“À Procura da Felicidade” é um filme com
Will Smith (de “Eu, Robô”, “Bad Boys 1 e 2”), dirigido pelo italiano Gabriele
Muccino. O filme se baseia na história verídica de um desempregado e sem-teto
aos trinta de idade, ele vivia com o filho em um banheiro de São Francisco
quando decidiu se empenhar no objetivo de virar um banqueiro. Primeiro por meio
de estágios e empregos menores. Aos poucos, criou a sua própria empresa de
especulação financeira e investimentos, enriqueceu. “A Felicidade Não Se Compra”,
foi outro sucesso na tela. Filme de Frank Capra (1946). Em 1998 o cineasta Todd
Solondz lançava “Felicidade”. O título resume muito bem a intenção do filme de
explorar a hipocrisia, a falsidade, os contrastes. Tudo para provar que não há
fórmula infalível na busca desse tão almejado “estado de contentamento”. Quanto
maior a ilusão de felicidade, maior a decepção. Avassalador.
Vivemos mais e melhor, mas não somos
mais felizes do que nossos antepassados. Isso porque a felicidade era algo,
para nossos antepassados, que acontecia e não um produto de nossas vontades.
Quem busca uma alegria contínua e soberana, ou a ausência total de sofrimento,
certamente nunca será feliz. É preciso amar a vida, mesmo quando ela é
difícil. O filósofo alemão Friedrich
Nietzsche (1844/1900) falava em alegrar-se com o que é, e não esperar o que não
é. Conhecer, mais que crer. Amar e agir, mais que esperar e temer. Para o
pensador francês André Comte-Sponvillle (autor do livro “Felicidade,
Desesperadamente”), “ser feliz é desejar o que temos, ou o que é. Esperar é ter
medo. Ser feliz é ser sereno. O conteúdo da felicidade é a alegria. Não há
alegria maior que amar. Amar é contentar-se com o que existe. A única
felicidade está dentro da verdade”. Eis um trecho de seu pensamento:
“Portanto a felicidade é a meta da
filosofia. Para que serve filosofar? Serve para ser feliz, para ser mais feliz.
Mas, se a felicidade é a meta da filosofia, não é sua norma. O que entendo por
isso? A meta de uma atividade é aquilo a que ela tende; sua norma é aquilo a
que ela se submete. Quando digo que a felicidade é a meta da filosofia mas não
sua norma, quero dizer que não é porque uma idéia me faz feliz que devo
pensá-la – porque muitas ilusões confortáveis me tornariam mais facilmente
feliz do que várias verdades desagradáveis que conheço. Se devo pensar uma
idéia, não é porque ela me faz feliz (senão a filosofia não passaria de uma
versão sofisticada, e sofística, do método Coué: trata-se de pensar ‘positivo’,
como se diz, em outras palavras ludibriar-se). Não, se devo pensar uma idéia é
porque ela me parece verdadeira”.
“A felicidade é a meta da filosofia mas
não é a sua norma, porque a norma da filosofia é a verdade, pelo menos a
verdade possível (porque nunca a conhecemos por inteiro, nem absolutamente, nem
com total certeza), o que chamaria de bom grado, corrigindo Spinoza por
Montaigne, a norma da idéia verdadeira dada ou possível. Trata-se de pensar não
o que me torna feliz, mas o que me parece verdadeiro – e fica a meu encargo
tentar encontrar, diante dessa verdade, seja ela triste ou angustiante, o
máximo de felicidade possível. a felicidade é a meta; a verdade é o caminho ou
a norma. Isso significa que, se o filósofo puder optar entre uma verdade e uma
felicidade – felizmente, o problema nem sempre se coloca nesses termos, só às
vezes –, se o filósofo puder entre uma verdade e uma felicidade, ele só será
filósofo, ou só será digno de sê-lo, se optar pela verdade. Mais vale uma
verdadeira tristeza do que uma falsa alegria”.
Blaise Pascal, físico, matemático e
filósofo francês, escreveu no século XVII: "A felicidade é o motivo de
todas as ações de todos os homens, inclusive dos que vão se enforcar".
Querer ser feliz é uma lei natural da alma humana. Ou, como diz outro filósofo
francês, atual, Pascal Bruckner, é uma réplica moral da lei da gravidade.
Dinheiro, prestígio, sexo e tudo mais que julgamos ser a nossa felicidade é
transitório. As circunstâncias mudam e com elas, na maioria das vezes, os
nossos humores. Além de misteriosa, portanto, a felicidade é talvez a coisa
mais fugidia deste mundo.
"A melhor maneira de definir
felicidade é vê-la não como um estado (prazer ou bem-estar, por exemplo), mas
como um modo de vida, o que implica o exercício de determinadas capacidades, a
realização de nossas potencialidades", diz o doutor em filosofia Cláudio
Reis, da Universidade de Brasília. "O problema é saber o que exatamente
compõe esse modo de vida, algo impossível de ser reduzido a uma fórmula”.
“No século XVIII, felicidade já deixara
de ser um direito para se tornar um dever. Mas essa inversão de valores só se
consolidou no século XX, depois de 1968, quando se fez uma revolução em nome do
prazer, da alegria, da voluptuosidade. A partir do momento em que o prazer se
torna o principal valor de uma sociedade, quem não o atinge vira um indivíduo
fora-da-lei” revela o autor do livro “A Euforia Perpétua”, o romancista e ensaísta
francês Pascal Bruckner. Ele questiona o dever de felicidade na sociedade
ocidental, e exorta as pessoas a não se sentirem culpadas por não serem
felizes. “Mais importante do que a felicidade, é a alegria de simplesmente
estar vivo, de estar aqui na terra para esta aventura efêmera", diz
Bruckner.
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