07 maio 2019

Vinte anos de Matrix (2)




O sociólogo e poeta e fotógrafo francês Jean Baudrillard é considerado um dos principais representantes do pensamento pós-moderno. Desenvolveu teorias sobre o impacto dos meios de comunicação de massa, principalmente da tv, na cultura contemporânea. Um de seus conceitos mais famosos é o de hiper-realismo. Essa teoria estuda como a consciência interage com a realidade e a fantasia, criando uma cópia do mundo, chamada por Baudrillard de hiper-realidade. É a idéia de que as coisas não acontecem se não são vistas.



No cinema, Baudrillard é famoso por ter inspirado a trilogia Matrix. No primeiro filme da série, o personagem Neo, interpretado por Keanu Reeves, aparece escondendo um de seus programas subversivos no interior do livro “Simulacros e Simulação”, de Baudrillard. Os autores do filme chegaram a chamar o filósofo para colaborar com Matrix Reloaded e Matrix Revolutions. Mas Baudrillard não aceitou. Declarou na época que não tinha ligação com o kung fu e que seu trabalho era o de discutir idéias “em ambientes apropriados para isso”. Em entrevista para a revista Época, o filósofo declarou que não gostava do filme. Disse que ele faz uma leitura ingênua da relação entre ilusão e realidade. Baudrillard disse preferir filmes como Cidade dos Sonhos e Show de Truman. Neles os produtores perceberam que essa diferença entre realidade e ilusão é menos evidente.



Para quem deseja se aprofundar na teoria do filme, a narrativa revela que no futuro os humanos terminaram de destruir o planeta numa guerra com as máquinas. Bombas nucleares geraram uma nuvem de poeira para impedir a chegada de raios solares cortando uma fonte de energia renovável, o que levaria a extinção das máquinas. Antes deste fato os humanos criaram a Inteligência Artificial (IA). Com a I.A. e o fim da energia solar, começou uma batalha entre as máquinas e os humanos. As máquinas venceram e acabaram aprisionando os humanos dentro delas, após descobrir que o ser humano produzia uma carga de energia diária gigantesca, e que poderia ser usado como espécie de bateria para que as máquinas pudessem continuar a existir.

 


Foi criada então a Matrix, uma máquina que simula uma realidade virtual para que os humanos não saibam que estão presos dentro de uma realidade virtual, e que eles fazem sua mente imaginar que está vivendo em um mundo real, enquanto o seu corpo está deitado dentro de uma câmara com um liquido e conectado a vários fios que puxam a sua energia. Os sobreviventes da guerra entre as máquinas e os homens criaram a cidade de 'Zion', uma cidade que se encontra no núcleo da terra e é eternamente procurada pelos sentinelas, robôs da Matrix que destroem as naves. Neo é, na verdade, a reencarnação do único homem que conseguia enxergar o código da Matrix e alterar ele da maneira que quiser, ou seja, dentro da realidade virtual ele pode fazer o que quiser, sem barreiras.


“Já teve um sonho, Neo, que você tinha a certeza de que era real? E se você não conseguisse acordar desse sonho? Como saberia a diferença entre o sonho e o mundo real? “( Morpheus)

 


O segundo filme traz a seguinte teoria: A primeira versão da Matrix não foi aceita pelos humanos, pois era perfeita demais, sem problemas, guerras, pressa, violência, e foi isso que desencadeou a fúria das máquinas e a guerra entre os humanos e elas. Após vencerem, as máquinas criaram uma Matrix mais imperfeita, e aprisionaram os humanos, fazendo-os esquecer de tudo o que aconteceu e voltar ao ano de 1999, onde o mundo ainda era da maneira que vemos hoje. A Matrix já passou por seis reformulações, assim como programas como o Windows, em cada reformulação havia um predestinado, como o Neo, que tinha a missão de selecionar apenas 23 humanos que vivem fora da Matrix, divididos entre homens e mulheres, para que comece tudo de novo, e a Matrix é aprimorada e os erros que foram encontrados nesse tempo são concertados, assim como um Update. Os outros humanos fora da Matrix serão mortos, e a cidade de Zion será destruída, e a missão dos 23 sobrevivente é reconstruir a cidade e povoá-la novamente, pois se Zion continuasse a crescer a Matrix estaria ameaçada.

 


O Oráculo é um programa da Matrix, ou melhor, a mãe da Matrix, é um programa com vontade própria que tem o dom de encontrar e concertar todos os problemas dentro da Matrix. Mesmo após a rebelião das máquinas, o segundo filme mostra que os seres humanos ainda tem que usá-las, como é mostrado na cena em que se passa dentro de Zion, onde uma máquina controla a água e outra cria o oxigênio necessário para a sobrevivência. Os humanos tem o controle sobre as máquinas, mas as mesmas exercem o mesmo controle sobre os humanos. Se os humanos desligar, morrem, se elas matar os humanos, param de funcionar por falta de manutenção ou energia.

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