21 maio 2013

Mulher, política e poder no estudo de Claudia Barbosa


Na história da política baiana, a mulher usufruiu de diferentes formas de tratamento. Se a cada época de vida humana a mulher foi esboçada de diferentes formas, a ótica androcentrista foi o esteio que sustenta os discursos discriminatórios. Paradoxalmente, é percebida como uma história sem mulheres, exclusivamente masculina. As personagens não aparecem como sujeito, mas em geral, como objeto de uma história contada por homens. É o que chamamos de silêncio feminino na história.

A participação das mulheres na política nem sempre corresponde à promoção da igualdade de gênero nas ações do governo. Nem todas as mulheres políticas querem promover uma agenda feminista e aquelas que o desejam podem encontrar muitas barreiras.

A inclusão e exclusão feminina em cargos de poder é um dos grandes temas das Ciências Sociais. As mulheres têm poder na política baiana? Um olhar mais atento nos mostra que a questão é mais complexa do que parece. A divergência de gênero é de origem sócio cultural. Muitas vezes, as diferenças se convertem em hierarquias de gênero. O que é atribuído aos homens é quase sempre valorado como superior ao que é relacionado às mulheres. Assim, o gênero produz não somente diferenças, mas desigualdades.

O trabalho de doutorado de Claudia Barbosa, “Diálogos com as mulheres na política local baiana: famílias, tradições e representações entre o público e o privado” questiona o papel das mulheres na política representativa. Ao fazer o exercício da pesquisa, refletiu e centrou no objeto de estudo, buscando apoio na filosofia política de Hannah Arendt, ao pensar a política como ideal de liberdade. Dessa forma, ela dialogou com as gestoras municipais. Com um saber instrumental e vontade de compreender aspectos da realidade, embasados nas teorias para atingir o âmago da questão. Todas as condutas foram anotadas, nada desprezado, culminando em um trabalho que retrata a prática cotidiana embasado em teorias e metodologias científicas.

Não há conclusão para essa questão. Claudia desejou mais do que registrar o espaço político dessas mulheres muitas vezes invisibilizadas. Um espaço público onde a vida ativa não se reduzisse ao trabalho e ao consumo, onde a comunicação e o diálogo não fossem apenas informação, mas também dignidade, cidadania, compartilhamento, expressando emoções e ações.

O poder exercido pelas mulheres na política ainda é um processo em construção. Depois de séculos de dominação masculina, elas assumem, cada vez mais, lugar de destaque seja na política, na arte, na direção de empresas, nas universidades, entre outras. Referenciando o filósofo Gilles Lipovetsky, o século XXI será das mulheres. Afinal, nos dias de hoje, se exige cada vez mais flexibilidade que as mulheres estão, há muito tempo, usando como estratégia de sobrevivência.

Fazer política, interagir, criar espaços de relações, jogar com as possibilidades. Estes e outros meios
de burlar as dominações são levantadas por Claudia Barbosa em sua tese de doutoramento. A inscrição da mulher na política baiana se dá, de maneiras diversas. O que Claudia Barbosa buscou compreender é como se processa a consciência das mulheres quando alcançam o poder político. Ao investirem em “um cargo político exercem a cidadania nos espaços público e privado, fazendo valer o princípio da não discriminação? Conseguem autonomia e/ou se “empoderar” no sentido de tomar atitudes e levantar bandeiras de luta contra as segregações, violências e vulnerabilidades ou simplesmente reproduzem uma práxis eleitoreira, pautada em uma política que não prima pela coletividade?

O estudo que ora aponta se interessa por averiguar no cotidiano o perfil discursivo na postura e voz das personagens. Sabemos como é difícil encontrar, entre as centenas de pesquisas, personagens femininos que tenham o seu espaço de voz e que possa, com autonomia, discutir os problemas coletivos. É por esta razão que a obra merece os aplausos de estudiosos que se debruçam sobre a atuação das mulheres na sociedade hoje.

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