01 fevereiro 2011

A hora e vez dos quadrinhos baianos (20) (yes, nos temos quadrinhos)

25. BIENAL DE ARTES GRÁFICAS


Em um estado onde menos de 10% da população já visitou um museu, é necessário a criação de uma Bienal de Artes Gráficas na Bahia para cumprir o papel de promover o intercâmbio cultural, estimular o circuito artístico local e divulgar a arte baiana no exterior. A qualidade e a abrangência de nossa produção artística cresceram enormemente e nossos artistas precisam ganhar maior projeção. A bienal seria um importante catalisador da economia criativa e símbolos da modernidade não só de nossa cidade, mas do Brasil. Esse encontro de artistas de toda a Bahia será capaz de girar sentimentos díspares, que vão do absoluto prazer à completa indignação, e isso levaria os visitantes a refletir sobre a arte gráfica e seu papel na sociedade.


Embora o eixo da bienal seja dado pela arte, não se pode deixar de considerar seu impacto nos campos da educação, da cidadania e da economia. Para essa realização é necessário o apoio do Ministério e da Secretaria da Cultura, da Prefeitura de Salvador, das empresas privadas e da sociedade civil resultando justamente do atendimento desse impacto ampliado. Uma bienal forte interessa a toda a sociedade, na medida em que permite que nossa cidade se posicione como um dos grandes polos mundiais de arte gráfica contemporâneo, gerando riqueza, progresso e benefícios para todos. Para isso é aconselháveis parcerias público-privadas para o evento.


Em 2008 um grupo de artistas resolveu inscrever a revista Subversos no programa de valorização de iniciativas culturais do município de São Paulo. A revista foi editada pela Devir que foi distribuída gratuitamente em São Paulo e vendida para leitores de outras regiões. A prefeitura não interferiu no conteúdo. O litoral paulista também tem sua lei municipal de incentivo a cultura (Santos) e do Fundo de Assistência a Cultura. E já publicaram diversas obras em quadrinhos. Em Belo Horizonte a prefeitura também tem sua lei municipal publicando a revista Graffite. No estado do Piauí não há leis de incentivo específico de quadrinhos, mas as leis estaduais e municipais de apoio á cultura têm aprovado projetos na área como Feira HQ e publicações de revistas.


E o calcanhar de Aquiles na Bahia continua sendo a circulação dos bens culturais, no caso livros e revistas de quadrinhos. Como as bancas de jornal se tornaram pontos de venda de artigos os mais variados, as lojas especializadas (RV Cultura e Arte, livrarias Cultura, Saraiva e LDM) poderiam se tornar a melhor opção. Há falta de espaços para exposição, pois as galerias tradicionais ainda privilegiam as artes plásticas mais tradicionais. Os próprios artistas podem levar essa questão e trazer á tona a demanda, como de resto os artistas dos anos 80 levaram seus trabalhos para diversas galerias (Eucatexpo no Campo Grande, ICBA na Vitória, Biblioteca Central dos Barris). Faziam exposição com interatividade: o público participava na hora do voto, além da comissão julgadora.


A cultura nos traduz e nos diferencia. É por meio dela que nos revelamos uma sociedade original, plural e tolerante. Além disso, gera renda, trabalho e cidadania. Sua cadeia produtiva responde por 8% do Produto Interno Bruto (PIB) segundo estimativa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em 2008. Hoje deve estar bem maior. Gastos em bens culturais estão entre as principais despesas das famílias. A diversidade cultural é considerada, ao lado da biodiversidade, uma das fontes para um novo modelo de desenvolvimento.


No entanto, as carências a superar são grandes como prefeituras sem estruturas para gerir a cultura, sem centros culturais, museus, cinemas, teatros, bibliotecas e boa parte da população nunca entrou na Internet. O País vem enfrentando essa realidade com boas iniciativas. Chegou a hora da HQ receber um tratamento à sua altura. Um setor tão presente na vida cotidiana, seja de criança ou adulto, tão transversal no conjunto das dimensões humanas, tão transformador para os indivíduos, tão vital para a economia do país e para sua relação com o mundo merece políticas contínuas que contemplem sua grandeza.


A Bahia foi um dos primeiros estados a estadualizar as políticas do Ministério da Cultura (MinC), a exemplo do Edital Pontos de Cultura. Com recursos compartilhados, a Bahia também lançou o programa de Modernização de Bibliotecas Públicas Municipais e o Edital de Apoio a Micropojetos. Tem ainda os editais de Pontinhos de Cultura, Agentes de Leitura, Cine Mais Cultura. Desses editais deveria incluir as histórias em quadrinhos. A interiorização da cultura é um ponto positivo da secretaria de Cultura do Estado da Bahia, falta agora abir o leque para nossos artistas gráficos. Agora é preciso que os artistas apresentem propostas que atraiam o público, que tenham foco na sustentabilidade, que dialoguem com a Bahia agora, lidar com temas atuais. Existe o edital Apoio à Produção de Projeto Completo para Série de Animação e Interprograma de TV. Se existe edital da animação "para atender à uma demanda" porque não um edital de quadrinhos?


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Estamos publicando, em 23 artigos, a hora e vez dos quadrinhos baianos.

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