29 agosto 2016

Violência (1)



O Brasil nasce com violência.
O país começa com os colonizadores chegando aqui e dizimando os índios.
Depois temos os africanos capturados para trabalhos à força na lavoura com extrema violência.
A nossa democracia racial tão falada a partir da figura do mulato, mas esqueceram de que o mulato no Brasil é fruto do estupro das mulheres negras pelos brancos.
A violência sempre esteve entre nós.

A falta de perspectiva dos jovens leva ao caminho mais rápido para a afirmação dentro do seu meio, tanto como elemento ou como graduação de riqueza. É difícil explicar a um jovem do subúrbio que o caminho para realização é o trabalho árduo, quando se verifica a malversação de fundos, a corrupção, o nepotismo, a sonegação e tantos crimes do colarinho branco. O jovem, como é da sua natureza, tem pressa. A escola deixa a desejar. O ambiente familiar é corrosivo, emprego não existe e, se existe, o salário em sua maior parte, e de sobrevivência pura e irrestrita. Então, quando ele vê um primo, tio, vizinho quase analfabeto circulando com carros caros, roupas de grife e bebendo uísque importado, quer também o seu quinhão. Abandona a escola e entra na marginalidade. Falta de garantia de futuro e da perda de perspectiva.

Nossa criminalidade é uma doença social. Temos uma sociedade injusta, perversa, milhões de pessoas vivendo na miséria e sem nenhuma perspectiva. Para o analista Roberto Gambini, “em parte, a violência que nos assola tem origem nessa frustração, nessa negação cabal da possibilidade de ingresso no mundo do trabalho dignamente remunerado e do crescente conforto. Um segmento urbano da sociedade brasileira – e aí entram a influência de estruturas patológicas de personalidade, histórias de privação afetiva, de abuso, falta de acolhimento e de experiência de pertencimento, etc – opta pela violência como meio de consecução de objetivos basicamente inatingíveis”.

NÚMEROS - Os números mostram que a violência pesa no bolso de cada brasileiro, e sangra os cofres do país. Muitas vezes o dinheiro gasto não compra proteção. Em 2006 os gastos dos governos federal, estaduais e municipais com segurança chegaram a R$ 35 bilhões, com penitenciárias e com as polícias e servidores da área de segurança. Empresas e cidadãos gastaram outros R$ 37 bilhões. Entraram na conta, por exemplo, despesas com vigias e equipamentos de segurança, seguros de carros, do comércio, indústria, setor de serviços e o gradeamento de prédios.

Um estudo divulgado pela Organização dos Estados Ibero-Americanos para a educação, a ciência e a cultura mostrou que entre os anos de 1999 e 2004 a criminalidade cresceu no interior do Brasil e, nos últimos anos aumentou também o número de jovens vítimas de crimes violentos. Os casos de violência nas grandes cidades muitas vezes ofuscam o que acontece no interior dos estados. O responsável pela pesquisa atribui esse fenômeno a falta de medidas de segurança no interior e também no surgimento de novos pólos de desenvolvimento econômicos nessas áreas.

Há uma percepção que se espalha entre os cidadãos, da necessidade de buscar solução para o problema da insegurança pública. O Brasil não vai ficar mais seguro com uma ou duas medidas isoladas. Tem que começar com o cuidado com a educação, pois para muitos especialistas, as escolas são um dos principais equipamentos para prevenção da violência pois identifica jovens que começam a se envolver com a criminalidade, delinquência e violência. Os profissionais que trabalham, no ensino devem estar preparados para lidar com essa situação. Depois o diálogo com os pais. A família unida reduz os índices da criminalidade.

PUNIÇÃO - Depois da década de 80, uma série de crime fez os Estados Unidos mudarem as leis. Em vez de buscar apenas a reabilitação dos presos, o país também passou a punir os infratores com mais rigor. Os Estados Unidos têm a maior população carcerária do mundo: mais de dois milhões de presos. A média per capita também é a mais alta, um preso para cada 140 adultos. As penas de prisão para criminosos violentos são longas, sem possibilidade de liberdade condicional.

Até os anos 80, prevalecia nos EUA a filosofia de reabilitação dos presos. Mas uma onda de crimes nas grandes cidades levou a população a eleger políticos que pregavam a punição dos criminosos. Novas leis foram aprovadas, impondo penas rigorosas. E a criminalidade caiu. A certeza da punição cria um forte incentivo para que crimes não sejam cometidos. Para muitos especialistas no assunto, o Brasil precisa reforçar a polícia, os tribunais e o sistema penitenciário para que os criminosos tenham certeza de que serão punidos.

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