09 agosto 2010

As aventuras de Arthur e Lucas no Reino da Atlântida (6)

-- Hoje, 10% do que a humanidade consome em calorias vem do mar. Explicou o cavalo marinho Dourado. Portanto, ainda há tempo de fazer nos oceanos o que o homem não conseguiu fazer em terra, evitar a dilapidação dos recursos naturais pela exploração descontrolada e pelo desperdício.


E disse mais:


-- As crianças de todo o mundo estão conhecendo agora o que se esconde debaixo d´água e juntas poderão fazer uma revolução no mundo. Dessa forma, os adultos poderão estabelecer com mais segurança regras e cotas para a exploração dos recursos marítimos. Isso inclui as fontes de energia submarinas.


E mostrou grandes reservas de hidrato de metano (moléculas de metano presas em cristais de água). O potencial energético desse recurso equivale ao dobro de todo petróleo, gás natural e carvão existentes. Ainda, não se conhece a tecnologia para explorá-lo com segurança. Faremos isso com maior sabedoria, se conhecermos os seres que vivem lá.


Arthur estava fascinado com todo aquele aprendizado. E mais intrigado ficava porque podia respirar debaixo d´água por todo aquele tempo. Tudo aquilo parecia um sonho. E no meio de todas aquelas crianças ele levantou a mão e disse:


-- Vou ajudar vocês e, assim, estou ajudando a nós mesmos. Vou me dedicar ao estudo da biodiversidade marinha para melhor entender e melhorar o meio ambiente. Os mares sempre me fascinaram. E assim será.


Todos compreenderam o que ele falou. Debaixo d´água era assim, todos são iguais, não importa o local onde nasceu. Todos aplaudiram com entusiasmo.


Shaolim, o garoto japonês, disse que também vai coordenar uma equipe de crianças voluntárias na sua região, para fazer um movimento de limpeza das margens dos rios. Tales, o garotinho grego, falou que o mundo está cercado de água, tendo dela nascido a vida, então era importante preservá-la. E lembrou do filósofo Heráclito que tem uma célebre frase que diz que não podemos nos banhar duas vezes no mesmo rio. Ou seja, no universo há sempre mudança, águas diferentes. Há encontros de rios e mares. E pediu a todos mais empenho nas atividades de preservação.


Igor, o menino africano, lembrou que em sua terra fará reunião com todos os amigos para passar todos esses ensinamentos. Esses ensinamentos serão repassados para outros e muitos outros até o nível de conscientização total. As crianças, enfim, vão salvar o mundo.

-- Se todos vocês agirem de forma planejada, em cada canto da terra, o comportamento de vocês vai alterar o das outras pessoas. E assim, alterar a memória e as reações delas. Dessa forma, você vai modificar o futuro e a história. Esses pequenos comportamentos podem interferir em grandes reações na história. Afirmou o cavalo-marinho Dourado, acrescentando:

-- Toda vez que os humanos pescam nossos seres em demasia, afeta a cadeia alimentar, o ecossistema, a biosfera terrestre. Além disso, a ausência de descendentes dos peixes pescados afetará o processo de observação dos biólogos, interferindo em suas reações, pesquisas, livros, universidade e sociedade. Não somos uma ilha no planeta. Somos uma família vivendo numa complexa teia. Precisamos cuidar de todos mutuamente, caso contrário, não sobreviveremos. Todos nós.


O incansável apetite para explorar a vida marinha levou Arthur a ansiar conhecer os mistérios que envolviam as espécies aquáticas. A cada explicação de Dourado, ele memorizava tudo, afinal, desde pequeno tinha essa paixão pelo mar e vivia cantando as músicas de Dorival Caymmi nos lugares que gostava de estar.


O pescador tem dois amores/Um bem na terra, um bem no mar//O bem de terra é aquela que fica/Na beira da praia quando a gente sai/O bem de terra é aquela que chora/Mas faz que não chora quando a gente sai/O bem do mar é o mar, é o mar/Que carrega com a gente/Pra gente pescar”


Minha jangada vai sair pro mar/Vou trabalhar, meu bem querer/Se Deus quiser quando eu voltar do mar/Um peixe bom eu vou trazer//Meus companheiros também vão voltar/E a Deus do céu vamos agradecer//Adeus, adeus/Pescador não se esqueça de mim/Vou rezar pra ter bom tempo, meu bem/Pra não ter tempo ruim/Vou fazer sua caminha macia/Perfumada com alecrim”.


Arthur agora percebeu que na piscina de águas azuis cristalinas havia uma grande pedra negra. A conhecida Pedra do Encontro, conforme batizou o tio Guto em Barra de Jacuípe. Era o local certo do encontro do rio Jacuipe com as águas do mar. Nesse ponto, um grande redemoinho de águas turvas e verdes rodavam incessantemente até se misturar completamente. Nessa união entre água doce e salgada, bem abaixo estava o Reino da Atlântida.

Quando retornou de Atlântida, Arthur conversou demoradamente com Lucas e começou um movimento em defesa das águas do rio e do mar. Enquanto suas famílias se reuniam com os amigos, os dois garotos se encontravam com outras crianças da localidade para recolher o lixo que os adultos deixavam na praia. Aproveitavam e procuravam dar conselhos a outras pessoas da vizinhança. Durante todo o mês de setembro, de Arembepe até Jaguaripe, toda a orla já estava mudada. As crianças realmente entraram em ação e, com planejamento, conseguiram levar sua mensagem de socorro para salvar rios e mares. Em todo o mundo, as crianças abraçaram a causa em defesa do meio ambiente.

Este é Arthur


Dois mundos, terra e água, duas histórias se cruzaram, uma vida pela frente. A vida dos sobreviventes. E quem contará essa história para futuras gerações, é preciso acreditar nas ações em benefício de todos. É preciso abrir os braços, apertar as mãos e unidos ajudar uns aos outros. O sol continuava sua trajetória a iluminar a vida e o céu límpido inspirava mudanças internas.

-- De hoje em diante, toda vez que olhares um ser marinho, lembrará de mim. Mesmo quando o mar estiver revolto, aquela lembrança estará brilhando dentro de você, mostrando os caminhos que deve seguir e revelando o meu amor a todas as criaturas vivas. Disse o cavalo-marinho Dourado.

Este é Lucas


Arthur não sabia como começar, mas estava disposto e precisava de uma lembrança interior. Suas idéias teriam alcance mundial. Lutaria pelos direitos marinhos, chamaria atenção de toda a sociedade e sua luta atravessaria vales e planaltos. E ele sabia que iria conseguir, pois precisaria enxergar com os olhos do coração. Com ele estava Lucas e todas as crianças para salvar o planeta.

Será o fim ou apenas o começo de outra aventura. Continuem vocês crianças...

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