Ele satirizou
políticos, personalidades
e costumes, e como
defendia sob o
pseudônimo de K-Lunga
a Revolução de 30,
foi parar num xadrez
da Secretaria de Segurança,
para onde o mandou,
depois de saber que
era o chargista
a serviço da revolução,
o então secretário
Pedro Gordilho. A irreverência
brincalhona de suas
caricaturas resultou em
sua detenção por 36
horas. Desde o governador
Antonio Muniz (1916
a 1920) até Antonio
Balbino (1916 a
1959) foram alvos de
suas críticas. Uma de
suas charges mais ousadas
e contundentes, As
Transformações, provocou o
empastelamento do jornal
A Hora, dirigido por
Artur Ferreira, de oposição
ao governador Antonio Moniz. Há 30
anos que ele faleceu.
O trabalho
desse português meio franzino
e de talento singular,
a despeito do delegado
Pedro Gordilho tê-lo chamado
de “fazedor de bonecos”,
começou a incomodar
os donos do poder.
De modo geral, emprestou
o valor de seu
lápis aos maiores jornais
e revistas locais. Como
caricaturista, trabalhou
ainda nos jornais A
Tarde, O Imparcial,
Jornal de Notícias,
A Noite e nas
revistas A Luva,
A Fita, A Garota,
A Farra, Melindrosa,
Revista da Bahia,
Única e A Renascença.
Estamos falando
de Raymundo Chaves Aguiar.
Ele nasceu em Lisboa,
no dia 06 de
dezembro de 1893,
há 126 anos. Mudou-se
para o Brasil em
1913, há cem anos.
Ele chegava com todo
um talento reprimido
pela família que queria
forçá-lo a acabar
seus dias como empregado
no comercio lisboeta.
Traumatizado com o
fato, procurava vingar-se
em bebedeiras e na
boemia. Diante disso,
a família resolveu mandá-lo
para o Brasil com
um emprego de comerciário
em uma firma de
Salvador.
Obedecendo aparentemente
à vontade da família,
mas continuando a
esboçar os seus
desenhos e caricaturas,
ele chegou em 29
de novembro de 1913.
Foi trabalhar numa casa
comercial mas secretamente
continuava desenhando.
Até que um de
seus desenhos chegou às
mãos de Henrique Câncio,
então cronista do jornal
A Tarde. Começou ai
a carreira de caricaturista.
Sabendo captar com maestria o
espírito do povo
nas suas gozações caricaturais,
Raymundo Aguiar despertou
a atenção de diretores
de revistas e jornais
de Salvador.
Quando expôs
seus trabalhos nos salões
da linha circular em
1927, recebeu diversos elogios,
inclusive um artigo
do professor Vieira de
Campos, da Escola
de Belas Artes. Mais
tarde ingressa na Escola
de Belas Artes até
concluir o curso
em 1933. No ano
seguinte é convidado
para ser assistente
das cadeiras Geometria
Descritiva, Perspectiva,
Sombra e Luz e
Estereotomia. E em
1939 tornou-se catedrático
de Perspectiva em
Sombras, matéria que
lecionou até 1963,
quando foi aposentado
compulsoriamente co o
título de professor
emérito da Universidade
Federal da Bahia.
Dedicou-se desde
1964 exclusivamente a
pintar interiores onde dominou
perfeitamente os jogos
de luz e sombra que foram
uma das suas características
principais e deu
preferência especial aos
ambientes de meia
luz dos claustros
e sacristias. Nessa
época ele publicou livros
didáticos ensinando
perspectiva.
No dia
06 de dezembro de
1989 ele faleceu, aos
96 anos, deixando cinco
filhos, 31 netos
e oito bisnetos.
O artista foi premiado
em todas as modalidades
a que se dedicou
– desenho, charge, caricatura,
gravura, xilogravura
e pintura. Raymundo Aguiar,
ou K-Lunga como assinava
seus trabalhos, se dedicou
ao desenho, charge, caricatura,
gravura, xilogravura
e pintura, dedicando-se
em técnicas como gravura
a água forte, a
água tinta, pastel, óleo
e xilogravura. Sua
obra de desenhista,
além do valor intrínseco,
é importante por ter
registrado, de forma
autêntica, acontecimentos
sociais e políticos
de sua época.
Os desenhos
de K-Lunga caracterizam-se
pela maneira irônica de
mostrar a sociedade
burguesa – sua elegância
e esnobismo eram os
pontos ressaltados. Suas
charges políticas
têm caráter chistoso,
movimentado e retratam
legítimos quadros de
costumes dos bastidores
da democracia brasileira.
Quem desejar conhecer um
pouco mais sobre os
desenhos do artista,
vale ler o livro
que lancei em 1993,
Humor Gráfico na Bahia
– O Traço dos Mestres.
Um comentário:
Muito feliz em ler esse texto e saber mais sobre a história do meu bisavô. Não tive a honra de conhecer pois nasci em 1993, mas meu pai fala muito dele, era apegado ao avô. Na casa de meu pai ainda tem algumas obras de meu bisavô.
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