O Garra Cinzenta era uma série noir veiculada de 1937 a 1939 no jornal paulistano A Gazeta. O roteirista assinava como Francisco Armond, mas seria na verdade uma mulher, Helena Ferraz de Abreu. O desenho era de Renato Silva. Durante os dois anos em que circulou no suplemento A Gazetinha, a história que a princípio saía três vezes por semana teve a veiculação interrompida em mais de uma oportunidade, chegando a ficar meses sem dar sinal de existência.
O grande interesse do público – restrito a São Paulo, num momento em que os cariocas Suplemento Juvenil e O Globo Juvenil eram as mais importantes publicações de quadrinhos do País – levou A Gazeta a publicar, em dezembro de 1939 e janeiro de 1940, dois álbuns com a íntegra da aventura. A história gira em torno de misteriosos assassinatos na capital paulista. A vítima recebe um cartão da garra negra e logo em seguida é morta de maneiras originais.
O caso é investigado pelo detetive Higgins e seu parceiro Miller e com o decorrer da história que vai ficando cada vez mais macabra, eles vão se envolvendo em uma trama com ressurreições, robôs (na época chamados de automatas, lembrando que o termo robô foi criado na literatura de Azimov) e até um Homem-macaco. Mas o destaque é o grande violão da trama, trajando uma capa preta e uma cabeça de caveira, seu visual mais as estranhas criaturas que habitam esse mundo levam Garra Cinzenta a ser considerada a primeira, e mais icônica, HQ de terror.
A criação de Péricles Maranhão (O Amigo da Onça), foi publicada entre 1943 e 1962 no Cruzeiro, a revista de maior circulação do país na época. Foi talvez o personagem de cartum mais conhecido do Brasil, considerado inclusive como uma das razões do sucesso da revista na época. Ao perceber que muitos só liam o cartum, publicado na contra-capa da revista, e não a compravam, os editores passaram a publicá-la no meio da revista. Com desenho do criador, foi publicada semanalmente por 18 anos ininterruptos. Depois do suicídio de Péricles, foi continuada por Carlos Estêvão por mais alguns anos e, nos anos 90, por Jal & Kipper.
O Amigo era cruel, sádico, maldoso, malicioso. A sua irreverência encantava o brasileiro. O seu mau caráter era amado. Por ser um personagem peralta e travesso, talvez até parecido com o povo brasileiro, tornou-se uma instituição nacional. O Amigo da Onça tornou-se um dos personagens mais populares do país. O êxito foi absoluto em todo o Brasil: aparecia em bonequinhos, máscaras de carnaval, reproduções diversas e até personagem em teatro de comédia, sem que Péricles nada recebesse por isso. Tão célebre se tornou que, hoje, chamamos “amigo da onça” a alguém que se passa por nosso amigo para nos prejudicar. O Amigo da Onça é um dos mais importante cartum personagem. Cada nova página revela um profundo conhecimento do “espírito” satírico do brasileiro.
O no.1 da revista do Jerônimo,O Heroí do Sertão, foi publicado em l957 sendo a primeira história Laços de Sangue. O personagem foi baseado em uma novela homônima da Rádio Nacional, do escritor Moysés Weltman, que o desenhista Edmundo Rodrigues adaptou, criando os personagens para HQS. Paladino da justiça e andarilho dos sertões brasileiros, ele estava sempre à disposição, onde quer que o bem precisasse triunfar. Tendo ao lado o inseparável ajudante Moleque Saci, o personagem fez a alegria dos fãs durante 62 edições mensais e cinco almanaques especiais, escritos por Moysés Weltman, desenhados por Edmundo Rodrigues e publicados pela RGE. Em 1972 a extinta TV Tupi apresentou uma versão televisiva de suas aventuras.
Foi no formato de tira que estrearam os personagens de Maurício de Sousa, criador da Turma da Mônica no fim de 1959. Com Bidu, inicialmente como tira, Mauricio principia a saga infantil, a mais bem sucedida experiencia editorial brasileira no campo dos quadrinhos, criando um rico elenco de personagens, que inclui Monica, Cebolinha, Cascão, Jotalhão, Astronauta, Papa Capim, o Louco e muitos outros. Só mais tarde, em 1970, suas histórias passaram a ser publicadas em revistas.
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