17 dezembro 2022

A,B,C dos personagens do quadrinho brasileiro (De Nhô Quim, de Agostini aos Zeróis, de Ziraldo) (01)

 

Quem pensa que não temos personagens brasileiros de histórias em quadrinhos está muito enganado. Lancei pela Editora Noir o Grande Dicionário do Quadrinhos Brasileiro. São 1.035 verbetes. Desde o início do século XX temos os personagens Lamparina (J.Carlos), Reco Reco, Bolão e Azeitona (Luis Sá), Tinoco o caçador de feras (Theo). Chega os anos 30 com o mordaz e defensor do povo Juca Pato (Belmonte), a musa do modernismo Pagu (Patricia Galvão) publicou o trio Malakabaço, Fanika e Kebelhuda. Um painel da vida brasileira em diferentes regiões com João Tymbira, de Francisco Acquarone de 1938. O terror do Garra Cinzenta de 1939.

 

Nos anos 40, o malicioso Amigo da Onça (Péricles). Na década de 50 o Dr. Macarra de Carlos Estêvão. Ziraldo aparece nos anos 60 com a Turma do Pererê e logo em seguida Henfil invade os quadrinhos com Fradim, Grauna e Ubaldo o paranoico. O aventureiro dos pampas gaúchos Aba Larga de Getulio Delphin, o marginal Rango de Edgar Vasques e o Super Cupim lá do Rio Grande do Norte.

 


Os anos 1970 foram prósperos para Mauricio de Souza e sua Turma da Mônica. De lá para cá surgiram centenas de outros personagens como Jerônimo o Heroi do Sertão, o Anjo, Bob Cuspe, Rê Bordosa, os Piratas do Tietê etc. A Bahia não ficou de fora, pois temos a Turma do Xaxado de Cedraz, Buteco Teco, de Lessa, a baianidade de Setubal nas tiras do Fala Mansa, a negritude de Nego e Nega de Romilson Lopes, Fala Menino de Luis Augusto, Au o capoeirista, o Cabra e Jab o lutador de Flavio Luiz, Dora Mulata  e Pituboião de Lage, O Porco com cauda de pavão de Caó e Dona Dedé de Wilton Bernardo. Quem estiver interessado para adquirir a obra é só entrar em contato com a Editora Noir (contato@editoranoir.com.br).

 

A saga dos quadrinhos no Brasil se inicia em 1869 com o personagem Nhô Quim criado por Ângelo Agostini para o semanário Vida Fluminense. O talento de Agostini  aflorou definitivamente a partir de 1883 quando criou o malandro romântico e sobretudo tipicamente brasileiro, Zé Caipora para a Revista Illustrada. São trabalhos sequenciados, muito antes do termo história em quadrinho ter sido criado.

 


Durante muito tempo, a produção de histórias em quadrinhos no Brasil limitou-se à reprodução – e tradução – dos originais estrangeiros, principalmente norte americanos. Em 1905, por exemplo, a editora O Malho publicou O Tico Tico, onde Buster Brown, de Outcault, apareceu como Chiquinho. Era comum, na época, a utilização do papel vegetal como meio de copiar o original – posteriormente, o texto era traduzido e encaixado, e nova coloração era dada.

 


A primeira revista exclusivamente de quadrinhos foi lançada em 1905, no Rio de Janeiro. Chamava-se O Tico Tico e foi um grande sucesso entre crianças e adolescentes de seu tempo. Dentre os colaboradores estavam nomes como J.Carlos (Lamparina), Luis Sá (Reco Reco, Bolão e Azeitona), Theo (Tinoco, o Caçador de Feras) e  Alfredo Storni (Zé Macaco e Faustina). Foram 2097 edições e quase 57 anos de existência, encerrou uma saga ainda não igualada pelas revistas infantis nacionais. Marco de nossas publicações infantis, deixou de circular em fevereiro de 1962, derrotado pelos super-heróis norte americanos dos gibis. Circulou, porém, por mais de 50 anos, a infância de muitos brasileiros, passando a fazer parte do imaginário coletivo da cultura nacional.

 

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