11 agosto 2010

Bahia, berço da cultura brasileira, é um Estado Barroco a céu aberto

O todo sem a parte não é todo; a parte sem o todo não é a parte; mas se a parte o faz todo sendo parte, não se diga que é parte, sendo todo”. Nada mais apropriado para começar nosso passeio pelo estilo barroco do que interpretar os versos de Gregório de Matos, o artista barroco mais crítico da Bahia. O barroco chegou ao Brasil no século XVII, mais precisamente em 1601, daí ser chamado de cultura e movimento seiscentista. Essa cultura já existia há um século na Europa, tendo origem na Itália e na Espanha. A arte barroca marcou um momento de crise espiritual da sociedade europeia.


O barroco, consequência direta da Contra-Reforma, nasceu para enaltecer Deus de forma grandiosa e apaixonada, utilizando traços exagerados, redundantes, que prendem o espectador pela emoção. Atribui-se aos mestres da Renascença a criação do novo estilo, para se opor ao equilíbrio, linearidade e harmonia do classicismo. O barroco é a linguagem da abundância, do transbordamento, da prodigalidade, do lúdico. Para alguns críticos e historiadores, o barroco era o extremo do ridículo e do absurdo. Para outros, era uma coisa desorganizada, exibicionista, o mau gosto. Era o sinônimo de tudo que se considerava anti-artístico, que não era estético.

CURVA & VERTIGEM - Mas, apesar de todas as críticas acirradas, no século XIX, o barroco é resgatado como uma expressão artística e estética válida e poderosa. De acordo com o escritor e poeta Ferreira Gullar, em sua obra O Olhar – Barroco Olhar e Vertigem, o Brasil é um país barroco, sobretudo em suas paisagens. Os montes recortados brasileiros, que tanto influenciaram o arquiteto Oscar Niemeyer, são uma das características mais fortes do barroco: a linha curva, suplantando a linha reta. “O barroco é uma arte essencialmente retórica, que explora a ilusão de ótica, que conduz ao delírio e à vertigem e consequentemente à ilusão”, afirma Gullar em seu livro.


Movimento artístico que simboliza a ruptura, no campo das ideias, entre o Brasil colônia e Portugal, o barroco floresceu a partir da descoberta do ouro, em Minas Gerais. Mas, foi na Bahia que atingiu todo o seu esplendor. A Bahia, ainda no ciclo do açúcar, produziu notável arte barroca. A riqueza da capital da Colônia permitiu a renovação artística deflagrada pela reconquista das terras pelos portugueses. A arquitetura sofreu influência de Portugal e Itália. As fabulosas obras de arte no interior das igrejas demonstram pompa e riqueza, e atraiam multidões da Europa para o Brasil.


ESTILO A OURO - Foram as ordens religiosas - jesuítas, beneditinos, carmelitas e franciscanos - que trouxeram o barroco para o Brasil. Na Bahia, imperou o barroco das igrejas douradas, como se fossem cavernas de puro ouro. O melhor exemplo do movimento está na Igreja e Convento de São Francisco, em Salvador, que tem seu interior completamente forrado com folhas de outro e carrega a marca de ser uma das igrejas mais ricas do país. Deixando a capital baiana de lado, os municípios do Recôncavo constituem-se num extraordinário parque barroco ao ar livre.

A maior expressão do barroco na região é a cidade de Cachoeira, mas quase todos os municípios da região guardam verdadeiros tesouros da época de ouro, como Santo Amaro, São Félix, Maragogipe, Jaguaripe, Itaparica e Nazaré. Cachoeira, depois de Salvador, é a cidade baiana que reúne o mais importante acervo arquitetônico no estilo barroco. Seu casario, suas igrejas, seus prédios históricos preservam a imagem do Brasil Império.


A imponência do seu casario barroco levou a cidade a alcançar o status de “Cidade Monumento Nacional”. Estando em Cachoeira, não deixe de visitar o Convento e Igreja Nossa Senhora do Carmo, imóvel do século XVIII, a Ordem Terceira do Carmo, construído por volta de 1702, a Casa da Câmara e Cadeia, datado de 1700, o Chafariz Público, do século XVIII, a Igreja da Matriz de Nossa Senhora do Rosário, do século XVII e a Capela de Nossa Senhora da Ajuda, erguida em


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