16 outubro 2021

Amor de mar, amor Odemar (13)

Energia

Nascemos para cuidar um dos outros. Cuidamos e somos cuidados desde o momento em que nascemos. Conectamos com a comunidade. Todas as vezes que servirmos a outro temos sentimentos de contentamentos. Generosidade é um bom exemplo de amor ao próximo. Sabemos que o coração manda na gente. Trata-se de uma onda portadora de amor, cuidado, paixão, compaixão. Afeta nosso corpo. Já a raiva nos deixa burros. Emoções positiva funcionam melhor, produz empatia. Todas as coisas são precedidas pela mente, guiadas e criadas pela mente. Tudo o que somos hoje é resultado do que temos pensado. O que hoje pensamos determina o que seremos amanhã. Nossa vida é criação de nossa mente. Você, o oceano, as estrelas...tudo é feito da mesma coisa, energia. Assim, tudo é pura energia. Então seja melhor no que puder ser.

 

Com você

cheguei a outra margem

que Guimarães Rosa escreveu,

tirei a pedra

do meu caminho

que Drummond se inspirou,

virei passarinho

como no poema de Quintana.

Mas estou com o poeta

Manoel de Barros:

“Ando muito completo

de vazios”

ou como encerrou

o soneto de fidelidade

do Vinícius:

“Mas que seja infinito

enquanto dure”.

 


Depoimento da jornalista carioca Alcidea de Oliveira: “Quando penso em Odemar Alves, a primeira palavra que me vem à cabeça é acolhimento. Um misto de muitos afetos, amizade, generosidade e uma alegria despojada de vaidade ou qualquer outra coisa que sempre me fazia ficar bem mais tempo que o programado ao lado dele. É estranho pensar que vou voltar a Salvador e não mais encontrá-lo. Que bom que a vida me deu esse privilegio de conhecê-lo, conviver (ai agora eu olho e vejo que foi tão pouco...), desfrutar do seu carinho, da sua alegria, do seu aconchego, que sempre rendia horas de conversas, às vezes madrugada adentro, tão cheias de gargalhadas que era a mais pura expressão da felicidade... Sempre que Gute perguntava de que tanto ríamos, era só motivo para mais risos ainda (lembranças que agora me fazem rir novamente, apensar de triste). Era mesmo sobre isso: felicidade de compartilhar momentos simples e bons! Por isso, eu quero falar com você mesmo, Dema, que resolveu partir tão cedo e dessa forma tão nada a ver.



Amigo dos bons, você, Odemar! Bom de ouvir, bom de falar sem papas na língua, bom de não julgar, um ser solidário por essência, sempre pronto a tornar o momento do outro mais leve. Bom de copo também, por que não? Quantas cervejas geladas na sala de casa, na barraca e no boteco do largo da Saúde, nas imediações da Praça Castro Alves, que a gente adorava parar! Que companhia impar no carnaval de Salvador você foi pra mim! Uma festa sempre! Como era bom encontrá-lo naquela multidão gostosa que só quem brinca ou brincou o Carnaval da Bahia sabe como é. Sempre tão parceiro, protetor, sabia exatamente onde parar em segurança para que a folia fosse só mesmo suor e cerveja ou também chuva se quisesse cair. Nunca tivermos problemas em tomar chuva no Carnaval. E tome-lhe cerveja, papo e gargalhadas. Riamos de tudo e de todos. Estar com você, Dema, era sinônimo de festa sempre! Que saudade, meu amigo! Também não dá pra negar, que mão boa pra cozinhar, meu Deus! Absurda disposição sua para estar com aquela mesa posta, lotada de delícias baianas de manhã bem cedinho, para que ninguém deixasse de se alimentar antes de descer para o fervo da Lavagem do Bonfim. Eu amava esse momento maravilhosamente delicioso! Quem poderia imaginar alguém disposto assim para preparar aquilo tudo e ainda por cima feliz da vida, todo pronto para brincar na melhor lavagem do planeta?! Caramba, tantas lembranças boas! Quantas habilidades, quanto talento, quanta criatividade! Sabe o Piolin, aquele palhacinho vermelho que você fez para experimentar e me deu? Está aqui enfeitando a minha bancada da sala até hoje, lindo, exatamente como você o fez e a Música batizou com o nome do palhaço que, segundo ela, dizia que a beleza está nas coisas simples! Tudo a ver com você, não é Dema? Ah, e a minissaia preta de pedrinhas coloridas, que você fez pra eu brincar o Carnaval, naquele ano de sei lá quando? Continua no armário, mesmo que as medidas já não me favoreçam nem para tentar entrar nela... Para mim, são afetos materializados, amor sem tamanho nem medida. Por isso seguirão comigo, como as melhores lembranças de você! Que a sua caminhada seja linda e cheia de luz tanto quanto foi a sua passagem por aqui, meu amigo! Obrigada, Gutemberg Cruz por me permitir viver tudo que vivi perto de vocês. (Alcidéa de Oliveira)

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