Outro artista do cinema brasileiro a
também ir parar nos quadrinhos foi Mazzaropi,
neles apresentado na caracterização de caipira que o consagrou e tornou
conhecido em todos os rincões do país, como o chapéu de palha, as botas e as calças
com remendos. Amácio Mazzaropi (1912-1981) foi um ator e cineasta brasileiro,
comediante que interpretava o caipira do interior paulista. Ele ficou conhecido
por seu programa chamado Rancho da Alegria, que começou na Rádio Tupi em 1946 e
depois foi adaptado para a televisão em 1950. Dois anos depois, Mazzaropi
estreava seu primeiro filme chamado Sai da Frente. Popular e dono de
bilheterias que fariam inveja nos dias de hoje, ele fez sucesso ao interpretar
a figura do caipira, do homem simples, mas esperto, vindo do campo.
Depois de
tantos sucessos em mídias diferentes, em 1956 a Editora La Selva lançou o gibi
do Mazzaropi. As histórias que o ator vivia nos quadrinhos eram aventuras
cômicas. A primeira parte da revista durou até 1958 e mais tarde ela retornou e
foi publicada de 1965 até 1967. Mazzaropi em Quadrinhos chegou às bancas em
1956, desenhada por Jayme Cortez. A equipe da revista utilizava fotos do comediante
como base para o desenho. A revista Mazzaropi durou 14 números e foi até 1958.
Depois, teve uma segunda fase que estreou em 1965 e durou mais 20 números,
totalizando 34 edições deste que é um dos maiores nomes do cinema nacional.
Anjo
é
detetive dos programas da Rádio Nacional que, mais tarde, foi transformado em
quadrinhos (pela RGE) e filme. O personagem foi criado em 1948 para o rádio
pelo ator Álvaro Aguiar (1926-1988), que também o interpretou. Roteiro do
produtor de radio e tevê, Péricles Leal. O programa, Aventuras do Anjo,
permaneceu no ar durante 17 anos, indo ao ar de segunda a sexta-feira, entre
18h25 e 18h30. Bebendo nas águas do Santo, mas com personalidade própria, o
Anjo (seu verdadeiro nome não era revelado) era um playboy americano louro que
tinha como passatempo combater o crime, sempre auxiliado por fiéis
colaboradores. No início, seus ajudantes eram Metralha (tinha esse apelido
porque sempre andava com uma simpática metralhadora), Campeão e Gorila. Depois,
Gorila e Campeão foram substituídos por Jarbas e Faísca. Teve a sua estréia em gibi em 1959 e a sua
ultima publicação foi em 1965, num total de 73 exemplares. Em 1959 houve uma
adaptação para os gibis da RGE, com desenhos de Flavio Colin (1930-2002),
depois substituído por Getulio Delphin. A maior diferença em relação ao show do
rádio era que, nos quadrinhos, as peripécias do Anjo se passavam no Brasil.
Teve 43 números. O Anjo foi parar no cinema em 1990, no filme O Escorpião
Escarlate, de Ivan Cardoso. O curioso é que, na fita, o nome civil do Detetive
Milionário é justamente Álvaro Aguiar (vivido por Herson Capri).
Jerônimo, o Heroi do Sertão: Ele foi durante muitos anos um dos
maiores sucessos da Rádio Nacional. Depois ganhou imagem e repetiu o sucesso na
TV Tupi. Laços de Sangue foi a primeira aventura de Jerônimo apresentada na
televisão e tendo no elenco Francisco di Franco (na papel de Jerônimo),
Canarinho (Moleque Saci), Eva Christian (Aninha), entre outros. Paladino da justiça e andarilho dos sertões brasileiros, Jerônimo
estava sempre à disposição, onde quer que o bem precisasse triunfar. Tendo ao
lado o inseparável ajudante Moleque Saci, foi um herói de quadrinhos criado em
1953 e que em 1957 e fez a alegria dos leitores de quadrinhos durante 62
edições mensais e cinco almanaques especiais, escritos pelo próprio autor da
novela, Moysés Weltman, desenhados por Edmundo Rodrigues (1935-2012) e
publicados pela RGE. Mas o sucesso não se restringia às HQs: o País inteiro
parava em frente ao rádio para ouvir a novela radiofônica - que inspirou a
revista -, e até mesmo um disco com uma canção em sua homenagem foi gravado.
Como se não bastasse, em 1972 a extinta TV Tupi apresentou uma versão
televisiva de suas aventuras. Esse ilustre esquecido chamava-se Jerônimo, o
herói do Sertão. Jerônimo está longe de ser um caso isolado de personagens que,
apesar de gozarem de estrondoso sucesso no mercado editorial brasileiro durante
muito tempo, amargam hoje um desmerecido ostracismo. E isso não se restringe a
criações nacionais, pois muitos ícones mundiais também estão quase apagados da
memória dos fãs e, pior, são completamente desconhecidos por leitores que já
atravessam várias gerações.
Entre os
anos de 1956 e 1959, as tirinhas do Dr.
Macarra de Carlos Estevão (1921-1972) faziam a alegria dos leitores do
jornal, nas páginas de política do Diário de Pernambuco. As histórias do Dr.
Macarra tinham sempre o mesmo formato: no primeiro quadro, a figura conversa
com alguém e sempre se gaba de alguma coisa. No outro quadro, a realidade nua e
crua. Na verdade, o Dr. Macarra nunca mentia. O interlocutor é que pensasse o
que quisesse. O personagem era um malandro metido a granfino, refinado, vivia
contando vantagens. No primeiro quadrinho, Macarra mente descaradamente. No
segundo, Estevão mostrava a realidade dos fatos. Personagem tipicamente
carioca, reuniu características bem próprios do malandro. Carlos Estêvão
desenhava sempre em dois planos: um em que aparecia a personalidade aparente do
Dr. Macarra; e. como uma sombra, a projeção de sua verdadeira personalidade.
Dr. Macarra, de Carlos Estêvão ganhou uma revista em quadrinhos própria em
abril de 1962, pela Editora O Cruzeiro. O gibi tinha 32 páginas em preto e
branco, mais quatro capas coloridas. Circulou até novembro do mesmo ano. Foram
oito edições mensais que levaram Carlos Estêvão às férias. E ele nunca mais
quis saber de fazer uma revista inteirinha sozinho. Dr. Macarra era um
mentiroso descarado. Se apresentava sempre de branco, paletó e gravata. As
situações eram narradas em dois momentos. O primeiro, com ele se gabando das
aventuras e o segundo mostrando as conseqüências do que realmente havia
ocorrido. A revista apresentava outras séries vindas de O Cruzeiro, como As
Aparências Enganam, Ser Mulher, Herois da noite e outros. E alem disso, cartuns
avulsos, histórias em quadrinhos inéditas e dois novos personagens: Cabo Frio,
o Galante e Sherlock Halmes. Personagem falastrão iludia seus interlocutores
com seus exageros e invencionices. Na primeira vinheta da história, ele
aparecia contando lorotas e, na seguinte, o leitor testemunhava o que realmente
tinha acontecido. O personagem contava proezas mirabolantes a seus crédulos
ouvintes, ganhando méritos por algo que nunca fez e por uma cultura e uma
coragem que fingia possuir. As relações humanas no cotidiano, principalmente
entre homens e mulheres, eram situações comuns tratado pelo autor.
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