Há 80 anos o escritor David Herbert Lawrence (1885/1930) com a obra O Amante de Lady Chatterley entrou para a história da literatura inglesa pela portado escândalo. O tema ousado (a relação extraconjugal de uma aristocrata com um empregado) e a descrição detalhada das cenas de sexo levaram o romance a ser banido – com direito à circulação de várias edições piratas antes da primeira publicação oficial na Inglaterra, em 1960.
Na imprensa, foi considerado “o livro mais sujo da literatura inglesa”. Só 32 anos d
epois sua publicação foi liberada no Reino Unido. Enquanto isso, circulou clandestinamente, em edições piratas ou publicadas em outros países. Hoje é considerado uma das obras seminais da literatura moderna, com sua ousada história de uma lady inglesa que busca a satisfação com o jardineiro de sua casa, depois que o marido fica impotente devido a um acidente na guerra. Na obra, Lawrence glorifica a alegria dos corpos durante o sexo, o que para ele é uma das leis eternas da natureza.
D.W.Lawrence, perseguido muitas vezes pela censura inglesa com a publicação de O Amante de Lady Chatterley, afirmou que os que atacam o erotismo não passam de hipócritas: “Metade dos grandes poemas, quadros, obras musicais e histórias deste mundo tem sua grandeza no apelo sexual. Em Ticiano ou Renoir, no Cântico de Salomão ou em Jane Eyre, em Mozart ou em Anne Laure, a beleza surge impregnada de apelo sexual...”. Lawrence aponta, enfim, para o grande problema moral do nosso tempo. O povo, moralizado, passou a ser a unidade de medida para definir o que é moral e imoral, erótico e pornográfico. Os moralistas se aproveitam disso como o axioma: vox populi, voz Dei. Perde-se assim o discernimento entre sentido massa e sentido individual; ou melhor, o indivíduo não pode mais exercer a sua capacidade de julgar: “o hábito-massa de condenar todas as formas de sexualidade é excessivamente forte para deixar que a tomemos como coisa natural”.
Lawrence pergunta: ao qualificar uma obra ou uma ação pornográfica, erótica ou obscena, estou tendo uma reação individual ou estou agindo conforme o senso comum (interrogação) É uma questão delicada quando se sabe que o erotismo está associado tanto ao imaginário individual quanto às atividades cerebrais: o espírito livre qualifica como sexuais objetos, seres e até mesmo momentos que em si nada têm de sexuais.
TERROR DO CORPO

O Amante de Lady Chatterley, o décimo e último romance de D.H.Lawrence, narra a história da esposa frustrada de um aristocrata arrogante e impotente, ferido na Primeira Guerra Mundial, e seu caso com um jardineiro de quem ela engravida e por quem abandona o marido, a casa e sua classe social. Apesar do tema adúltero, Lawrence estava convencido de ter escrito um livro afirmativo sobre o amor físico, que poderia ajudar a libertar a mente puritana do “terror do corpo”. Ele acreditava que séculos de ofuscação tinha deixado a mente “subdesenvolvida”, incapaz deter uma “reverência adequada pelo sexo e uma admiração apropriada da experiência estranha do corpo”. Dessa forma, criou com Connie Chatterley uma heroína que desperta sexualmente e ousa renovar a folha de parreira do ventre de seu amante para examinar o mistério da masculinidade.
Embora a exposição da fêmea nua fosse aceita havia muito tempo como prerrogativa de artistas e pornógrafos, o falo costumava ser obscurecido ou disfarçado com acrógrafo e jamais era revelado ereto. Mas a intenção de Lawrence era escrever um “romance fálico”, e com freqüência, no livro, lady Chatterley concentra sua atenção no pênis do amante, afaga-o com os dedos, acaricia-o com os seios, toca-o com os lábios, segura-o nas mãos e observa-o crescer, estende a mão para acariciar os testículos e sente seu estranho peso suave; e enquanto seu assombro era descrito por Lawrence, milhares de leitores do sexo masculino sentiam indiscutivelmente sua própria excitação sexual, imaginavam o prazer do toque frio de lady Chatterley em seus órgãos cálidos e tumescentes e experimentavam por meio da masturbação a emoção vicária de ser seu amante. O texto erótico muitas vezes leva à masturbação, e isso era motivo suficiente para tornar controverso o romance de Lawrence.
O livro foi rotulado de obsceno nos Estados Unidos durante 30 anos, mas em 1959, um juiz federal, influenciado pela nova definição de obscenidade da Suprema Corte, suspendeu a proibição do romance e admitiu que D.H.Lawrence, o autor do livro, era um homem de gênio. Lawrence terminou a versão final do romance em 1928. O editor recusou a publicar e Lawrence levou o manuscrito para Florença, onde, cm a ajuda de tipógrafos italianos que não entendiam uma palavra de inglês, produziu uma edição em capa dura limitada a mil exemplares. Os livros foram contrabandeados para a Inglaterra e distribuídos por meios de seus amigos a muitos leitores. A primeira edição esgotou-se rapidamente, e seguiu-se uma segunda impressão. Editores undergrounds fizeram cópias fac-similares e venderam-nas aos milhares. O livro só foi declarado legal nos EUA no verão de 1959.
Para além do escândalo, o romance de Lawrence permaneceu atual por trazer o ponto de vista da mulher para o primeiro plano (coisa rara na época) e por tocar francamente em questões consideradas tabus, como a sexualidade. O texto serviu de base para uma série de filmes e adaptações cinematográficas.
Na imprensa, foi considerado “o livro mais sujo da literatura inglesa”. Só 32 anos d

D.W.Lawrence, perseguido muitas vezes pela censura inglesa com a publicação de O Amante de Lady Chatterley, afirmou que os que atacam o erotismo não passam de hipócritas: “Metade dos grandes poemas, quadros, obras musicais e histórias deste mundo tem sua grandeza no apelo sexual. Em Ticiano ou Renoir, no Cântico de Salomão ou em Jane Eyre, em Mozart ou em Anne Laure, a beleza surge impregnada de apelo sexual...”. Lawrence aponta, enfim, para o grande problema moral do nosso tempo. O povo, moralizado, passou a ser a unidade de medida para definir o que é moral e imoral, erótico e pornográfico. Os moralistas se aproveitam disso como o axioma: vox populi, voz Dei. Perde-se assim o discernimento entre sentido massa e sentido individual; ou melhor, o indivíduo não pode mais exercer a sua capacidade de julgar: “o hábito-massa de condenar todas as formas de sexualidade é excessivamente forte para deixar que a tomemos como coisa natural”.
Lawrence pergunta: ao qualificar uma obra ou uma ação pornográfica, erótica ou obscena, estou tendo uma reação individual ou estou agindo conforme o senso comum (interrogação) É uma questão delicada quando se sabe que o erotismo está associado tanto ao imaginário individual quanto às atividades cerebrais: o espírito livre qualifica como sexuais objetos, seres e até mesmo momentos que em si nada têm de sexuais.
TERROR DO CORPO

O Amante de Lady Chatterley, o décimo e último romance de D.H.Lawrence, narra a história da esposa frustrada de um aristocrata arrogante e impotente, ferido na Primeira Guerra Mundial, e seu caso com um jardineiro de quem ela engravida e por quem abandona o marido, a casa e sua classe social. Apesar do tema adúltero, Lawrence estava convencido de ter escrito um livro afirmativo sobre o amor físico, que poderia ajudar a libertar a mente puritana do “terror do corpo”. Ele acreditava que séculos de ofuscação tinha deixado a mente “subdesenvolvida”, incapaz deter uma “reverência adequada pelo sexo e uma admiração apropriada da experiência estranha do corpo”. Dessa forma, criou com Connie Chatterley uma heroína que desperta sexualmente e ousa renovar a folha de parreira do ventre de seu amante para examinar o mistério da masculinidade.
Embora a exposição da fêmea nua fosse aceita havia muito tempo como prerrogativa de artistas e pornógrafos, o falo costumava ser obscurecido ou disfarçado com acrógrafo e jamais era revelado ereto. Mas a intenção de Lawrence era escrever um “romance fálico”, e com freqüência, no livro, lady Chatterley concentra sua atenção no pênis do amante, afaga-o com os dedos, acaricia-o com os seios, toca-o com os lábios, segura-o nas mãos e observa-o crescer, estende a mão para acariciar os testículos e sente seu estranho peso suave; e enquanto seu assombro era descrito por Lawrence, milhares de leitores do sexo masculino sentiam indiscutivelmente sua própria excitação sexual, imaginavam o prazer do toque frio de lady Chatterley em seus órgãos cálidos e tumescentes e experimentavam por meio da masturbação a emoção vicária de ser seu amante. O texto erótico muitas vezes leva à masturbação, e isso era motivo suficiente para tornar controverso o romance de Lawrence.
O livro foi rotulado de obsceno nos Estados Unidos durante 30 anos, mas em 1959, um juiz federal, influenciado pela nova definição de obscenidade da Suprema Corte, suspendeu a proibição do romance e admitiu que D.H.Lawrence, o autor do livro, era um homem de gênio. Lawrence terminou a versão final do romance em 1928. O editor recusou a publicar e Lawrence levou o manuscrito para Florença, onde, cm a ajuda de tipógrafos italianos que não entendiam uma palavra de inglês, produziu uma edição em capa dura limitada a mil exemplares. Os livros foram contrabandeados para a Inglaterra e distribuídos por meios de seus amigos a muitos leitores. A primeira edição esgotou-se rapidamente, e seguiu-se uma segunda impressão. Editores undergrounds fizeram cópias fac-similares e venderam-nas aos milhares. O livro só foi declarado legal nos EUA no verão de 1959.
Para além do escândalo, o romance de Lawrence permaneceu atual por trazer o ponto de vista da mulher para o primeiro plano (coisa rara na época) e por tocar francamente em questões consideradas tabus, como a sexualidade. O texto serviu de base para uma série de filmes e adaptações cinematográficas.
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