06 agosto 2012

Caetano Veloso: 70 anos de vida (01)


Amanhã, sete de agosto é dia de São Caetano. Nesse dia, no ano de 1942 nasceu o quinto filho de Zezinho e Canô, em Santo Amaro. Com 70 anos, Caetano Veloso é um artista antenado e vem se tornando, cada vez mais, uma espécie de guru da nova geração da música brasileira. Sua relação com jovens é de diálogo, troca de influências. Para o jornalista Pedro Alexandre Sanches, autor do livro “Tropicalismo: Decadência Bonita do Samba”, de tempos em tempos Caetano lança um álbum revolucionário, em que incorpora o que há de mais moderno na música de sua época. Foi assim com Tropicália, de 1969, Transa, de 1972, Velô, de 1984, e Estrangeiro, de 1989. Depois, o artista lançou vários álbuns em que atuava apenas como intérprete ou compunha de acordo com o estilo que o consagrou. O retorno triunfal ao mundo das reviravoltas musicais foi justamente com o álbum , de 2006, sua quinta revolução e que é justamente o marco inicial da fase que Caetano vive hoje

Caetano Veloso é um incansável inventor de arte, buscando o intangível e o inatingível, retirando sons, gestos e palavras do mais árido território, capaz de traduzir o concreto, a dor, um jeito, uma paisagem ou pessoa na mais variada e sutil percepção da existência. Revolucionário em sua poesia nos presenteia com fraseados sonoros que movem nossa alma fazendo-nos vibrar - e consegue mostrar a importância não somente de estarmos vivos como também de que podemos/devemos fazer pela vida.

Caetano nos toca sutilmente com a arte de parâmetros próprios, renovando a linguagem artística, musicando poesias concretas, poetizando sons de timbres desconexos e criando a estética musical. Ele é a "mais completa tradução" da transformação, de tempo e espaço.

Ele trazia a marca de sua individualidade, de seu modo de ser ao mundo, realçando dimensões de uma expressão pessoal corajosa e engajada. Foucaultianamente ele foge dos discursos padronizados e se permite comungar com a aspereza nietzschiana e peregrina. Sua obra é aberta: “onde queres o ato eu sou espírito/E onde queres ternura eu sou tesão”.

“Um dos primeiros desejos de Caetano foi ser artista plástico. Se vivêssemos n melhor dos mundos, ele teria sido – e continuaria sendo – um grande pintor (provavelmente marcado pelo expressionismo abstrato), sem excluir a música de seu horizonte artístico; quem sabe, nem o cinema, outra paixão juvenil. Como não vivemos no melhor dos mundos, temos de nos contentar com o Caetano que acabou vingando: o músico. Quem ninguém lamenta as voltas que o destino deu: o Caetano músico é muito mais do que todos nós, sem exceção,. Merecemos”, escreveu o jornalista e crítico de cinema Sérgio Augusto na edição de colecionador das revista Contigo! Biografia em 2004.

Ele começou a cantar e tocar violão em Salvador, aonde foi estudar, ao lado da irmã Maria Bethânia. Nos anos 60, conheceu Gilberto Gil, Gal Costa e Tom Zé, e juntos começaram a fazer shows. Em 1965, Maria Bethânia foi chamada para substituir Nara Leão no espetáculo "Opinião", no Rio de Janeiro, e levou Caetano para acompanhá-la. No mesmo ano, ele foi convidado a gravar o seu primeiro compacto, com "Cavaleiro" e "Samba em Paz". Em 1967, gravou o primeiro LP, "Domingo", com Gal Costa. O disco "Tropicália", ao lado de Gil, Gal, Tom Zé, Torquato Neto, Rogério Duprat, Capinam, e Nara Leão, marcou o início do movimento tropicalista.

Desde o início da carreira, o artista nunca fez questão de esconder sua posição política. Por sua participação na criação do Tropicalismo, um movimento considerado subversivo no Brasil da ditadura, teve algumas músicas censuradas ou simplesmente banidas no ápice do regime militar. Ficou em quarto lugar no 3o Festival de Música Popular Brasileira com a música “Alegria, Alegria”, mas, em dezembro de 1968, após realizar um cena marcante no Festival Internacional da Canção com o “É Proibido Proibir”, foi preso com Gilberto Gil. Os dois eram acusados de desrespeitar o hino e a bandeira nacional. Libertados em fevereiro de 1969, seguiram para Salvador onde ficaram confinados. No mesmo ano, após dois shows de despedida no Teatro Castro Alves, partiram para o exílio na Inglaterra. O espetáculo, precariamente gravado, resultou no disco “Barra 69”.

Em 1969, depois de ser preso pela ditadura militar, Caetano partiu para o exílio na Inglaterra, onde lançou discos e compôs canções como "London, London" e "Como Dois e Dois". Retornou ao Brasil em 1972 e fez shows em várias cidades. Nos anos seguintes, começou a atuar também como produtor. Sua volta ao Brasil gerou polêmica: a esquerda o acusava de ter se alienado da política. Caetano, por sua vez, dava respostas irônicas ou debochadas.

Em 1976 Caetano, Gal, Gil e Bethânia novamente se uniram e formam o grupo Doces Bárbaros, que gravou um LP e saiu em turnê. Embora o álbum seja hoje considerado uma de suas grandes produções, o trabalho recebeu duras críticas na época (as conhecidas patrulhas ideológicas). O músico também deu continuidade ao movimento tropicalista que surgia soa a influência de correntes artísticas de vanguarda e da cultura pop nacional e estrangeira. Depois, Caetano lançou um compacto simples com as músicas carnavalescas "Piaba" e "A filha da Chiquita Bacana".
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