A Vila do Caeté – Açú mais
conhecido como Vale do Capão, único distrito do município de Palmeiras, 470km
de Salvador é um dos principais redutos de turismo ecológico do Brasil com
visitas de aventureiros de todo o mundo. O Vale, juntamente com os municípios
de Lençóis, Andaraí e Mucugê faz parte do chamado ciclo de diamante da Chapada
Diamantina. Situado no Parque Nacional da Chapada, os aventureiros que por lá
passam precisam de predisposição para enfrentar 1.000 metros de altitude entre
as Serras do Candombá, Larguinha e Morro Branco.
Mas predisposição é o que não
falta para os turistas. Com diversas trilhas que cortam a mata Atlântica
proeminente no parque, os passeios ecológicos reúnem grupos que depois de uma
boa e longa caminhada são recompensados com banhos de cachoeira e vistas
deslumbrantes. Para os exotéricos, um outro atrativo do local é a energia
misteriosa responsável por segurar muitas pessoas que deixaram de ser turistas
para se tornar morador local. Tiago Ferreira (22), técnico em equipamentos de
laboratório largou o emprego em Salvador e
resolveu ir morar no Capão. “Estou
indo morar lá porque é o momento certo. Me bateu uma energia muito forte da
natureza e eu tô indo pra lá passar uma fase. Vou morar na comunidade de
Campina que se auto sustenta. Não sei quando vou voltar”. Tiago estava
arrumando as malas quando parou alguns minutos para dar esta entrevista. “eu
estou indo hoje, daqui a pouco. Quero sentir a energia de lá como morador e não
como turista”, garante o técnico.
Essa energia misteriosa que atrai
tantos visitantes é a principal responsável pelo surgimento de diversas
comunidades alternativas que apareceram no Capão e nas regiões próximas desde
1970. Atualmente essas comunidades vivem do auto-sustento, e das práticas como
artesanato, agricultura orgânica, cultura de ervas medicinais e aromáticas.
RECEITAS - Conhecer a culinária
local é uma das principais atividades de um bom turista que se preze. E no
Capão a história não é diferente. Quem por lá já passou, espalha pelo famoso
boca-a-boca os principais restaurantes da localidade e os mais variados pratos
da terra. Mas nada de muito requinte e/ou sofisticação no espaço. O clima
alternativo é o que comanda os restaurantes e o que chama atenção nos pratos
típicos são as misturas de temperos com os ingredientes locais. Um exemplo
dessa mistura excêntrica é o pastel frito ou assado de, pasmem, jaca com
palmito. Mas sem cara feia para experimentar. O turista Renan Ivo Ferreira
(19), estudante de mecatrônica garante que é saboroso. “A primeira vez que
experimentei foi quando eu estava voltando de uma trilha no Vale do Pati e lá
vendia os pastéis. Quando eu soube do que era feito, fiquei curioso, porque é
um picadinho. Você nem vê a jaca. Eu experimentei e adorei. Todas as vezes que
vou, sempre como alguns”, garante Renan.
Outras opções de combinação
saborosa e singular são os pratos típicos oriundos das épocas dos antigos
garimpeiros. Um exemplo é o cortado de palma (cacto) com carne-de- sol e o
cortado de mamão verde. Para quem não tem um paladar ousado, as sugestões são o
pirão de maxixe com carne-de-sol e a moqueca de tucunaré. Para sobremesa, o
assunto é o doce caseiro de buriti feito com leite puro e açúcar.
Morros, picos de montanhas, queda
d'água e riachos. Atrativos que levam diversos turistas a se aventurarem pelas
trilhas da Chapada. No Capão, as trilhas mais realizadas são a Cachoeira da
Fumaça com 380 metros de queda livre e uma vislumbrante paisagem e o Morro do Pai
Inácio. Conta a lenda que no tempo dos escravos, o local era reservado para
encontros amorosos proibidos, é nesse ponto que fica o poço encantado, que
emociona pela beleza e mistério. Tem ainda o Morrão (também conhecido como
Monte Tabor), os Gerias do Vieira, o Morro Branco e o Vale do Pati. O vale onde
está cortado por um rio que lhe dá nome, Capão, oferece várias opções de
mergulho.
HISTÓRIA - Em 1815, Francisco
José da Rocha Medrado poderoso senhor de terras e escravos formou uma grande
fazenda de Café e deu a ela o nome de Palmeiras. Com a descoberta de garimpos
de diamantes e carbonatos na região a Fazenda Palmeiras foi crescendo, passando
a abrigar um arraial com casas de garimpeiros. Posteriormente, povoados foram
surgindo ao lado da fazenda, como é o caso dos povoados de Serra Negra, Tijuco,
Lajedinho e Lavrinha. Em 1890 se eleva a condição de vila e em dezembro de 1930
chega a condição de cidade, com o nome simplificado para Palmeiras.
No início da década de 50 a
mineração entrou em declínio e a economia local sofreu fortes modificações. O
produto a ser extraído da localidade passa a ser o cristal. No final da década
de 70 a cidade passou a ser encontro de pessoas alternativas vinda do Brasil
como do Exterior. Atualmente é um dos principais pontos de ecoturismo na Bahia,
chegando a receber 2,5 mil turistas em alta estação ou feriados prolongados.
Quem desejar adquirir o livro Bahia um Estado D´Alma, sobre a cultura do
nosso estado, a obra encontra-se à venda nas livrarias LDM (Brotas),
Galeria do Livro (Espaço Cultural Itau
Cinema Glauber Rocha na Praça Castro Alves), na Pérola Negra (Barris em
frente a Biblioteca Pública) e na Midialouca (Rua das Laranjeiras, 28,
Pelourinho. Tel: 3321-1596). E quem desejar ler o livro Feras do Humor
Baiano, a obra encontra-se à venda no RV Cultura e Arte (Rua Barro
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Um comentário:
Só corrigindo uma informação. O pastel não eh de jaca com palmito e sim de palmito de jaca.
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