A história de Gerhard Shnobble
(The Story of Gerhard Shnobble) foi publicada por Will Eisner em05 de setembro
de 1948. Trata-se de um conto de sete páginas que, com o tempo, se provaria a
obra mais aclamada pelos críticos e mais republicada da série.
A história tinha
todas as marcas de Eisner – narrativa forte, personagem memoravel,
experimentalismo formal, ângulos de câmara ousados e um final poderoso – e
conseguiu fazer isso tendo Spirit apenas como presença incidental.
Na história, Gerhard Shnobble
descobre aos oito a nos que sabe voar – desde que acredite que pode. Seus pais,
por meio de repressão e surras, tiram seu ânimo de exibir seu poder a outros, e
ele literalmente apaga aquilo da cabeça.
Ele segue uma vida totalmente comum.
Consegue ser promovido a vigia noturno de um banco. O banco é assaltado, e
Shnobble é demitido, o que reforça sua sensação de isolamento e inutilidade.
Totalmente derrotado, caminha pelas ruas de Nova York até que, no limite da
depressão, ele se
lembra do seu poder.
Determinado a provar ao mundo que
é realmente especial, ele sobe de elevador até o topo de um arranha céu, do
qual propõe jogar-se e então planar sobre as pessoas na rua. Mas acaba se
tornando a pessoa errada no lugar errado na hora errada: os ladrões do banco
estão encurralados no telhado do mesmo prédio, e Spirit, chamado ao local para
detê-los, acaba enfrentando-os assim que Shnobble pula do prédio e começa a
voar.
Mas é atingido por balas perdidas, e, em vez de fazer sucesso entre a
multidão com seu voo, ele despenca no chão.mais uma vítima de um crime sem
sentido.
Eisner deixa bem clara sua
intenção no final de conclusão da história onde um narrador diz: “Mas não chore
por Gerhard Shnobble.
Melhor derramar uma lágrima por toda a espécie humana,
pois nem uma só pessoa entre toda a multidão que viu seu corpo despencar soube,
ou ao menos suspeitou, que naquele dia Gerhard Shnobble tinha voado”.
Apesar de toda a fantasia, essa
fábula universal era profundamente pessoal para Eisner, fazendo-o voltar aos
cortiços do Bronx, à necessidade (e incapacidade) de provar seu talento
artístico, à falta de incentivo.
Spirit foi um dos sintomas da superação
estetica do conceito de super heroi tanto nos EUA como na Europa e na America
Latina.
CONSTRUÇÃO - Toda vez que leio ou
releio essa obra lembro de Construção, composição de Chico Buarque de 1971, o
período dos exilados, pressões, torturas e morte. Mundo de “homens partidos”.
Nessa obra pode-se decodificar não apenas o problema social do operário não
qualificado, que se expõe à morte pela
precariedade das condições de segurança
no trabalho, mas de uma sociedade desintegrada e mutiladora, que isola os
individuos.
Trata-se de um dos textos mais
rigorosamente “construídos” do compositores, de estrito rigor formal e apuro
técnico. É uma das canções mais engajadas de Chico. Daria uma excelente
história de quadrinhos. Atenção quadrinistas, mãos à obra.
MÁQUINA ZERO – Na Antologia
Máquina Zero, projeto baião quereúne artistas nacionais e internacionais com
obras autorais há uma historieta com roteiro de Lucas Pimenta e Carlos Kawahare
e arte de Rafael Cordeiro, Pai, Herói?.
No roteiro, um garoto conta a sua
namorada o sofrimento de assistir a violência do pai contra sua mãe até que
ocorre um incêndio na casa e ele vê o pai pegando fogo e voando pela janela.
Isso ficou em sua cabeça como que seu pai fosse um super herói.
Ao contar para
a garota, ele resolve mostrá-la que também tem poderes e se joga do alto do
edifício. O resultado? Só lendo...
A publicação traz trabalhos da
França, Costa do Marfim, Italia, Portugal, Angola, Paraguai e Brasil.
Como no Brasil e em muitos outros
países há uma acomodação de um mercado que teme investimento no novo, que
reserva aos autores que ousam criar uma obra mais autoral e experimental, é de
se parabenizar a iniciativa louvável e destemida de Lucas Pimenta e Marcello
Fontana.
É preciso que nossos governantes deixem um pouco de merchandising de
lado e entre em ação de verdade para investir no grafismo baiano. Quase nunca se
vê o que eles fazem para o desenvolvimento das artes gráficas na Bahia. O que é
uma pena. Enquanto isso...a Bahia vai bem...na fita porque na realidade é
esquisita!.
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