O Brasil, com 8,5 milhões km² de extensão territorial, comporta uma população de 192 milhões de habitantes. Situa-se na América do Sul sendo português o idioma oficial do país. Nosso país foi favorecido pela natureza em todo o ponto de vista, mas porque continua com desequilíbrio social? Seis motivos fortes, ou seja, uma série de desgastes decisivos para entender a história. Seja na colonização predatória, três seculos de escravidão, a independência proclamada diante do absoluto alheamento da população. Uma república proclamada pelos militares. Fases desesperadas de um país que procurava a modernidade e não conseguia até chegar ao golpe de 1964.
Vinte e um anos depois os militares se retiram e o Brasil pode ter uma democracia com desigualdade gritante. Aqui temos uma das piores elites do mundo, a mídia brasileira é um dos rostos dessa elite. Ela sempre se coloca de um lado só. Essa mesma mídia chamava o golpe de revolução e outros como ditadura militar ou branda. Eles continuam atrelados a sua tradição: o poder está nas mãos deles. A mídia funciona como instrumento do poder. Os políticos brasileiros não conseguem escapar do vídeo da Globo ou das páginas amarelas da Veja. A Folha de S.Paulo, O Globo, Jornal do Brasil nunca foram censurados. O Estado de S.Paulo sim. Imparcialidade, isenção, independência. E hoje? Hipocrisia que a esta altura faz parte da tradição.
O jornalismo de verdade é investigativo, tem que ir a fundo em todas as questões. Não precisa ter oposição a tudo, mas que tenha que denunciar tudo que estiver “errado”. Imprensa isenta é impossível, já é consenso. Mas é preciso honestidade. E isso significa informar o leitor de que lado está, quais são suas posições. Mas tudo isso sem deixar de buscar a verdade factual, sem deixar a ideologia se sobrepor aos fatos. Mesmo quando a ideologia é explicitada. E a grande imprensa não faz nem uma coisa nem outra, ou seja, não explicita a ideologia, mas deixa que ela se sobreponha aos fatos.
PREDATÓRIA - Mas vamos por parte. Primeiro com a colonização predatória. As enormes extensões de terra que compõem o país, eram habitadas, no início do século XV, por uma população indígena estimada em 2 milhões de pessoas, vivendo da pesca e da agricultura rudimentar, caça e coleta de alimentos. Oficialmente, os portugueses chegaram ao Brasil em 22 de abril de 1500, embora pesquisas históricas indiquem que sua expedição foi precedida por outras incursões.
Quando os portugueses chegaram nas praias da Bahia agasalhados pelo frio europeu encontraram gente nua que vivia da caça e da pesca e tinham muitos deuses e várias mulheres. Foi um grande choque para os dois lados. E era só o começo. Durante décadas, levas e mais levas de europeus chegaram com seu Deus único e suas armas. Depois, começaram a aportar embarcações com um outro tipo de gente. Desta vez eram homens de pele escura, com correntes de ferro nos braços e nas pernas. Desse encontro nasceu um país cordial, mas violento. Acolhedor, mas injusto.
ESCRAVIDÃO - De início, a exploração das novas terras deu-se preferencialmente pela extração de pau-brasil. Com a expansão da presença portuguesa e o cultivo da cana de açúcar os primeiros colonos passaram a escravizar os indígenas para o trabalho agrícola. Por volta da segunda metade do século XVI, a dizimação das populações indígenas pelas doenças trazidas pelo europeus (gripe, varíola, sarampo) e pelos conflitos, aliada à dificuldade de adaptação dos indígenas ao trabalho escravo, levou os primeiros colonos à utilização de escravos negros. Do século XVI ao século XIX, estima-se que de 3 a 4 milhões de africanos foram trazidos ao Brasil.
A partir da segunda metade do século XVI, tornou-se marcante a presença dos jesuítas no trabalho de conversão dos indígenas ao catolicismo e fundando aldeias comunitárias similares às missões presentes na América espanhola. De modo geral, os primeiros colonos chegaram com ânimo de exploração, motivados pelas perspectivas de fazer fortuna com a extração das riquezas da terra. Esta circunstância deixou profundas marcas em nossa formação, por ser determinante na orientação das políticas coloniais da coroa portuguesa.
BANDEIRANTES - Filhos de portugueses com mulheres brasileiras, os bandeirantes descobriram terras que nenhum homem branco tinha visto. Durante 200 anos, entre os séculos 17 e 18, eles se embrenharam no mato para buscar índios, que capturavam para usar em suas próprias fazendas ou vender como escravos. Graças a eles, o Brasil ficou muito maior do que deveria ser, já que o Tratado de Tordesilhas, assinado entre Espanha e Portugal em 1494, dava aos portugueses só o nosso litoral. Os bandeirantes aumentaram o tamanho do nosso país, mas também provocaram um rombo de população. Cometeram o maior assassinato em massa do país. Mataram e prenderam tantos índios que o nosso interior ficou bem mais vazio.
Um dos primeiros bandeirantes da história, o português João Ramalho (século 16) fez amizade com a tribo dos tupiniquins, tinha várias esposas e uma multidão de filhos. Com o apoio do índios fundou a cidade de São Paulo. Mas sua aliança com os tibiriçás provocou a fim dos tupinambás. Surgiram outros bandeirantes que começaram a devastar o sul do Brasil. Antônio Raposo Tavares exterminou os índios guaranis que viviam pacificamente com os padres jesuítas (Missões). Quando os guaranis ficaram raros, os bandeirantes foram para o Planalto Central dominar os guaicurus. No Nordeste os índios tapuias se rebelaram contra os donos dos engenhos de açúcar e o famoso Domingo Jorge Velho chegou para destruir. Anos depois, as operações de caça (conhecidas como bandeiras) ganharam uma nova motivação – procurar ouro. Com o extermínio dos índios, o Brasil passou a usar os escravos da África e os bandeirantes voltaram para suas terras, para viver como fazendeiros. (Para saber mais, leia: “A Guerra dos Bárbaros”, de Pedro Puntoni, Hucitece “Negros da Terra – Índios e Bandeirantes nas Origens de São Paulo”, de John Manuel Monteiro, Cia das Letras).
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