15 julho 2010

Brasil, revisão de uma história (II)

Após abolição da escravidão em 1888, a necessidade de mão de obra, para a agricultura, principalmente a do café, em substituição ao trabalho escravo, abriu espaço para a imigração em larga escala. Até fins da década de 1940 estima-se que o Brasil recebeu aproximadamente 5 milhões de imigrantes. Deste total, 2/3 foram constituídos por italianos, portugueses e espanhóis. No 1/3 restante contam-se principalmente alemães e japoneses, e grupos menores de russos, sírio-libaneses e outros. Em anos mais recentes, após a segunda guerra mundial, novos contingentes de imigrantes coreanos, chineses e de países sul-americanos, como Bolívia e Paraguai aportaram ao Brasil.


Deste modo, a formação da cultura brasileira encontra fortes raízes nas culturas europeia, indígena, negra além de influências orientais, moldando o brasileiro como indivíduo versátil e adaptável, aberto ao contato e a apreciação das mais diversas influências culturais.


INDEPENDÊNCIA – Com a exploração dos nossos tesouros o Brasil ganhou mais habitantes, alguns deles bem mais ricos e o país mais pobre. A população de Minas Gerais viveu no final do século 17 uma vida agitada. Por causa do ouro, centenas de pessoas mataram e morreram (filmes de bangue bangue perde para esse cenário). E por estar mais perto das minas, o Rio de Janeiro passou a cidade de Salvador para trás e se tornou a capital. Mas a população pobre começou a se movimentar insatisfeita e, entre poema satírico e carta contra o governo, surgiram os primeiros movimentos pela independência.


A monarquia brasileira durou 67 anos e foi uma época confusa. O imperador reinava aqui e em Portugal, fomos até governados por um garoto de 14 anos. Diversos ministros vieram e caíram. Pedro I proclamou a Independência e ninguém ficou sabendo. O Brasil era uma colônia composta por regime muito diferentes. Várias revoluções explodem em todo o país a partir de 1835: Farroupilha (Rio Grande do Sul), Revolta dos Malês (Bahia), Cabanagem (Pará).

MILITARES - Em 1864 começa a Guerra do Paraguai e a vitória aumentou o sentimento de que formávamos uma só povo. Mas em 1889 os republicanos tramavam um golpe e Dom Pedro II é deposto, o império cai e o marechal Deodoro da Fonseca assume. Começa então o período da República. Assim quando um marechal do Exército, herói da Guerra do Paraguai derrubou o imperador, nosso país passou a conviver coma grande influência dos militares. Foi com a ajuda dos militares que Getúlio Vargas assumiu a presidência, e foi por causa deles que caiu, em 1945. E a caserna garantiu a posse de alguns presidentes e chegou ao auge do poder em abril de 1964. Começava então o mais longo período de ditadura da nossa história republicana.


É bom lembrar que até o final da Guerra do Paraguai (1870) não valia a pena ser militar no Brasil. Desde que foi criado o Exército e a Marinha ir para lá era um castigo reservado para as pessoas pobres acusadas de delinquência ou vadiagem. O conflito no país vizinho forçou o Império a criar um exército de verdade. Com a vitória no Paraguai surgiram os heróis Duque de Caxias e o marechal Deodoro da Fonseca. Eles voltaram da guerra querendo mais poder. Conseguiram através de conspirações, tramoias e sabe lá o quê...


NAZISTA - Nos anos 30, para quem não se lembra, abrigamos o maior partido de apoio a Hitler fora da Alemanha. Muitos dos imigrantes alemães nazistas eram espiões. São Paulo, Santa Catarina, Rio de Janeiro entre outros, saudavam a Alemanha de Hitler. Em Salvador, por exemplo, no bucólico bairro da Saúde chegou a morar um desses espiões (dizem a lenda, se desejar vá pesquisar e relatar tal fato). O presidente Getúlio Vargas gostava da Alemanha e não decidia que lado o Brasil ia apoiar na Segunda Guerra Mundial. Sua decisão chegou quando submarinos alemães bombardearam navios brasileiros em agosto de 1942. Então Getúlio declarou guerra a Hitler e Mussolini. As armas secretas no exterior de Hitler (no caso Brasil) estavam nas escolas, clubes e no alto do morro de Santa Tereza (vixe Maria!).

Em 1964, com a tomada do poder pelos militares, ocorreram mudanças que marcaram profundamente duas ou três gerações de brasileiros, até os dias de hoje. Por um lado os militares privilegiaram o desenvolvimento econômico, dispostos que estavam a transformar o Brasil em uma potência emergente. Mas, por outro lado, através de uma série de "Atos Institucionais", suspenderam direitos políticos, eliminaram a possibilidade da população eleger o Presidente da República e os Governadores dos Estados, instauraram uma política de censura, cerceando a liberdade de expressão, e iniciaram uma fase de repressão e perseguições políticas. (Mais sobre o assunto leia “As Ilusões Armadas- A Ditadura Envergonhada”, de Elio Gaspari, Cia das Letras).


JUSCELINO - Veio o Presidente Juscelino Kubitschek que fez o país acreditar que estava entrando no primeiro mundo. Sorridente e jovial ele prometeu fazer o Brasil saltar 50 anos em 5. E se o antecessor queria que todas as grandes empresas que operasse no Brasil fossem nacionais, Juscelino saiu em busca de empresas de todo lugar do mundo para priorizar áreas de energia, industria, transporte, alimentação e educação.. A Volkswagem começou a fabricar aqui Fuscas e Kombis. As pessoas passaram a ter em casa liquidificadores, vitrolas, geladeiras, enceradeiras, televisores. Foi uma grande empolgação.


As rodovias asfaltadas triplicaram, construíram hidrelétricas, Brasília surgiu como a cidade mais moderna do planeta, mas a felicidade estava chegando em um final não tão feliz assim pois o país endividava demais. O governo gastava muito mais que arrecadava e o dinheiro estrangeiro não foi suficiente para segurar o rombo. A inflação saltou de 19% para 30% ao ano (1958). Nas eleições Juscelino estava mal e em 1964 um golpe militar mudou todo o cenário.(Leia: “Feliz 1958 o ano que não devia terminar”, de Joaquim dos Santos, editora Record para sacar mais sobre o assunto) Fecha as cortinas!. O resto você deve ter acompanhado...


EXTERMÍNIO (ou a arte de não ver)


A história é crônica da destruição e das ruínas das coisas corroídas pelo tempo. A história é massacre que o presente sem memória converte em progresso. O historicista procura empatia com o vencedor. Os que conseguiram a vitória participam do cortejo triunfal que conduz os dominadores de hoje a tal posição na medida em que passam sobre os vencidos que jazem no chão. O contato entre culturas diferentes, no passado, foi trágico. O engajamento europeu com os povos nativos das Américas foi trágico. A Europa enriqueceu com os genocídios nas Américas. Em 1492, cerca de 100 mil povos nativos viviam nas Américas. No fim do Século XIX, quase todos eles tinham sido exterminados.


Quando os espanhóis chegaram nas Américas, destruíram tudo e todos que encontraram pelos caminho. Colombo fez pior que Hitler e a História esconde esses fatos. Mataram, estriparam, queimaram, vivos. Esses conquistadores espalharam sua missão civilizatória ao longo das Américas Central e do Sul matando todos os povos indígenas. Os missionários franciscanos usaram trabalhos escravos em campos de concentração e exterminaram milhares de povos. Os que cometeram atrocidades foram credenciados como heróis. E o Vaticano beatificou muitos desses assassinos. Política e religião quando se junta, haja exterminação.

E o abatedouro continuou até chegar bos dias atuais onde o princípio do genocídio que o oponente é melhor oprimido quando não podemos vê-lo continua. “Nós nos tornamos todos hábeis na arte de não ver”.

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