21 julho 2010

A volta triunfal do western (2) (nos anos 90)

O Velho Oeste Americano rendeu muitas produções culturais. O cinema, a literatura e a televisão aproveitaram-se com entusiasmo das ideias do oeste selvagem, terra sem lei, de homens fortes e perigos naturais, e o público consumiu esses produtos com voracidade. A era dos cowboys durou de meados de 1800 a 1920, o fim da Revolução Mexicana, representando a conquista e o desbravamento de toda a fronteira sul e ocidental dos Estados Unidos em formação. O excesso de produções, facilitadas pelo baixo orçamento do gênero, nas décadas de 1930, 40 e 50 exauriram o faroeste, que encontrou ainda algum fôlego nas décadas de 1960 e 70, primeiro em uma fase revisionista, depois com histórias mais irônicas e violentas, em que seus anti-heróis eram reflexos do revolucionário radicalismo cultural. Nos anos 1980 em diante, contam-se nos dedos os grandes westerns surgidos. (No dia 03/04/1991 publiquei uma reportagem no Caderno 2 do jornal A Tarde. 03/04/1991. Gutemberg Cruz)


Cavalos galopando, diligências em disparada, bancos e trens assaltados por estrangos mascarados, brigas sobre as mesas do saloon, duelos a bala na rua deserta, bandidos e mocinhos, barões do gado, vaqueiros, índios e xerifes. O bangue bangue voltou com força na década de 90. Um dos gêneros clássicos da época de ouro de Hollywood – que, por várias décadas, se constituiu no mais típico épico do cinema americano, mas que, nos últimos anos, esteve praticamente esquecido -, o western acaba de ser redescoberto. O sucesso de público e crítica de “Dança com Lobos” é o primeiro de uma série de filmes destinados a ressuscitar um gênero que parecia já sepultado com John Ford, John Wayne e outros de seus ilustres cultores.


A “corrida do ouro”, por volta de 1848, atrai ao Oeste todo tipo de aventureiro. É essa saga de pioneiros e desbravadores (e também de bandidos, exterminadores de índios, grileiros, pistoleiros e mercenários) que é retratada nos filmes do gênero western, mais conhecido no Brasil como faroeste ou bangue-bangue. Ao contar a marcha para o Oeste, esse filmes mostram também a formação de uma mentalidade tipicamente americana, baseada em conceitos de liberalismo, pioneirismo e individualismo. Para louvar esses valores, o faroeste valeu-se quase sempre de uma receita simples: um herói solitário, um paladino da justiça que decide tudo sozinho. Ele é justo (com as exceções de sempre), é competente (leia-se rápido no gatilho) e faz valer o idealismo americano nas terras virgens e sem lei do Oeste.


FILOSOFIA - A tensão criada por essa luta do herói contra o ambiente ou contra as forças do mal e da desordem constitui o núcleo principal da filosofia do faroeste. Assim nasceu um gênero americano por excelência, um universo povoado por mitos respeitáveis (e agora questionado), valores estratégicos próprios e uma maneira particular de filmagem – geralmente em locações, com amplos espaços que facilitavam tomadas com planos abertos, em que a paisagem importa quase tanto quanto os próprios heróis.

Com John Wayne e Cary Cooper, o homem do Oeste começou a se transformar numa espécie de cavaleiro errante, um colt de cada lado, a cavalgar solitário por aventuras em nada parecidas com os clichês dos tempos de Tom Mix. Diretores como John Ford (No Tempo das Diligências) e Raoul Walsh (Rio Vermelho) transformaram o gênero numa nova forma de arte e deram às suas histórias uma estrutura realmente épica. Mas, em meados da década de 60, aos olhos de um público mais exigente, ficou claro que o western se tornava anacrônico e alienado. Por outro lado, os novos cultores do gênero sobretudo o italiano Sergio Leone, um dos mestes dos chamados spaghetti westerns (nome pejorativo que se deu aos faroestes feitos com diretores e elencos italianos), popularizaram um novo tipo de “mocinho”: agora, em vez de herói incorruptível, corajoso e galante, o cowboy era um tipo cínico, impiedoso, capaz de matar friamente por alguns poucos dólares. Nesses filmes, mocinhos e bandidos se confundem.


Pela mesma época, isto é, durante os tempos de ativismo político dos anos 60 e 70, alguns diretores de Hollywood tentaram encontrar para o western caminhos mais consequentes e atuais, dando-lhes conotações sociais claras. Um bom exemplo é “O Pequeno Grande Homem”, que tenta por em xeque os valores convencionais, mostrando uma minoria (os índios) oprimida por um complexo industrial militar formada pela cavalaria, os banqueiros, os magnatas das estradas de ferro e os burocratas do governo.


Nos anos 80, houve uma pequena ressurreição com The Long Riders, a volta do velho mito dos irmãos Jesse e Frank James, contado pelo diretor Walter Hill; Heaven´s Gate (Portal do Paraiso), dirigido por Michael Cimino, onde conta a história de ima verdadeira guerra travada no Oeste entre vaqueiros e fazendeiros, além do filme de Lawrence Kasdan, “Silverado”, que conta com excelentes atuações de Scott Glenn e Kevin Costner. Mesmo assim, o faroeste sucumbiu às mudanças culturais e tecnológicas: matar vietcongs (ou muçulmanos) ficou mais atraente do que massacrar índios, e os efeitos especiais deram melhor resultados fora do que dentro do faroeste.


Com um trabalho cuidadoso, de três horas de muito talento e Oscars, Kevin Costner reabilitou o gênero na década de 90. “Dança com Lobos” tem uma mensagem, condenando o tratamento dado aos índios que, segundo o filme, apenas 13 anos depois dos acontecimentos narrados na fita já estariam praticamente exterminados. Mas essa é outra história

--------------------------------------------------

Quem desejar adquirir o livro Bahia um Estado D´Alma, sobre a cultura do nosso estado, a obra encontra-se à venda nas livrarias LDM (Piedade), Galeria do Livro (Boulevard 161 no Itaigara e no Espaço Cultural Itau Cinema Glauber Rocha na Praça Castro Alves) e na Pérola Negra (ao lado da Escola de Teatro da UFBA, Canela) E quem desejar ler o livro Feras do Humor Baiano, a obra encontra-se à venda no RV Cultura e Arte (Rua Barro Vermelho, 32, Rio Vermelho. Tel: 3347-4929

Um comentário:

Unknown disse...

quero adqerir o livro a mulheres que conquistaram o velho oeste, amei suas colcações pois sou apaixonada por esse tipo de filmes quando era jovem ou lia ou assistir esse tipo de historia tinha alguns livros, com o tempo me desliguei agora tornei a tomar gosto, beijo310562