Kato, no seriado da TV, é o assistente do herói, perito em artes marciais e inventor do carro e das várias traquitanas do personagem principal. Mesmo com pouca participação, Lee rouba a cena quando mostra suas habilidades no combate corpo a corpo. Naquela época, Hollywood mostrava mais o típico americano de olhos verdes, Van William, o Besouro Verde. Na versão atual, Kato é vivido pelo ator Jay Chou, e sua atuação cresceu em importância, prova de que a luta de Bruce Lee por um lugar ao sol nas telas e na cultura norte americana não foi em vão. Basta conhecer o legado de Lee com atuações de atores como Jackie Chan, Jet Li, Chow Yun Fat, Jay Chou e muitos outros.
Ele foi um fenômeno que ultrapassou os limites da cultura pop. Um símbolo e uma referência máxima do século XX. Bruce Lee tinha a virtude de mostrar habilidade incomum numa luta. Com grande desenvoltura, Bruce misturava estilos variados de artes marciais. O kung fu, o jiu jitsu, o karatê, o judô – tudo ele dominava. Além de modalidades ocidentais como o boxe, cujos fundamentos exibia com maestria.
“O lutador deve se comportar numa luta como a água – insubstancial, flexível”. Ele acreditava que um lutador em plena forma deveria ser capaz de se mostrar imprevisível, ágil e veloz. Tudo para, aos olhos do adversário, parecer translúcido como a água. Lutador completo, Bruce Lee criou também um estilo próprio de luta: o jeet kune do. Esse estilo alia técnicas marciais com filosofia oriental. Foi assim que contribuiu para popularizar essa luta milenar no Ocidente.
No cinema, sua influência começou nos filmes de ação dos anos 70 na China e nos EUA, chegando até o ano 2000 em produções cultuadas como a série “Matrix” dos irmãos Laurence e Andrew Wachowski, os dois volumes de “Kill Bill” de Quentin Tarantino, “O Matador” do chinês John Woo, “O Tigre e o Dragão” do chinês Ang Lee, “O Quinto Elemento” do francês Luc Bresson, entre outros. Ele inspirou dezenas de atores e imitadores. Sua vida e trajetória viraram musical da Broadway.
Nas histórias em quadrinhos a Marvel, nos anos 70, criou vários personagens em sintonia com a época como Mestre do Kung Fu, ou Shang Che. O visual de Chi era claramente copiado de Bruce Lee. Na TV, a série King Fu mostrava um monge shaolin vagando pelos EUA em busca de seu irmão e fugindo de caçadores de recompensa. O tropicalista Caetano Veloso cantou em “Um Índio” que o lutador era “tranqüilo e infalível”, e a crítica de cinema Pauline Kael escreveu que ele “foi o Fred Astaire das artes marciais”. Já a revista americana Time classificou Bruce Lee como o “chinês mais importante do século XX”. O jornalista Marco Antonio Lopes lançou pela Conrad Editora o livro “Bruce Lee definitivo”. O que Lee fazia era lutar gloriosamente: leve, perfeito, fluído, insubstancial como a água.
As artes marciais sempre fizeram parte da tradição familiar de Bruce Lee. Seu pai, Li Hoi Cheun era ator e cantor de ópera. Fazia parte da Companhia Cantonesa em Hong Kong, célebre e adorada como a Ópera de Pequim. Um dos três sobreviventes do massacre do templo Shaolin ocorrido em 1760, decidiu ensinar técnicas de luta para os atores da ópera. O objetivo era preservar a tradição da luta e, ao mesmo tempo, tentar denunciar através das peças a violência da dinastia Ching, que mandou destruir o templo onde viviam mais de 500 homens. Assim, muitos atores da ópera passaram a apresentar, de maneira coreográfica, os saltos, golpes e chutes dos Shaolin. Os filmes de luta nasceram da tradição do teatro chinês.
Bruce nasceu no bairro de Chinatown, em São Francisco no dia 27 de novembro de 1940, devido ao trabalho do pai que excursionava pelos EUA com uma companhia de ópera. Garoto inquieto, brigava na escola, na rua e com qualquer um que aparecesse em sua frente. O king fu foi o caminho encontrado para canalizar a energia e a agressividade do rapaz em Hong Kong. Aos 18 anos, por conta das brigas, ele se mudou de Hong Kong para São Francisco. E foi durante uma apresentação num torneio de artes marciais em Miami que Lee foi descoberto por um produtor da série Batman. Seu desempenho no evento lhe valeu um convite para participar da série Besouro Verde, no papel de Kato. Por ser oriental, Lee teve dificuldade para conseguir papéis nas TV e no cinema.
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