22 julho 2010

O faroeste nos gibis italianos (1)

O faroeste ainda resiste nas histórias em quadrinhos graças aos quadrinistas italianos. São “spaghetti”, como Tex e Bela e Bronco (Editora Globo) e Zagor e Judas (Editora Record), que povoam nossas bancas. A única série que salvava o gênero era o gibi Blueberry, o grande astro de Jean Giraud (conhecido também como Moebius), e Charlier. A Abriu Jovem cancelou em 1991 a publicação, mas quem gosta do personagem pode encontrar a série com 28 álbuns em português, nas edições da Meribérica Liber.


Em 1991 chegou às bancas especializadas os volumes de Grandes Mitos del Oeste, do roteirista e editor Josep Toutain Vila. São álbuns que reúnem episódios curtos e romanceados que desmitificam grandes nomes verídicos do velho Oeste. Desenhado por José Ortiz Moya, esses contos realistas revelam que o “pacificador” Wild Bill Hickok era um exímio atirador e vítima de sua própria fama, depois de atuar no circo de Buffalo Bill; Bat Masterson era um matador implacável; Buth Cassidy era ignorante e rude; Pat Garret era um canalha, entre outros. A publicação é da Toutain Editor.


Já a Editora Record lançou na mesma época uma importante série: A História do Oeste. Conta a saga da família MacDonald pelo velho Oeste americano. O roteiro, preciso e apaixonado, é do italiano Luigi Gino D´Antonio, que iniciou em 1967 e, com a ajuda dos colegas Renzo Caligari, Sergio Tarquino e Renato Poleses, realizou 73 episódios. A série foi publicada no Brasil., a partir de 1970, pela Ebal com o nome de Epopeia Tri. A saga foi revista e ampliada quando da reedição italiana para a Sérgio Nobelli Editore.


Brett MacDonald, o patriarca da família, inicia suas aventuras na América, no período dos pioneiros, logo após a Guerra da Independência, e a epopeia da família prossegue com seu filho Pat e seu neto Dan. Todos participando de grandes eventos reais da história do faroeste, como a luta pelo Forte Álamo, que possibilitou e originou a formação do Texas, a Guerra de Secessão, a guerra contra os sioux e a implantação das ferrovias. Encerra a saga com a inclusão de um MacDonald na agência de detetives Pinkerton.

A história do Oeste é a epopeia da família MacDonald, que, ao longo de gerações, acompanha a exploração, a colonização, o desenvolvimento e, finalmente, brutal pacificação do Oeste americano. Uma série ao mesmo tempo empolgante e didática, que mistura os fictícios Mac Donalds com a saga dos pioneiros, a Guerra Civil e a história de grandes pistoleiro como Wild Bill Hickock e as guerras indígenas. Participam dos episódios personalidades lendárias como Buffalo Bill, General Custer, Kit Carson, Touro Sentado, dentre outros.


Enquanto no cinema os italianos reforçaram o gênero bang bang, mostrando outra faceta do mocinho, nos quadrinhos, os italianos se orgulham de ter criado uma das melhores versões do western americano. Em 1937, Rino Albertarelli e Walter Molino criam Kit Carson. Em setembro de 1948, na Itália, foi publicada a primeira aventura de Tex Willer, com roteiro assinado por Giovanni Luigi Bonelli. Po decano dos roteiristas italianos, e desenhos de Aurelio Galleppini, o primeiro de uma extensa lista de profissionais que se revezam até hoje. Nos EUA, nas décadas de 40 e 50, os comic books publicaram literalmente milhares de páginas de aventuras com cowboys, todas parecidas umas com as outras. Além dos cowboys nascidos e criados no mundo dos quadrinhos, a década de 50 viu surgirem adaptações de grandes ídolos do cinema, como Tom Mix, Roy Rogers, Rex Allem e muitos outros. Devido ao grande sucesso, essa tendência permaneceu na década seguinte, com as quadrinizações dos seriados televisivos como Paladino do Oeste, Gunsmoke, Bat Masterson etc.


Mas o primeiro personagem a recontar a verdadeira história do Oeste com a extinção dos búfalos e a matança indiscriminada dos índios veio da França: Tenente Blueberry, criado em 1963 por Jean Michel Charlier e Jean “Moebius” Giraud. A ação pode ser situada num contexto real que incluio a 7a Cavalaria, negociações e massacres das nações indígenas e Guerra de Secessão. Tudo com muita pesquisa. Há sinais claros de estudos étnicos e documentais. Para muitos, é a melhor série europeia de western. A série só foi interrompida com o desaparecimento do argumentista Jean Michel Charlier, em 1989, aos 65 anos.

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