20 abril 2012

Água, gruta, índios, sonhos (2)


 
Cientificamente, a água é mãe

A água já foi definida como o ouro do terceiro milênio. Desperdício e poluição são os problemas, mas se todos conhecessem seu poder curativo, ela seria valorizada tanto quanto o precioso metal.

As fontes de água que estão secando em todo o mundo são um sintoma deste aproveitamento que insiste em não considerar o desenvolvimento sustentável.
O valor curativo da água espalhou pela redondeza. Os tropeiros viajantes, quem primeiro sentiu o efeito benéfico dessas águas.

E as águas habitavam a gruta

Na maior parte do tempo, essa gruta fica alagada, tornando impossível qualquer tipo de habitação.

As grutas foram utilizadas, em idades remotas, como ambiente seguro e morada para o homem primitivo, facto comprovado pela imensa variedade de evidências arqueológicas e arte rupestre encontrados no seu interior.

Depois, vieram os índios

Os índios que habitavam a região consideravam a caverna como um lugar sagrado e acreditavam que as estalactites e estalagmites eram pessoas e animais que haviam sido petrificados, bem como imaginavam que se ousassem colocar os pés dentro da caverna, uma gota de água cairia e o incauto viraria pedra.

Os caboclos e habitantes da região acreditavam que a caverna era a morada do demônio e a porta de entrada para o inferno. Sequer ousavam chegar perto de medo.

Mas na realidade a caverna era um espetáculo da natureza imperdível, rica em espeleotemas. Era possível encontrar estalactites, estalagmites, helictites, travertinos e amplos salões que encantam o visitante, oferecendo uma imagem surreal.

Dentro da caverna, o silêncio só é quebrado pelas águas que deslizam pelas rochas. Mas, lá dentro, o som é diferente. No interior da caverna tem-se a impressão de estar no maior lugar do mundo e, ao mesmo tempo, no menor cantinho, prestes a desabar. No ar sente-se o cheiro do perigo.

E os índios moraram no morro. Acendendo fogo, caçando. Eram os coroados. Os bandeirantes, na sua marcha pelos sertões, um dia deram com esse aldeamento de índios, no pé do morro. O morro, na linguagem primitiva, tinha o nome de Itaberaba, morada das onças. As cavernas eram imensas. Selvagens. lembravam grandes catedrais.

Era um mundo de espanto coberto de ouro. Os bandeirantes levaram a notícia da descoberta daquela gruta até outras terras.

Nosso Brasil já foi povoado por milhões de índios, com inúmeras etnias e dialetos. Um povo que historicamente manejou os recursos naturais, provocando poucas perturbações ambientais até a chegada dos conquistadores europeus. Embora vários tenham se envolvido com formas predatórias de exploração desses recursos deve-se reconhecer que o fizeram submetidos a pressões.

Ainda se estuda a possibilidade do ambiente sustentável, uma chance para os índios equacionarem no futuro o domínio de terras. Reduzidos em população e sempre sujeitos a frentes de expansão econômica, seguem em busca de um lugar nos projetos de futuro nos países onde sobrevivem. Estima-se que na época do descobrimento 5 milhões de índios habitavam o território brasileiro. Hoje são pelo menos 350 mil índios.

De todas essas etnias restaram apenas 225 que falam 180 idiomas. Os demais falam somente português porque perderam sua língua de origem.

Água, gruta, índios, sonhos (3)


Água, gruta, índio

Conta a lenda que em meio a floresta existia uma grande gruta de onde brotava uma fonte de águas límpidas. Certo dia, um índio tentou se abrigar na gruta e ao beber da água da fonte, viu refletir no espelho d'água a imagem de uma mulher.

Na grande floresta havia uma esplendorosa árvore centenária, um jequitibá que tem história, que fez história.

Esse jequitibá nasceu porque foi plantado por um índio que fez a travessia do longo sertão de florestas intocáveis, em busca do seu grande amor, uma bela índia de longos cabelos negros, sempre vista em seus sonhos, como estando sob a água, ou lhe espiando por olhos d’água.

Esse índio foi em busca de sua amada. Ao matar a sede em uma mina de singular bica, tal qual havia sonhado, sua amada flutuava sob águas planas e serenas, vista por uma cortina de água que faziam bolhas possibilitando ver, pelos olhos d’água, um oásis paradisíaco escondido no meio da mata, com uma piscina natural de águas cristalinas.

Sem poder chegar próximo à amada sonhada ele resolveu plantar um jequitibá e cultivá-lo com constantes folhas secas e farta água, para homenageá-la esperando que do alto pudesse avistar sua amada, pois, para ele, não existiria tempo, não existiria demora, para ter a oportunidade de viver o grande amor sonhado.

Enquanto o jequitibá crescia, a garota se tornava uma bela mulher. E o índio foi cavando uma parede de pedra para construir, ainda que vagarosamente, a sua tenda de fortaleza, como lhe inspirava o seu amor. Os anos se passaram e no pé do jequitibá o índio morreu. As folhas foram caindo em seu corpo e, dias depois, a bela arvore junto ao rio se transformou na sua sonhada amada que juntos viveram, no olho d´água.


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