25 janeiro 2020

Suingue da negra voz celebra 40 anos de carreira




Ele é ariano nascido e criado no bairro da Garibaldi, perto do terreiro de Mãe Menininha de Gantois que foi amiga de sua avó materna. Assim, desde criança ele ficava ouvindo os cânticos do candomblé. Com o tempo já estava na roda de samba, cantando. Foi o samba que lhe deu base rítmica desenvolvido nos redutos como as agremiações Cacique do Garcia e Bafo de Jegue. Ele participou ainda de grupos folclóricos dos colégios ICEIA e Severino Vieira. Das rodas do Garcia ele foi levado à grande inovação baiana dos anos 70, o Ilê Aiyê, do qual fez parte entre 1979 e 1980. Estamos falando de uma das melhores vozes masculinas da Bahia: Lazzo Matumbi. Conhecido pelas interpretações carregadas de swing e lamento, o cantor é um dos ícones do reggae brasileiro.



“Ôôô/Vem correndo me abraça e me beija/Vem ver, chamar chamar/Vem provar do meu encanto/Vem dizer que eu não fui santo nenén/Onda do mar me levou/E eu resisti//ôôô/Vem correndo me abraça e me beija/Vem me dar, todo o chamego//Vem vem dia 20 de novembro/Se todo dia é santo neném/Onda do mar me levou/Me levou, mas hoje estou aqui/Onda do mar me levou/E eu resisti” (Me abraça e me beija)




Em maio de1980 no antológico show de Gilberto Gil e Jimmy Cliff, onde eu era, na época, editor do caderno de cultura do jornal Correio da Bahia e fazia a cobertura,. Lazzo estava presente e ficou arrebatado pela batida do reggae e da força de sua mensagem política. No ano seguinte ele fazia sua estréia solo: “Luz no escuro”, primeiro show de reggae depois de Gil e Cliff.




A primeira música que gravou foi “Salve a Jamaica” (Raí). Em 1983 lançou “Viver, sentir e amar” com a autoral “Do jeito que seu nego gosta”, um dos seus maiores sucessos. Dois anos depois, em São Paulo, vem “Filho da terra”. Nos anos 90 ele lançou dois discos: Arte de Viver (1990) e Nada de Graça (1999) onde registrou músicas como “Alegria da cidade” (parceria com Jorge Portugal) e “Coração rastafari” (Djalma Luz) ou imprimindo sua releitura para “Gostava tanto de você” (Édson Trindade), “A tonga da milonga do kabuletê” (Toquinho e Vinícius) e “Charlie Brown” (Benito Di Paula). Depois vieram outros sucessos marcantes como “Me abraça e me beija” e “Abolição” (parceria com Capinan).



“Tomara, tomara que a chuva/Tomara que a chuva caia logo/Pra molhar você/Pingo de estrela cai do céu azul/Do jeito que seu nego gosta/O jeito molhado do seu corpo nú/Do jeito que seu nego gosta/Do jeito que seu nego gosta/Te ver brilhando em meu olhar/Do jeito que seu nego gosta/E te amando peço seu cantar/Do jeito que seu nego gosta/Do jeito que seu nego gosta/Do jeito que seu nego gosta/Cortando espaço de norte à sul/Do jeito que seu nego gosta/Gotas de mel no seu sorriso blue/Do jeito que seu nego gosta/Do jeito que seu nego gosta/Te ver brilhando em meu olhar/Do jeito que seu nego gosta/E te amando peço seu cantar/Do jeito que seu nego gosta/Do jeito que seu nego gosta/Do jeito que seu nego gosta/Cortando espaço de norte à sul/Do jeito que seu nego gosta/O jeito molhado do seu corpo nú/Do jeito que seu nego gosta/Do jeito que seu nego gosta/Te ver brilhando em meu olhar/Do jeito que seu nego gosta/E te amando peço seu cantar/Do jeito que seu nego gosta/Do jeito que seu nego gosta” (Do jeito que seu nego gosta)




Entre as várias experiências sem sua trajetória se destaca a turnê ao lado de Jimmy Cliff, dez anos depois daquele show da Fonte Nova que foi fundamental para suas convicções político musicais. Foram três anos de 50 apresentações de abertura para o jamaicano, passando pela Europa, Estados Unidos e Ásia, visitando países como a Jamaica e o Senegal, e conhecendo personalidades como Youssou N´Dour e Salif Keita.



Em maio de 2006 ele comemorou seus 25anos de careira com show no Teatro Vila Velha. Teve uma época que o artista montou um bloco sem cordas, o Coração Rastafari, com grande participação popular. Lazzo trocou o abadá por três quilos de alimentos para distribuir com entidades assistenciais. Por causa dessa ação social, foi muito criticado. “A Bahia e o Brasil são ingratos porque valorizam muito mais o que vem de fora do que o que se produz aqui dentro”, disse em uma entrevista.



“Do horizonte vai rasante o meu grito, vai encontrar/aquele negro bonito/Que transava bem o corpo e o espírito, possuído de/amor e conflito/No seu rosto sempre viam sorrindo/ôooo/No teu corpo moço, moço... onde a paz fez abrigo/Foi no teu corpo moço, moço, moço onde a paz fez/abrigo/Sempre amava a mother negra Jamaica/Era um pedaço da nossa mãe África/Ele queria igualdade entre as raças/E batalhava nos palcos de praças/Cantando reggae/Ele era o seu povo rasta/Falando a dor que fere a negra e oprimida raça/A muita gente que não tem cidade/Ele deixou amor, tristeza e saudades/E uma voz que floresce e invade e fortalece o grito de/liberdade/Liberdade, eu grito, eu grito Liberdade/Grito aflito, eu grito ao meu coração Rastafari/Liberdade, eu grito Liberdade... (Coração rastafari)




Foi no show de estreia Luz no Escuro, no Vila Velha que Baby Santiago, outra grande voz, desta vez da rádio baiana, chamou Lazzo para produzir um disco e perguntou-lhe seu nome. Na época seu nome artístico era Lazinho Diamante Negro. Depois, por causa do Ilê, Lazinho do Ilê. E Baby sugeriu Lazzo com dois zes e Matumbi, que segundo ele era uma pedra sagrada da Nigéria. O nome ficou.



“A minha pele de ébano é.../a minha alma nua/espalhando a luz do sol/espelhando a luz da lua (2x)//Tem a plumagem da noite/e a liberdade da rua/minha pele é linguagem/e a leitura é toda sua//Será que você não viu/não entendeu o meu toque/no coração da América eu sou o jazz, sou o rock//Eu sou parte de você, mesmo que você me negue/na beleza do afroxé, ou no balanço no reggae//Eu sou o sol da Jamaica/sou a cor da Bahia/eu sou você e você não sabia//Liberdade Curuzu, Harlem, Palmares, Soweto//Nosso céu é todo blues e o mundo é um grande gueto//Apesar de tanto não/ tanta dor que nos invade, somos nós a alegria da cidade/apesar de tanto não/tanta marginalidade, somos nós a alegria da cidade (2x)” (Alegria da Cidade)




“Duas coisas me enchem o saco. Uma é as pessoas ficarem o tempo todo dizendo que ´você canta pra caramba´, mas não me dão a oportunidade de cantar. Isso é de uma demagogia que é bem a cara da nossa cidade, do nosso país. Eu adoro você, mas não lhe dou emprego. Acho você um profissional maravilhoso, mas não lhe chamo para fazer nada. Outra, é quando eu vou visitar um amigo, tô querendo curtir a amizade dele, o momento, e aí vem alguém e pede pra que eu cante uma música. Isso é uma coisa que me aborrece e algumas pessoas ainda dizem: ´esse cara é cheio de pose´. Outro dia eu perguntei a um advogado amigo meu se ele podia bater uma petição, depois que ele me pediu pra cantar. Ele pulou fora...”, disse Lazzo em uma das entrevistas que deu. Verdadeiro!




"Passar quarenta anos, e não se corromper, fazer música de qualidade, com compromisso, músicas que passado todo esse tempo todo mundo canta até hoje, é uma 'responsa' que eu tenho, e que eu preciso devolver ao meu público" disse em uma entrevista ao jornal Correio.


Um comentário:

Emil Thomos disse...

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