06 abril 2020

Forte ligação entre música e quadrinhos (01)




Há tempos as histórias em quadrinhos e som se misturam, influenciando-se mutuamente. A proximidade entre as duas linguagens é recorrente e intensa. Ídolos da música têm biografias quadrinizadas e grandes autores da chamada arte sequencial assina capas de disco. Ambas as mídias trabalham em relação aos nossos sentidos. Enquanto que o conteúdo de uma revista em quadrinhos é absorvido por nossos olhos, o conteúdo de uma trilha sonora é absorvido por nossos ouvidos gerando diferentes sensações.



Quando se ler quadrinhos o leitor obtem diversas informações de forma simultânea através de desenhos, cores, balões de fala, onomatopeias e textos. Ao ouvir música, assim como nos quadrinhos, também o leitor/ouvinte lida com variados elementos de forma conjunta (ritmo, batida, harmonia, letra).




O processo de elaboração da música e dos quadrinhos é semelhante. Na música tudo começa pela letra, que nada mais representa que o argumento nos quadrinhos. A música propriamente dita é feita em uma partitura que pode ser associada com os desenhos. Passada essa fase vem a escolha do ritmo e a distribuição dos quadros através das páginas que são muito parecidas, afinal são esses dois itens que determinam a velocidade que será dada a ambas.



Além disso, tanto uma quanto a outra são usadas para exprimir ideias, sentimentos e visões sobre determinados assuntos. É uma fonte que leva a mensagem dos autores para o público. A música utiliza o estimulo auditivo, os quadrinhos o estimulo visual.



A música será o fio condutor da Bienal de Quadrinhos de Curitiba. Os debates, exposições, oficinas, festas, sessões de cinema, e da tradicional feira de gibis será realizada no período de 06 a 09 de agosto de 2020 (a data vai depender do momento que atravessamos sobre a pandemia) . Evento totalmente gratuito acontece em na área interna e externa do Museu Municipal de Arte, no Portão Cultural, em Curitiba.




É muito grande a relação de troca existente entre música e quadrinhos. Centenas de personagens saíram das páginas do gibi para os discos. E os astros da música também utilizaram os quadrinhos para permanecerem no topo. Basta lembrar que em 1948 foi lançada a revista americana Juke Box Comics onde os fãs tinham acesso à biografia ilustrada de quem frequentava a parada de sucessos na época, nomes como Miguelito Valdés, Frankie Laine e Guy Lombardo. E Pat Boone, rei das baladas românticas, foi o primeiro astro a dar nome a um gibi. Sua vida foi narrada em 1959 pela DC Comics. Nos anos 60 o mestre dos quadrinhos underground, Robert Crumb não trocava o jazz tradicional e o blues de raiz por nenhum outro ritmo. Ele produziu inúmeras HQs enfocando os bluesmen.




Robert Crumb mantinha em atividade sua banda de blues rural e jazz dos anos 20, a Cheap Suit Serinades, criada em 1972 com o nome de Keep on Truckin Orchestre e discos lançados. Houve um tempo em que Crumb preferiu ser conhecido apenas como músico e colecionador de velhos discos de 78 rotações, de jazz, folk e country. Toda a paixão do quadrinista pela cultura crua de seus ancestrais está registrada em Blues, antologia de HQs, pôsteres e capas de discos que Crumb criou em homenagem a seus heróis, como Robert Johnson, Tommy Johnson e um quase desconhecido Charley Patton.




Já nos anos 70, a Marvel transformou o senhor rock horror Alice Cooper em personagem de HQ. Alice, considerado uns dos precursores do chamado rock and roll terror, por suas apresentações performáticas, inspiradas em filmes de terror, usando objetos que vão desde guilhotinas às bonecas voodoo. Nos anos 70 foi um dos pioneiros a pintar o rosto e encarnar um personagem levando isso cenicamente ao palco. Entre os anos 1970 e 1980 a Marvel Comics possuía a antologia Marvel Premiere, a edição Nº 50 era uma adaptação do seu álbum From the Inside. Beatles e Rolling Stones também viraram figurinhas fáceis nesse universo de papel. Ainda na década de 70, The Arches só existiam sob a forma de desenho animado (surgiu em quadrinhos nos anos 40). Saltaram da telinha da tevê para as paradas com Sugar Sugar, sucesso em todo o mundo. Virou banda de música.

Nenhum comentário: