Nos anos 1920, com a crescente industrialização e a urbanização em todo o mundo, a necessidade de preparar o país para o desenvolvimento levou um grupo de intelectuais brasileiros a se interessar pela educação – vista como elemento central para remodelar o país. Os novos teóricos viam num sistema estatal de ensino livre e aberto o único meio efetivo de combate às desigualdades sociais. Esse movimento chamado de Escola Nova ganhou força nos anos 1930, principalmente após a divulgação, em 1932, do Manifesto da Escola Nova.
O documento pregava a universalização da escola pública, laica e gratuita. Entre os nomes de vanguarda que o assinaram estavam, além de Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo (1894-1974), que aplicou a sociologia à educação e reformou o ensino em São Paulo nos anos 1930, o professor Lourenço Filho (1897-1970) e a poetisa Cecília Meireles (1901-1964). A atuação desses pioneiros se estendeu por décadas, muitas vezes criticada pelos defensores da escola particular e religiosa. Mas eles ampliaram sua atuação e influenciaram uma nova geração de educadores como Darcy Ribeiro (1922-1997) e Florestan Fernandes (1920-1995). Anísio foi mentor de duas universidades: a do Distrito Federal, no Rio de Janeiro, desmembrada pela ditadura de Getúlio Vargas, e a de Brasília, da qual era reitor quando do golpe militar de 1964.
AUTORIDADE - Anísio Spínola Teixeira foi uma das maiores autoridades educacionais da América Latina, estudando a educação como o maior problema político do Brasil. Para ele, a educação deve ser ajustada as condições da sociedade, servindo de instrumento para a mudança e progresso. Dedicou-se inteiramente a área da educação, na qual exerceu cargos relevantes.
Nasceu em Caetité, em 1900. Graduou-se em ciências de educação pela Columbia University, EUA. Exerceu, em Londres, as funções de conselheiro para o ensino superior, na Unesco. Autor intelectual do projeto da Universidade de Brasília, foi seu primeiro reitor.
Ensinou filosofia da educação na Escola de Educação da Universidade do Distrito Federal e foi catedrático de administração escolar da Universidade do Brasil. Suas doutrinas repercutiram grandemente na educação brasileira e no sistema educacional da América Latina.
Situou a educação como talvez o maior problema político brasileiro. Entre suas obras, destacam-se Educação Progressiva, A Educação e a Crise Brasileira, Vida e Educação, e Educação não é Privilégio. Na administração do prefeito Pedro Ernesto Batista foi nomeado secretário de Educação (1935), lançando as bases da obra de grande envergadura, ao criar um verdadeiro sistema de educação, da escola primária à Universidade do Distrito Federal.
De 1936 a 1946, afastou-se de qualquer atuação pública, dedicando-se à vida empresarial com o mesmo entusiasmo e dinamismo, tornando-se um dos grandes exportadores de manganês no Estado da Bahia. De 1946/47, exerceu as funções de conselheiro do ensino superior da Unesco. De 1947 a 1951 organizou os conselhos municipais de educação e o Centro Educacional Carneiro Ribeiro (Escola Parque de Salvador), experiência inédita, destinada a dar educação integra, aos jovens (dialética e profissionalizante), e que serviu de modelo ao sistema educacional mais tarde instalado em Brasília. Faleceu em 11 de março de 1971. (Fonte: O texto original foi publicado no livro Gente da Bahia, primeiro volume, de Gutemberg Cruz. Editora P&A, 1997 )
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