Durante 43 números e 182 histórias, a alegre fauna ziraldiana representou no microcosmo da Fazenda do Fundão o clima de euforia nacionalista então vigente no país. Pererê, conforme observou o quadrinhólogo Moacy Cirne, entrou sorrateiramente para a história como um acontecimento tão importante quanto os filmes do Cinema Novo, o Centro Popular de Cultura, o movimento dos poetas Concretos e a Bossa Nova. Em 1975 a série voltou através da Editora Abril.
Um grupo de desenhistas brasileiros – entre eles Jayme Cortez, Julio Shimamoto, Flávio Colin se reuniu em 1961 disposto a defender o quadrinho nacional, acabando de vez com o imperialismo norte americano. Com manifesto, acusaram as editoras que só publicavam histórias estrangeiras, transmitindo assim uma realidade alienígena. As editoras boicotaram o movimento. Para se defenderem, as quatro editoras (Ebal, Rio Gráfica, Abril e O Cruzeiro) criaram uma cópia do Comics Code norte americano, que chamaram de Código de ética. Esse Código garantia que as histórias, apesar de estrangeira, não eram nocivas à formação dos jovens leitores. Nocivas eram – segundo eles – as histórias de terror publicadas pelas editoras paulistas (La Selva, Outubro), que não se submeteram ao Código.
A lei que regulamentava a publicação de histórias nacionais chegou a ser decretada, mas nunca cumprida. Com a renúncia de Jânio Quadros, os planos de nacionalizar os quadrinhos foram por água abaixo. Os processos foram arquivados e as editoras não precisavam mais de se apoiar no Código de Éticas para se manter de pé, e por isso chegaram até a abandoná-lo de vez. O mercado de trabalho foi drasticamente cortado: as editoras pequenas fecharam as portas, e as grandes se recuravam a fornecer trabalho aos desenhistas que estavam ligados ao movimento. Eles então fundaram uma cooperativa no Rio Grande do Sul, a CETPA (Cooperativa Editora de Trabalho de Porto Alegre) que só publicava histórias sobre temas nacionais, mas que acabou pouco tempo depois. A conturbada situação política da época, acabou aniquilando completamente o movimento.
Em 1962, Leonel Brizola (RS) declarou proibida a entrada de quadrinhos estrangeiros nesse estado e, às bancas, só chegavam produtos nacionais. A medida provocou uma avalancha de desenhistas às terras gaúchas. Mas faltava divulgação e estrutura para distribuição dessas novas publicações.
Com as dificuldades cada vez maiores para sobreviver nos moldes do modelo americano, a solução foi partir para o quadrinho cartunístico. Usando esse recurso, nascem os quadrinhos de traços nervosos, mas profundamente críticos como Os Fradinhos (1964), de Henfil, Dr Macarra (1962) de Carlos Estevão, Os Chopinik´s, de Jaguar, O Pato, de Ciça e o alternativo O Pasquim.
No dia 26 de junho de 1969 chegou às bancas o semanário O Pasquim que se tornara a mais importante publicação de humor nos 20 anos do Regime Militar. No início foi um jornal de costumes. O semanário foi um reduto de humor que surgiu para revolucionar a imprensa e o humorismo brasileiro. O cartunista Henfil continuou com a tradição da "tira" com seus personagens contestadores Graúna e Os Fradinhos.
Nildão lança novo livro no Rio Vermelho
O cartunista e designer Nildão promove big festa para lançar "Alegria Passa-e-Fica"", seu décimo quinto livro. Será dia 29 de março, quinta-feira, a partir das 21 horas no Bar Santa Maria, próximo a Dinha, no Rio Vermelho. A animação fica por conta de DJ Roger N' Roll & Dj Rafabela e o ingresso custa 30 reais e dá direito a um exemplar do livro.
O novo trabalho em formato compacto e de capa dura possui uma abordagem inusitada sobre as cidades brasileiras. Já na apresentação o autor nos dá pistas sobre a criação desse novo livro: "descobri o mapa da mina quando avistei as 5.565 cidades brasileiras. Uau! Garimpei nomes, comparei sotaques, avancei fronteiras na busca frenética da cartografia poética do meu eu Interior."
"Alegria Passa-e-Fica" faz um contraponto bem humorado com os nomes de 316 cidades brasileira. A brincadeira já começa no jogo de palavras do titulo da obra: Alegria fica no Rio Grande do Sul e Passa-e-Fica situa-se no Rio Grande do Norte. Sem acrescentar uma palavra sequer e se valendo apenas dos nomes originais das cidades Nildão criou um vasto e instigante mosaico brasileiro
Link da animação:
http://www.youtube.com/watch?v=6Gu9QjisSi8&feature=youtu.be
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