25 março 2022

Curiosidade dos quadrinhos (05) Primeiro detetive

 

Em Chicago, EUA (1931), uma pesquisa de opinião pública revelou que, no auge da crise econômica americana, os leitores mais se familiarizavam com astros do cinema, depois com os gangsters e em terceiro lugar com ídolos esportivos, e não sem razão, utilizando essa preferência popular, a história em quadrinhos, em plena efervescência, criava um dos seus mais conhecidos e consumidos personagens.  No dia 12 de outubro, segunda-feira, no New York News, Chester Gould lança DICK TRACY, um policial cujo tema de fundo é a vingança. Com Tracy estrearam nas HQs o sangue e a violência.

 


Com seu nascimento, através dos traços fortes de Chester Gould, nascia, também, nos quadrinhos, o modelo para a historieta policial que, mais tarde, teria uma sucessão de seguidores.  Nesse ano o gangsterismo nos EUA atuava livremente, estimulado pela desagregação social causada pela Lei Seca, que proibia aos cidadãos direito de beber quando quiserem. Era a depressão de 1929. Em 1931 Al Capone era condenado por sonegação de Imposto de Renda.

 

O crime e a incompetência da polícia eram assuntos comuns ao povo americano. Gould cria um policial que reconquista o respeito do público pela lei. O sangue e a violência estreavam na HQ. As situações dramáticas se sucediam, extremamente realísticas em seu estilo de grande farsa. Balas calibre 38 esburacavam cabeças e mutilavam corpos. Aos delinquentes era destinado o fim mais horrível. Tracy se torna o justiceiro sem alma. Isso, porém, sem nunca sair de seus limites de policial - pois, se algumas vezes a lei se mostra incapaz de punir em toda a sua extensão um crime horrível, a mão do destino intervém através de Chester Gould com extrema crueldade.

 


Dick Tracy surgiu quando corria a época do proibicionismo, do gangsterismo organizado, da corrupção, do “não” ao poder constituído. E o público exigia uma força policial, de características burguesas, que pudesse - ao menos nos quadrinhos - responder à violência com violência. Nesse ano o gangsterismo nos EUA atuava livremente, estimulado pela desagregação social causada pela Lei Seca, que proibia aos cidadãos o democrático direito de beber quando quisessem, e pela depressão econômica de 1929. Exatamente em 31, Al Capone era condenado por sonegação do Imposto de Renda.

 

Chicago era a mais conturbada cidade da época. Foi quando Chester Gould, residente em Chicago, teve a ideia de que se a polícia não conseguia pegar os gangsters, ele criaria um sujeito que o fizesse. Um policial que reconquistasse o respeito do público pela lei. E Gould criou o personagem Plainclothes Tracy (plaiclothers: roupa comum, gíria policial civil), enviando-o ao Capitão Joe Paterson, diretor do Chicago Tribune New York News Syndicate. Peterson conhecia bem a Chester desde 1921, e havia recusado diversas ideias de Gould para historieta. Desta vez telegrafou de Nova Iorque dizendo que aceitava a tira, achando, porém, o nome grande demais, sugeriu que fosse mudado para Dick Tracy, já que Dick, além de ser diminutivo de Richard, na gíria popular também significava detetive. Dick Tracy aponta para uma narrativa enxuta, sem maiores arroubos formais, mas sempre precisa. Os quadrinhos apresentaram seu primeiro detetive, com uma galeria criativa de vilões. Influenciou os cineastas Alain Resnais e Jean Luc Godard.

 

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