20 janeiro 2020

Centenário de Fellini


Hoje, dia 20 de janeiro de 2020 comemora-se o centenário do nascimento do cineasta italiano Federico Fellini (1920-1993) um dos maiores mestres do mundo do cinema. Era lírico e humorístico. Filmava como quem pintava, como um contador de histórias. Como realizador rejeitou desde muito cedo o cinéma verité em favor daquilo que ele chamava de cinema-falsidade. Em seu trabalho, tudo e nada é autobiográfico. 


Para ele, as memórias da vida real e as fantasias dos filmes são claramente intercomunicáveis. Fellini deixou uma marca tão grande na história do cinema e das artes que se transformou em adjetivo. Ele se comunica om o público através de símbolos, investigando a realidade pelo viés onírico.


Durante a adolescência, entra em contato com o circo, os filmes de Hollywood e as histórias em quadrinhos americanas, que influenciarão seu estilo. Em 1937 muda-se para Florença, onde trabalha como caricaturista. No ano seguinte vai para Roma estudar direito, mas acaba criando histórias em quadrinhos e canções para o teatro de revista e rádios. Começa no cinema aos 19 anos, escrevendo roteiros de comédia.


Em 1945 colabora no roteiro de um dos marcos inaugurais do neo-realismo italiano, Roma, Cidade Aberta, de Roberto Rossellini. Estreia na direção em 1952, com Abismo de um Sonho. Casa-se em 1943 com Giulietta Masina, estrela de vários de seus filmes. Em 1953 realiza Os Boas-Vidas. A consagração vem com A Estrada da Vida (1954), ganhador do Oscar de melhor filme estrangeiro e do Leão de Ouro no Festival de Cinema de Veneza.


Em 1957 conquista o segundo Oscar com As Noites de Cabíria. Em 1960 filma A Doce Vida, que trata da decadência da burguesia italiana. Três anos depois dirige Fellini Oito e Meio, obra autobiográfica sobre um cineasta em crise. O filme rende-lhe o terceiro Oscar. Com Amarcord (1973) - que quer dizer eu me lembro no dialeto natal de Fellini - ganha o quarto Oscar. No filme, reconstrói sua juventude em Rimini durante a ascensão política do fascismo. O último sucesso de público é E la Nave Va, rodado em 1983. Dez anos depois recebe mais um Oscar, pelo conjunto da obra. Seu último filme é A Voz da Lua (1990).


O cineasta, que morreu em Roma a 31 de outubro de 1993, deixou-nos algumas obras-primas da Sétima Arte, casos de A Estrada da Vida (1954), As Noites de Cabíria (1957), A Doce Vida (1960) e Amarcord (1973). O seu último filme foi A Voz da Lua (1990).


Retratou, de modo exemplar, a burguesia do seu tempo (os seus tiques e maneirismos) através de uma linguagem corrosiva e, por vezes, impiedosa. Escreveu alguns livros e tinha uma grande paixão pelo circo, que considerava uma arte maior. Um realizador que colocamos ao nível de Ingmar Bergman e Akira Kurosawa e, mais recentemente, de Martin Scorsese e Woody Allen.

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