27 dezembro 2010

“Sim, a mulher pode” (1)

Em seu primeiro discurso como presidente eleita, Dilma Rousseff afirmou que seu principal compromisso será erradicar a miséria no país. Ela fez um apelo para que todos os setores da sociedade a auxiliem na tarefa. Ela prometeu “honrar as mulheres brasileiras” para que um fato como sua eleição “se torne um evento natural” e se amplie para o restante da sociedade. “Eu gostaria muito que os pais e as mães das meninas pudessem olhar hoje nos olhos delas e dizer: sim, a mulher pode”, afirmou Dilma.

Dilma Rousseff venceu as eleições com 55.732.748 votos (56,05% dos votos válidos), contra 43.702.323 de José Serra (43,95%). “Recebi de milhões de brasileiros e brasileiras talvez a missão mais importante de minha vida, e esse fato, para além da minha pessoa, é uma demonstração do avanço democrático do Brasil, porque pela primeira vez uma mulher presidirá o Brasil”, disse.


Nos três maiores colégios nordestinos – Bahia (70,6%), Pernambuco (75,6%) e Ceará (77,3%) - ela obteve vitória com mais de 70% dos votos válidos. A petista ainda conseguiu vencer no Sudeste por 1,6 milhão de votos.


A eleição da Senhora Dilma Rousseff como primeira Presidenta do Brasil é um marco histórico para a política e a sociedade brasileira. É a consagração da luta de gerações e gerações de mulheres brasileiras que, desde o início do século XX, lutaram para conquistar o direito ao voto e, finalmente, a condição de serem eleitas pelo voto popular à mais alta esfera do Poder Executivo. A chegada das mulheres brasileiras ao poder tem sido extremamente lenta e obstaculizada pela tradicional e prevalente concentração de poder masculino. Somente em 1950 foi eleita a primeira deputada federal brasileira; em 1990, a primeira senadora; e em 1994, a primeira governadora.


Na cronologia das mulheres nos espaços de poder e tomada de decisão, 2010 inscreve sua marca com a simbólica ruptura de uma tradição secular de exclusão política. À luz do empoderamento político das mulheres – assumido há quinze anos como compromisso mundial na IV Conferência sobre a Mulher –, o Brasil dá um passo fundamental na direção de um novo paradigma de gênero e poder, já experimentado em outras nações latino-americanas.


Numa entrevista exclusiva à revista Isto É (nº2139, 10/11/2010) a socióloga Maria Victoria Benevides, professora titular da Escola de Educação da Universidade de São Paulo, enumerou os desafios que deverão ser enfrentados pela presidente eleita, Dilma Rousseff: “Num país ainda dominado por uma política machista e personalista, ter pela primeira vez uma mulher como presidente da República é uma grande novidade”, disse. O maior desafio, entretanto, ainda está por vir. “Haverá sobre Dilma uma dupla cobrança. Assim como Lula dizia que não podia errar por ser um operário de origem pobre, ela não poderá errar exatamente pelo fato de ser mulher” explica a socióloga que em 1986 recebeu do Conselho Nacional de Mulheres o título de Mulher do Ano na área de ciência política.

Na mesma revista a escritora e pioneira do feminismo, Rose Maria Muraro disse: “A eleição de Dilma mostra que não adianta ser só mulher, é preciso agir diferentemente do homem”. Perguntada sobre como aumentar a participação das mulheres na política, ela respondeu: “Acho que ainda vai levar tempo. Enquanto houver o machismo nos partidos, será difícil. Eles só deixam entrar mulher, mãe e filha de políticos”.


Para muitos que acredita numa presidente tutelada, ninguém manda numa mulher, muito menos Dilma. Os sinais emitidos pela presidente eleita foram claros. Será dela a autoridade presidencial. Seu discurso de vitória foi conciliador e assumiu compromissos com a democracia, com a igualdade de oportunidade (inclusive em relação às mulheres), com os pilares da estabilidade, com a promoção dos direitos humanos no plano internacional e com a meritocracia no serviço público. Sobre os desafios econômicos, demonstrou estar atento aos problemas globais, ao falar da guerra cambial, discutida na reunião do G-20, na Coreia do Sul, onde fez sua estreia internacional.


Mulheres poderosas


Indira Gandhi – Em 1966, a ministra da Informação e Radiodifusão virou a primeira chefe de estado da Índia e símbolo da mulher no poder. Se reelegeu em 1971, com a promessa de expulsar a pobreza.


Cristina Kirchner – A viúva do ex-presidente Nestor Kirchner se elegeu presidente da Argentina em 2007, após o fim do mandato do marido. Ela se candidatará à reeleição.


Michele Bachelet – A ex-presidente do Chile foi a primeira mulher eleita para o cargo na América Latina. Foi presa, torturada e expulsa do país na época da ditadura chilena.


Margreth Tatcher – A “Dama de Ferro” se elegeu primeira ministra da Inglaterra em 1975, primeira mulher a ocupar o cargo no país. Governou até 1990 pela Partido Conservador.


Angel Merkel – A primeira ministra da Alemanha foi considerada pela revista Forbes, a mulher mais poderosa do mundo em 2009. Foi a primeira a ocupar o cargo no país.


Dilma Rousef – Primeira mulher da República Federativa do Brasil, a segunda da América do Sul que governa atualmente a Nação (Cristina Kirchner preside a Argentina), e a figura de número 40 a dirigir os rumos da nação.

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Um comentário:

Mae Adriane de Oxala disse...

Ola Gutemberg, ainda não tive tempo de olhar melhor seu blog , mais quando posso dou uma olhada e percebo como seu conteudo e bom ,o seu ja esta sendo compartilhado no meu,passa la e de uma olhada
um abraço