Quem pensa que não temos personagens brasileiros de histórias em quadrinhos está muito enganado. Lancei pela Editora Noir o Grande Dicionário do Quadrinhos Brasileiro. São 1.035 verbetes. Desde o início do século XX temos os personagens Lamparina (J.Carlos), Reco Reco, Bolão e Azeitona (Luis Sá), Tinoco o caçador de feras (Theo). Chega os anos 30 com o mordaz e defensor do povo Juca Pato (Belmonte), a musa do modernismo Pagu (Patricia Galvão) publicou o trio Malakabaço, Fanika e Kebelhuda. Um painel da vida brasileira em diferentes regiões com João Tymbira, de Francisco Acquarone de 1938. O terror do Garra Cinzenta de 1939.
Nos anos 40, o malicioso Amigo da Onça (Péricles). Na década de 50 o Dr. Macarra de Carlos Estêvão. Ziraldo aparece nos anos 60 com a Turma do Pererê e logo em seguida Henfil invade os quadrinhos com Fradim, Grauna e Ubaldo o paranoico. O aventureiro dos pampas gaúchos Aba Larga de Getulio Delphin, o marginal Rango de Edgar Vasques e o Super Cupim lá do Rio Grande do Norte.
Os anos 1970 foram prósperos para Mauricio de Souza e sua Turma da Mônica. De lá para cá surgiram centenas de outros personagens como Jerônimo o Heroi do Sertão, o Anjo, Bob Cuspe, Rê Bordosa, os Piratas do Tietê etc. A Bahia não ficou de fora, pois temos a Turma do Xaxado de Cedraz, Buteco Teco, de Lessa, a baianidade de Setubal nas tiras do Fala Mansa, a negritude de Nego e Nega de Romilson Lopes, Fala Menino de Luis Augusto, Au o capoeirista, o Cabra e Jab o lutador de Flavio Luiz, Dora Mulata e Pituboião de Lage, O Porco com cauda de pavão de Caó e Dona Dedé de Wilton Bernardo. Quem estiver interessado para adquirir a obra é só entrar em contato com a Editora Noir (contato@editoranoir.com.br).
A saga dos quadrinhos no Brasil se inicia em 1869 com o personagem Nhô Quim criado por Ângelo Agostini para o semanário Vida Fluminense. O talento de Agostini aflorou definitivamente a partir de 1883 quando criou o malandro romântico e sobretudo tipicamente brasileiro, Zé Caipora para a Revista Illustrada. São trabalhos sequenciados, muito antes do termo história em quadrinho ter sido criado.
Durante muito tempo, a produção de histórias em quadrinhos no Brasil limitou-se à reprodução – e tradução – dos originais estrangeiros, principalmente norte americanos. Em 1905, por exemplo, a editora O Malho publicou O Tico Tico, onde Buster Brown, de Outcault, apareceu como Chiquinho. Era comum, na época, a utilização do papel vegetal como meio de copiar o original – posteriormente, o texto era traduzido e encaixado, e nova coloração era dada.
A primeira revista exclusivamente de quadrinhos foi lançada em 1905, no Rio de Janeiro. Chamava-se O Tico Tico e foi um grande sucesso entre crianças e adolescentes de seu tempo. Dentre os colaboradores estavam nomes como J.Carlos (Lamparina), Luis Sá (Reco Reco, Bolão e Azeitona), Theo (Tinoco, o Caçador de Feras) e Alfredo Storni (Zé Macaco e Faustina). Foram 2097 edições e quase 57 anos de existência, encerrou uma saga ainda não igualada pelas revistas infantis nacionais. Marco de nossas publicações infantis, deixou de circular em fevereiro de 1962, derrotado pelos super-heróis norte americanos dos gibis. Circulou, porém, por mais de 50 anos, a infância de muitos brasileiros, passando a fazer parte do imaginário coletivo da cultura nacional.
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