12 junho 2007

Uma saudável mania invade as ruas (2)

A vida sobre duas rodas nunca foi difícil para os chineses. Dois terços das viagens urbanas diárias são feitos, na China, de bicicleta. Em Tóquio, a bicicleta já responde por um quarto das viagens urbanas diárias. Na Holanda, 13,5 mil quilômetros contínuos de ciclovias cobrem o país. Na Alemanha, o sinal para a ciclovia está incorporado ao trânsito. Um estudo pioneiro para implantação da rede de ciclovias foi realizado em 1977, em Curitiba e o prefeito Jaime Lerner queria, ao fim de sua terceira gestão, 154km de extensão, onde todos os caminhos da capital paranaense possam ser feitos de bicicleta. Quem se arrisca a pedalar em São Paulo, procura as três ciclovias de lazer, que funcionam em geral aos sábados e domingos.

Como é o caso do elevado Costa e Silva, mais conhecido como Minhocão, a Cidade Universitária e Ibirapuera. No final de 1992, a Prefeitura do Rio completou três grandes redes cicloviárias: Zona Sul Centro, Zona Oeste e Orla, totalizando 75 km de ciclovia integrados à malha urbana. O carioca tem, ainda, como alternativa de passeio ciclístico, o Aterro do Flamengo e as ruas da Urca.

Para muitas pessoas, ma cidade violenta e agressiva como Salvador jamais poderia abrigar carros e bicicletas em perfeita harmonia. Mas os ciclistas urbanos que a cada dia invadem mais e mais as ruas e avenidas da cidade provam o contrário. Para eles, nem as ladeiras íngremes da cidade, nem o tráfego intenso que a caracteriza, são dificuldades. Não há riscos de ser atropela
do pelo automóvel ou pela motocicleta – desde, é claro, que se respeite algumas leis do bom senso.

ITAPAGIPE
Quem pretende utilizar a bicicleta para fazer exercícios deve procurar áreas tranqüilas, longe do trânsito. A Federação Baiana de Ciclismo recomenda a península itapagipana, que é um ótimo local,pois não precisa de bicicleta específica porque é plana. Os que não abdicam da orla têm um problema: o pedestre e o ciclista disputam o mesmo espaço. A ciclovia, em Salvador, liga o Jardim de Alá à Itapuã. Mas em diversos pontos da área, construída na segunda metade da década de 80, fios mal conectados e calçamento quebrado tornam inseguras as passagens de pessoas, a pé ou de bicicleta. No início da Praia do Corsário, logo após o aterro da Boca do Rio, as ligações clandestinas dos pontos de energia elétrica (os gatos) são bem visíveis. Muitos culpam a prefeitura, que não se preocupou em colocar nos estabelecimentos na época da padronização das barracas.


Cada vez mais, Salvador é invadida por jovens ciclistas. Calcula-se, em mais de um milhão o número de magrelas em circulação na cidade. Por que todo esse interesse pelas bicicletas? Elas levam duas rodas, um carregamento de atrativos para a moçada. Não poluem, mantêm o corpo em forma e têm o tamanho exato para freqüentar as áreas verdes da cidade. E o melhor: dão uma sensação única de liberdade ao ciclista, que pode correr com o esforço próprio, pelas ruas e avenidas. Na pista da orla pinta de tudo. Gente com barriga de fora, camiseta enrolada na cabeça, shortinho que mostra maus do que esconde.

“Adoro ver as coisas passando rapidinho por mim enquanto pedalo”, confessa o músico Benjamin Alex. “Quem pedala tem mais consciência ecológica porque precisa de ar puro e mais educação no trânsito”. A preocupação de todos eles, pelo menos enquanto estão sobre duas rodas: sentir o vento batendo no rosto e a sensação de liberdade que esse contato proporciona. Chova ou faça sol, Nilzete Alves pedala, todas as manhãs, cerca de 20km. Para ela, o ciclismo é um exercício aeróbico menos cansativo e mais atraente do que a corrida.

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