1988 (EUA)
– O desenhista e roteirista
norte-americano Bill Sinkiewicz
lança a novela gráfica
emquatro volumes STRAY TOASTERS (Torradas
Errantes em tradução
literal) empurrando
os limites do gênero
quadrinhos para dentro
de um turbilhão de referências
das artes plásticas
do século 20, costurando-as
todas com uma coleção
alucinada de complexos
e perversidades.
A
narrativa é fragmentada,
contando a história
de uma torradeira
que, possuída por um
demônio, se conecta
com uma criança.
1988 (EUA)
– Em novembro chega às
bancas Surfista Prateado om
a história “Parable” (Parábola)
trazendo a assinatura
do roteirista norte americano
Stan Lee e o
desenhista francês Jean
Giraud, o Moebius.
O guerreiro cósmico enfrenta
um velho inimigo, Galactus,
o devorador de mundo.
1988 (BRASIL)
– Henfil se lança
a direção de um
filme: TANGA, DEU NO
NEW YORK TIMES,
onde conta a história
de uma ilha com
um governo tão repressor,
na América Latina, que
o único jornal autorizado
é o que dá
nome ao filme.
1988 (EUA)
– AS DEZ
NOITES DA BESTA,
edição de luxo reunindo
quatro histórias publicadas
nos EUA. Nessas aventuras,
Batman enfrenta a Besta,
o mais mortal criminoso
da KGB. O criminoso
foge das perseguições
liberalizantes de Gorbachev
para Gotham City, onde
tentará assassinar
as dez pessoas mais
importantes para o
projeto Guerra nas
Estrelas,inclusive
o presidente Ronald Reagan.
Roteiro de Jim
Starlin (que optou
por narração em “off”
feita pelo herói), arte
de Jim Aparo e
Mike De Carlo. Batman
reage ao enfrentar
um oponente mais forte,
mais rápido e mais
hábil do que ele.
No duelo final, ele
opta por executar a
Besta, evitando enfrentar
o vilão no “mano-a-mano”.
1988 (EUA)
– Hulk volta à TV
americana no especial
THE RETURN
OF THE INCREDIBLE HULK,
com Lou Ferrigno no
papel principal.
1988 (FRANÇA)
– Moebius lança a
história OS JARDINS DE EDENA, aventura de
dois humanos do futuro
(Stell e Atan), num
planeta paradisíaco.
O autor defende uma
volta à natureza e
as formas de alimentação
mais integradas.
1988 (CANADÁ)
– O canadense Ron Mann
dirige o documentário
COMIC BOOK
CONFIDENTIAL que revê
a evolução das HQs
desde o seu aparecimento
ater os dias de
hoje quando ganharam um
status de matéria científica.
O documentário recebeu
o prêmio Genie, Oscar
do Canadá.
1988 (EUA)
– Durante a greve
dos roteiristas de
Hollywood, o argumentistas
Sam Hamm cria uma
aventura de mais
de 150 páginas com
arte de Denys Cowan:
BATMAN ANUAL
– JUSTIÇA
CEGA. Hamm construiu
uma alegoria ao insinuar
que, assim como o
herói, as pessoas tem
estado cegas, cegas como
um morcego. Ele mostra,
em flashbacks, o
treinamento do jovem
Bruce Wayne. Mestre após
mestre, ele se
prepara para ser
o vingador, o justiceiro.
É por meiodas
palavras de Henry
Ducard, um mercenário
que lhe ensinou as
artes da dedução, que
as entranhas do Homem
Morcego são expostas.
Batman é um louco
inocente. Louco foi
não perceber que é
sua figura estranha exposta
à mídia que faz
com qu outros desequilibrados
se fantasiem e cometam
crimes recheados de charadas
e piadas – apenas para
poderem ser alvos
de sua atenção e
assim se tornar famoso
também (tese introduzida
por Frank Miller). Inocente
por acreditar que combate
o crime nas ruas
enquanto o verdadeiro
mal se espalha e,
sem alarde, controla países
e corporações de
forma invisível e enexorável.
1988 (EUA)
- SANDMAN.
O escritor Neil Gaiman
fez releitura de um
antigo herói, Sandman. Deu-lhe
um visual à altura
do irmão da morte.
Virou pesadelo. Todo dark.
Até seus textos nos
balõezinhos são impressos
em negativo. Acabou definitivamente
com o clichê de
dupla personalidade. Suas
histórias são modernas
e atuais, cheias de
citações, desdenhando
das situações comuns nos
quadrinhos.
1988 (EUA)
- A PIADA MORTAL. O
roteirista AlanMoore
e o artista Brian
Bolland mergulharam
na mente do Palhaço
Psicótico e presentearam
os fãs dos quadrinhos
com uma das melhores
histórias escritas sobre
a origem do Coringa,
analisando de forma
definitiva sua relação
com o Cavaleiro
das Trevas e Gotham
City. História
sádica, comandada
por um bandido insano,
situações violentas,
chuva, ambientada em um
parque de diversões.
Premiada como melhor
do ano.
Em A piada mortal, Moore explora a psicologia de
Batman, Coringa e do comissário Gordon. Todas as tramas paralelas apresentadas
na HQ acabam tendo Gordon como seu referencial e é o comissário que concentra a
maioria das perguntas que surgem após a leitura da revista. Afinal de contas,
se basta um “dia ruim” para levar
a sanidade de uma pessoa, porque o mesmo não aconteceu com Gordon? Porque é que
Wayne se transformou no Batman, aquele ex-comediante no Coringa e o comissário
escapou ileso?
Um dia ruim. Para o Coringa, isso
é tudo o que é necessário para transformar a vida de uma pessoa. Não só isso,
mas basta um dia desses para que uma pessoa completamente sã perca toda a sua
sanidade e adentre os caminhos sem volta da loucura. Basta uma tragédia para
que uma pessoa prefira o conforto da loucura ao tormento das lembranças daquele
dia. E é disso, essencialmente, que se trata a aclamada piada mortal. Até então,
o Coringa era um homem sem passado. Nada se sabia da vida do Palhaço do Crime
antes dele aparecer em Gotham City cometendo suas atrocidades e atormentando a
vida de Batman. A obra de Alan Moore trata não só de criar uma origem, e consequentemente,
uma dimensionalidade maior ao personagem, como de aproximá-lo do leitor. A
partir daquele momento, o Coringa deixa de ser o vilão maniqueísta que até
então fora, para se tornar um personagem mais humanizado, de forma que quase dá
pra entender o porquê dele ser quem é e fazer o que faz. Mas estou me
adiantando.
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