Universidade Católica de Salvador. Por seu
ecletismo musical (tocava guitarra baiana, harpa, violão, atabaque e agogó,
além de ser capoeirista), foi convidado a integrar o Balé Brasileiro da Bahia,
dirigido pela professora Emília Biancardi, excursionando pela Europa. Ao
retornar, em 1980, partiu para carreira solo.
Incansável estudioso da salsa, soca,
ritmo da Guiana Inglesa que se tornara muito popular na Bahia
após o corte das
relações de Cuba e EUA, ele também se dedica profundamente à mitologia negra.
Sua formação musical serve como força impulsora e transporta para os dias de
hoje desses ritmos e melodias ancestrais. A fascinação que provoca a cultura
negra fez do artista um defensor da identidade e conservação da memória de vida
dos negros no Brasil, além de ser adepto da religião afro (candomblé).
Utilizando recursos linguísticos do ioruba e até mesmo de dialetos indígenas do
Brasil, Gerônimo constrói em suas letras versões sociológicas da cultura de seu
povo.
Destaque do Trofeu Caymmi como Melhor
Espetáculo, Melhor Intérprete, Melhor Arranjo, Melhor Composição (Marujada) e
Melhor Banda no primeiro semestre de 1985.
DISCOS - “Página Musical”, seu primeiro
disco gravado em 1983 pela gravadora Polygram teve como carro chefe a música
“Cigarro Colomy” marcando o início de uma intensa produção musical. Seu segundo
elepê, “Mensageiro da Alegria”. O segundo, através da Nova República, saiu em
1985.
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