11 agosto 2006

Música & Poesia

Ninguém Faz Idéia (Lenine/Ivan Santos)

Malucos e donas de casa
Vocês aí na porta do bar
os cães sem dono, os boiadeiros
as putas, babalorixás

Os gênios, os caminhoneiros
Os sem terra e sem teto, atores, maestros, djs
os undergrounds, os megastars, os rolling stones e o rei

ninguém faz idéia de quem vem lá, de quem vem lá, de quem vem lá,
ninguém faz idéia de quem vem lá,

Ciganas e neo – nazistas, o bruxo, o mago pajé
os escritores de science fiction
quem diz e quem nega o que é
Os que fazem greve de fome
Bandidos, cientistas do espaço
os prêmios nobel da paz
o Dalai Lama, o Mister Bean, burros, intelectuais

Eu pensei: ninguém faz idéia de quem vem lá, de quem vem lá, de quem vem lá,
ninguém faz idéia de quem vem lá,

Os líderes de última hora
os que são a bola da vez
os encanados, divertidos
os tais que traficam bebês
o que bebe e passa da conta
os do cyber espaço, a capa do mês da playboy
o novo membro da academia
e o mito que se auto destroi

Eu sei: ninguém faz idéia de quem vem lá, de quem vem lá, de quem vem lá,
ninguém faz idéia de quem vem lá,

Os duros, os desclassificados, a vanguarda e quem fica pra traz
Os dorme sujos, os emergentes, os espiões industriais
os que catam restos de feira, milicos piratas da rede, crianças excepcionais Os exilados, os executivos, os clones e os originais

É a lei ninguém faz idéia de quem vem lá, de quem vem lá, de quem vem lá,
ninguém faz idéia de quem vem lá,

Os anjos, os exterminadores
Os velhos jogando bilhar, o Vaticano, a CIA, o boy que controla o radar anarquistas, Mercenários, quem é e quem fabrica notícia
quem crê na reencarnação, os clandestinos, os ilegais, os gays, os chefes da nação
Ninguém faz idéia de quem vem lá.



Aquarela (Vinicius de Moraes, Toquinho, Guido Morra e Maurizio Fabrizio)

Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo
Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva
E se faço chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul do papel
Num instante imagino uma linda gaivota a voar no céu

Vai voando, contornando
A imensa curva norte-sul
Vou com ela viajando
Havaí, Pequim ou Istambul
Pinto um barco a vela branco navegando
É tanto céu e mar num beijo azul
Entre as nuvens vem surgindo
Um lindo avião rosa e grená
Tudo em volta colorindo
Com suas luzes a piscar
Basta imaginar e ele está partindo
Sereno indo
E se a gente quiser
Ele vai pousar

Numa folha qualquer eu desenho um navio de partida
Com alguns bons amigos, bebendo de bem com a vida
De uma América a outra consigo passar num segundo
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo
Um menino caminha e caminhando chega num muro
E ali logo em frente a esperar pela gente o futuro está

E o futuro é uma astronave
Que tentamos pilotar
Não tem tempo nem piedade
Nem tem hora de chegar
Sem pedir licença muda nossa vida
E depois convida a rir ou chorar
Nessa estrada não nos cabe
Conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe
Bem ao certo onde vai dar
Vamos todos numa linda passarela
De uma aquarela que um dia enfim
Descolorirá

Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
Que descolorirá
E se faço chover com dois riscos tenho um guarda-chuva
Que descolorirá
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo
Que descolorirá

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