22 novembro 2017

1837-2017: 180 anos da caricatura no Brasil (01)

Não se deixe iludir pelas aparências: as distorções não mentem. Apesar da aparente deformação dos traços, a história que contam, os personagens que descrevem costumam estar mais próximos da verdade do que a História oficial. Nos chargistas e caricaturistas com sua arte quase primitiva e capaz de sobreviver na era da imagem (da fotografia, cinema e televisão) continua mais corrosivado que o realismo da fotografia.



Esses artistas revelam não só a cara, mas o caráterdas pessoas, não o que está evidente, mas o detalhe que, de tanto ver, não se percebia. Mesmo no país em que os poderosos costumam ficar impune, a caricatura não os deixa imunes.

O Brasil não inventou a caricatura, mas em 180 anos produziu ou trouxe de fora, naturalizando-os, uma dezenade extraordinários artistas. Assim, o país que não gosta de mostrar sua cara, não tem importância: a caricatura mostra.



1837 – O gaúcho Manuel de Araújo Porto Alegre produziu o que é reconhecido como a primeira caricatura brasileira: A campainha e o cujo, litografia com o desenho de um notável da Corte recebendo suborno.

1855 – O litógrafo, desenhista e biografo francês Augusto Sisson colaborou com os periódicos O Brasil Ilustrado e L´Iride Italianos (1855-1856). Criou uma das primeiras HQs do Brasil chamada “O Namoro, quadros ao Vivo, por S... o Cio” para satirizar os costumes sociais de meados do século XIX.


1860 – O alemão Henrique Fleuiss inaugurou, no Rio de Janeiro, a Semana Ilustrada (1860/1876) iniciando um estilo de publicação até então inexistente no Brasil. Ele criou o formato que todas as revistas semelhantes seguiriam. A primeira revista de humor gráfico a ter regularidade de publicação foi Semana Ilustrada. Nela circulou o primeiro personagem fixo de charge brasileira: o Dr Semana que satirizava o cotidiano político da então capital do Império. Ele comentava as noticias na capa da revista.


1867 – O ítalo brasileiro Ângelo Agostini publicou entre 1867 a 1876 aquele que seria sua publicação mais famosa e que marcaria o auge de sua carreira: a Revista Illustrada. Durou 40 anos (1864 a 1910). Agostini publicou a primeira HQ feita no Brasil: As Aventuras de Nhô Quim (1869), Zé Caipora (1883). Ele foi o mais importante artista do Segundo Reinado. Colaborou com as publicações O Mosquito, Vida Fluminense, Mundo Ilustrado, Don Quixote e O Tico Tico.


1875 – O português Rafael Bordalo Pinheiro foi o inventor do personagem Zé Povinho, ícone nacional português. Fundou os periódicos A Berlinda, O Binóculo e A Lanterna Mágica. No período de 1875 a 1879 foi um dos nossos chargistas mais combativos e nenhum aspecto do cotidiano político e social escapou de seu lápis.



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