Do It (Lenine/Ivan Santos)
Tá cansada senta
Se acredita tenta
Se tá frio esquenta
Se tá fora entra
Se pediu agüenta
Se sujou cai fora
Se dá pé namora
Tá doendo chora
Tá caindo escora
Não tá bom melhora
Se aperta grite
Se tá chato agite
Se não tem credite
Se foi falta apite
Se não é imite
Se é do mato amanse
Trabalhou descanse
Se tem festa dance
Se tá longe alcance
Use sua chance
Se tá puto quebre
Ta feliz requebre
Se venceu celebre
Se tá velho alquebre
Corra atrás da lebre
Se perdeu procure
Se é seu segure
Se tá mal se cure
Se é verdade jure
Quer saber apure
Se sobrou congele
Se não vai cancele
Se é inocente apele
Escravo se rebele
Nunca se atropele
Se escreveu remeta
Engrossou se meta
Quer dever prometa
Pra moldar derreta
Não se submeta
José (Carlos Drummond de Andrade)
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, Você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
Você que faz versos,
que ama, proptesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio, - e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse,
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você consasse,
se você morresse....
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja do galope,
você marcha, José!
José, para onde?
Tá cansada senta
Se acredita tenta
Se tá frio esquenta
Se tá fora entra
Se pediu agüenta
Se sujou cai fora
Se dá pé namora
Tá doendo chora
Tá caindo escora
Não tá bom melhora
Se aperta grite
Se tá chato agite
Se não tem credite
Se foi falta apite
Se não é imite
Se é do mato amanse
Trabalhou descanse
Se tem festa dance
Se tá longe alcance
Use sua chance
Se tá puto quebre
Ta feliz requebre
Se venceu celebre
Se tá velho alquebre
Corra atrás da lebre
Se perdeu procure
Se é seu segure
Se tá mal se cure
Se é verdade jure
Quer saber apure
Se sobrou congele
Se não vai cancele
Se é inocente apele
Escravo se rebele
Nunca se atropele
Se escreveu remeta
Engrossou se meta
Quer dever prometa
Pra moldar derreta
Não se submeta
José (Carlos Drummond de Andrade)
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, Você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
Você que faz versos,
que ama, proptesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio, - e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse,
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você consasse,
se você morresse....
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja do galope,
você marcha, José!
José, para onde?
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